Os aeroportos europeus perderam cerca de seis mil rotas devido à pandemia da COVID-19 que ainda não foram recuperadas, apurou o estudo “2020 Airport Industry Connectivity Report”, do ACI Europe, que foi divulgado esta sexta-feira, 18 de dezembro.
“O relatório deste ano destaca a dura realidade de mais de 6.000 rotas aéreas operadas anteriormente a partir de aeroportos da Europa que ainda não foram restauradas, nove meses após a crise da COVID-19”, refere a ACI Europe, explicando que este relatório não se dedica a medir o volume de passageiros, mas a conetividade dos destinos.
De acordo com o relatório do ACI Europe, os aeroportos da União Europeia e do Reino Unido foram os mais afetados pela suspensão de rotas, tendo visto a sua conetividade direta quase desaparecer em abril, enquanto o pico do verão foi marcado por uma “recuperação fraca” em agosto, que traduziu, no entanto, uma quebra de 55% na conetividade, que voltou a subir em setembro, chegando a um decréscimo de 62%.
Madrid-Barajas (-71%), Roma-Fiumicino (-70%), Munique (-68%), Londres-Heathrow (-68%) e Frankfurt (-67%) foram os aeroportos da União Europeia que maior número de rotas perderam em setembro, com o ACI Europe a destacar ainda a descida registada pelos aeroportos regionais, que “viram sua conectividade direta ainda mais dizimada”.
Mais resiliente mostrou ser a conectividade nos aeroportos turcos e russos, com o ACI Europe a referir que “devido ao tamanho e à dinâmica relativa do seu mercado doméstico”, estes países assistiram a perdas de conectividade mais “contidas”, a exemplo dos aeroportos Moscovo-Domodedovo (-12%), São Petersburgo (-26%), Moscovo-Vnukovo (-28%) e Istambul-Sabiha Gökçen (-33%).
Já a conectividade de hub foi mais afetada do que a conectividade direta, com o ACI Europe a referir que os seis maiores aeroportos europeus em conectividade de hub a recuperarem apenas 16% da sua conectividade do hub em setembro.
“Munique (-93%) e Londres-Heathrow (-92%) registraram as perdas mais acentuadas na conectividade de hub, seguidos por Frankfurt (-89%), Istambul (-85%), Paris-CDG (-81% ) e Amsterdam-Schiphol (-70%)”, refere o ACI Europe.
Para o ACI Europe, a perda de conectividade foi ditada pelas restrições às viagens introduzidas em muitos destinos mundiais, a exemplo da quarentena que, refere o ACI Europe, “ainda está a ser adotada em muitos países”.
“O dano é tão sistêmico que confiar apenas nas forças do mercado para restaurar a conectividade aérea não seria realista. A UE e os governos de toda a Europa devem intervir urgentemente”, refere Olivier Jankovec, diretor-geral do ACI Europe, que defende um plano de recuperação para a aviação, que preveja também a retoma da conectividade aérea.
“A conectividade aérea é uma parte essencial da capacidade produtiva das nossas sociedades, com cada 10% de aumento na conectividade aérea direta a proporcionar um aumento de 0,5% no PIB per capita. É o que mantém a Europa unida, ao permitir o desenvolvimento económico local, o investimento estrangeiro e o turismo. Não vamos reconstruir e recuperar sem restaurar a conectividade aérea”, acrescenta o responsável.
*Fonte: Presstur/PT