DBRS considera que o turismo português não vai recuperar totalmente este ano, dada a “particularmente crítica” situação sanitária e o prolongamento das restrições, mas o choque será temporário e a atratividade do país irá manter-se no pós-pandemia.
Numa nota de análise sobre o setor do turismo em Portugal, divulgada ontem, a agência de notação financeira DBRS Morningstar antecipa “mais um ano difícil” para a atividade, dada a gravidade da crise pandémica global (que no país se encontra numa fase “particularmente crítica”), o atraso na disponibilização de vacinas na Europa e o prolongamento das restrições às viagens.
“Dada a importância do setor turístico para Portugal, isto irá provavelmente atrasar a plena recuperação econômica do país”, considera.
Ainda assim, a DBRS sustenta que “o choque da covid-19 será temporário e não deverá resultar em mudanças estruturais no setor turístico português”: “Embora esta crise vá ter, inevitavelmente, graves consequências para muitos trabalhadores e empresas, particularmente os mais expostos à atividade, a procura turística em Portugal deverá regressar aos níveis pré-pandemia”, lê-se na nota de análise.
Segundo a agência, “as caraterísticas que, antes da crise, tornaram Portugal atrativo para os visitantes a nível global irão manter-se durante muito tempo após a pandemia”.
“O ritmo de vacinação no país terá de acelerar para que se atinja o objetivo do Governo de ter cerca de 10% da população vacinada com a primeira dose no final do primeiro trimestre de 2021 e 70% da população adulta no final do verão”, nota.
Da mesma forma, refere, a vacinação nos países emissores de turistas para Portugal “também de terá de avançar a um ritmo superior”, nomeadamente em França (que no final de janeiro tinha administrado uma dose a menos de 2% da população), enquanto na Alemanha e em Espanha os resultados são “ligeiramente melhores”.
Em geral, diz a agência de notação, a percentagem de pessoas já totalmente imunizadas com as duas doses da vacina é “residual em toda a Europa”, mas o fato é que “só com taxas de imunização mais elevadas é que os casos de covid-19 irão diminuir consistentemente, permitindo às autoridades dos vários países reabrir totalmente as fronteiras e às companhias aéreas retomarem os níveis de atividade”.
Com as atuais previsões a adiarem uma boa parte da recuperação económica na Europa para “a partir de 2022”, a DBRS avisa que, “apesar de o choque pandémico ser temporário, tal não significa que não terá consequências” efetivas.
“O principal risco é o dano potencial causado na cadeia de abastecimento da economia”, diz, considerando “particularmente preocupante a solvência de pequenas e médias empresas expostas ao setor turístico e a subida persistente do desemprego de longa duração”.
Alertando que “estas condições podem levar a uma deterioração dos ativos do setor bancário português”, a agência considera que “o estado do setor bancário só será realmente evidente quando os programas de apoio em vigor, como as moratórias, terminarem”.
Já relativamente à procura turística em Portugal, a DBRS diz que as incertezas são menores: “Não houve uma alteração estrutural nas características que antes da crise tornaram o país num destino atrativo para os visitantes globais. As pessoas visitam Portugal por causa dos seus atrativos naturais, bom tempo e boas ligações à Europa. Quando a pandemia estiver controlada, a procura turística no país deverá, eventualmente, recuperar totalmente”, conclui.
*Fonte: Publituris/PT