Relatório do WTTC estima que o turismo perdeu 4,5 biliões de dólares em 2020

Por Victor Jorge

De acordo com o último Relatório de Impacto Económico (Economic Impact Report – EIR) do Conselho Mundial de Viagens e Turismo (World Travel & Tourism Council – WTTC), a indústria do turismo e viagens, a nível global, registou, em 2020, perdas de quase 4,5 biliões de dólares, cerca de 3,8 biliões de euros (3.800.000.000.000 euros), face à realidade económica de 2019, devido ao impacto da COVID-19.

Lisboa. Foto: Divulgação

O relatório anual, apresentado pelo WTTC, que representa o setor privado do turismo e viagens global, mostra, igualmente, que a contribuição da indústria para o Produto Interno Bruto (PIB) mundial caiu 49,1% face a 2019, comparando com a quebra global de 3,7% da economia global no ano passado.

Os números agora avançados pelo WTTC revelam que a contribuição global da indústria do turismo e viagens para o PIB global desceu para os 4,7 biliões de dólares, quase 4 biliões de euros (4.000.000.000.000 euros), correspondendo a 5,5% da economia global, quando, em 2012, esse valor era de 9,2 biliões de dólares, ou seja, mais de 7,7 biliões de euros (7.700.000.000.000 euros), o equivalente a 10,4% do PIB mundial.

No que diz respeito ao emprego, em 2019, um em cada quatro novos empregos em todo o mundo eram criados na indústria do turismo e das viagens, correspondendo a 10,6% da totalidade dos empregos, ou seja, 334 milhões.

Contudo, com a crise pandémica a impactar todo o mundo e, particularmente, a indústria do turismo e das viagens, mais de 62 milhões de empregos foram perdidos, em 2020, representando uma quebra de 18,5% face ao ano anterior, deixando somente 272 milhões de pessoas a trabalhar globalmente nos mais diversos setores ligados a esta indústria.

A perda de empregos foi, particularmente, sentida nas Pequenas e Médias Empresas (PME), responsáveis por 80% de todos os negócios na indústria. O relatório do WTTC indica, igualmente, que enquanto um dos setores mais equilibrados no que toca ao género, o impacto nas mulheres, jovens e minorias foi significativo.

Contudo, o WTTC alerta para o facto da ameaça persistir, pois muitos desses empregos são, atualmente, suportados por políticas de apoios dos governos e redução de horas ou regime de layoff que, sem uma recuperação completa da indústria do turismo e viagens, poderão ser perdidos. e Viagens e Turismo poderiam ser perdidos.

Os receios são globais e a indústria do turismo teme que os governos não conseguirão manter indefinidamente os empregos ameaçados e, em vez disso, terão de recorrer à própria indústria na ajuda à retoma, de modo a impulsionar a recuperação da economia global, salvar negócios e criar novos empregos tão necessários, de modo a preservar os meios de subsistência de milhões que dependem da indústria do turismo e viagens.

O relatório mostra, também, perdas avultadas nos gastos em viagens internacionais que caíram 69,4% face a 2019. Já os gastos com as viagens domésticas caíram 45% face ao ano anterior, queda essa que foi mais ligeira devido às viagens internas nos mais diversos países.

Gloria Guevara, presidente e CEO do WTTC, admite que o trabalho e resposta rápida dos governos deve ser “elogiada por salvar tantos empregos e meios de subsistência em risco”. Contudo, a responsável do WTTC indica que o relatório da organização mostra “toda a extensão da dor que o setor teve de suportar nos últimos 12 meses, que devastou desnecessariamente tantas vidas e negócios, grandes e pequenos”. E conclui, “claramente, ninguém quer passar pelo que tantos tiveram que sofrer durante estes difíceis 12 meses”.

E agora, a retoma

Reconhecendo que 2020 e o passado inverno foram ruinosos para a indústria do turismo e viagens, com milhões de pessoas em confinamento, a análise do WTTC mostra que, se a mobilidade internacional for retomada em junho deste ano, isso poderá significar um forte impulso para o PIB global e nacional, bem como para o emprego.

O relatório do WTTC antevê que a contribuição da indústria para o PIB global pode aumentar acentuadamente este ano, prevendo a organização uma subida de “até 48,5%” no comparativo anual. Além disso, os dados preveem que a contribuição desta retoma do turismo e viagens “poderá quase atingir os mesmos níveis de 2019 em 2022, com um novo aumento ano-a-ano de 25,3%”, diz o WTTC.

Se o plano de vacinação global continuar a bom ritmo e as restrições às viagens forem levantadas antes mesmo do verão, o WTTC prevê, igualmente, que “os 62 milhões de empregos perdidos em 2020 podem ser recuperados até 2022”.

O WTTC defende, de resto, “a retoma de viagens internacionais seguras em junho deste ano, se os governos seguirem os quatro princípios de recuperação, que incluem um regime de testes internacionais coordenado e abrangente aquando da partida de todos os viajantes não vacinados, de modo a eliminar a quarentena”.

O órgão global de turismo acrescenta ainda que deverão ser implementados “protocolos de saúde e higiene e uso obrigatório de máscara; mudança para avaliações de risco de viajantes individuais em vez de avaliações de risco-país; e apoio continuado ao setor, incluindo fiscal, de liquidez e proteção ao trabalhador”.

Além de defender que o recentemente anunciado ‘Digital Green Certificate’ “apoiará a recuperação do setor”, o WTTC apela ainda aos governos de todo o mundo “para fornecer um roteiro claro e definido, dando às empresas tempo para desenvolver as suas operações, de modo a recuperar da devastação da pandemia”. Fonte: Publituris.pt

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