Por Lily Menezes
Saudades de viajar, não é? Com a pandemia do novo coronavírus, o setor turístico foi um dos mais afetados: para atender às medidas de distanciamento social, o fechamento de praias e espaços culturais foi um duro golpe para as atividades que fazem Salvador estar na lista dos cinco destinos mais procurados pelos turistas, de acordo com o anuário elaborado pela Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa), elaborado em 2020 e divulgado na última terça-feira (20).
Além da capital baiana, a presença das cidades de Natal e Maceió na lista confirmou o favoritismo do Nordeste brasileiro como o local ideal para visitar: 51,8% das viagens nacionais tiveram a região como destino. Estes deslocamentos contribuíram para dar um fôlego ao setor, que teve uma queda histórica na comparação com o ano anterior à pandemia: se em 2019 as operadoras de turismo tiveram uma receita de 15,1 bilhões, a indesejada chegada do vírus da Covid-19 fez este número despencar para 4 bilhões, uma retração de 73%. Foi o menor índice registrado pela Braztoa, que comemora dez anos de realização do anuário.
Novas tendências
Para Ângela Carvalho, presidente da Associação Brasileira de Viagens (ABAV) na Bahia, a chegada da segunda onda da Covid-19 foi como um balde de água fria na perspectiva de melhorias para as agências de viagem. “O movimento caiu muito. As expectativas foram frustradas”.
Ela conta que 60% destes estabelecimentos precisaram reduzir o quadro de funcionários, por conta da queda na procura. Com os sucessivos decretos e medidas restritivas para conter o avanço do novo coronavírus, calcula-se um prejuízo acumulado de mais de seis bilhões de reais para o turismo. Ainda assim, ela vê um movimento de retorno gradual, com priorização das viagens de curta duração.
“A partir de junho, esperamos que haja uma retomada. Muita gente está procurando as agências de viagem, mas de uma forma mais tímida, começando a planejar suas viagens para o final de 2021 e o começo de 2022”, diz. A presidente da ABAV não hesitou em apostar no potencial da Bahia como destino pós-pandemia, por ser um ambiente mais favorável para o “novo normal”. “Quando você fala em Bahia, a Bahia encanta. Se um congressista chega à Bahia, ele não vem sozinho, traz a família. Ela tem um apelo muito grande. Os maiores atrativos da Bahia estão em grande parte ao ar livre. Ninguém vai querer ficar em ambientes pequenos e fechados”, ressaltou.
Recuperação
Entretanto, como o cenário inspira maior cautela e a curva de casos ainda está longe da queda, ainda não é possível pensar num prazo para a recuperação do setor turístico. Luciano Lopes, presidente da seção baiana da Associação Brasileira da Indústria de Hoteis (ABIH), destaca o número de perdas acumuladas pelo setor hoteleiro. A ocupação dos estabelecimentos de Salvador amargou uma taxa de 37,4% em 2020; em fevereiro de 2021, o cancelamento do Carnaval fez os hotéis estacionarem em 42,5% de quartos ocupados, quando a taxa habitual para o período é de 70%.
“A tão sonhada recuperação da atividade deverá esperar que o ritmo da vacinação atinja um percentual significativo de cobertura que permita a gradual volta à normalidade. Após um ano de pandemia, a hotelaria acumula perdas significativas. Com o agravamento da crise sanitária e o aumento das restrições ao funcionamento da cidade, as dificuldades deverão aumentar com novas perdas de emprego que haviam sido recuperados com a ligeira retomada da atividade a partir de setembro de 2020″, lamentou Luciano. “Ainda assim, a esperança de dias melhores é o combustível para continuar lutando pelo setor, tão importante para a Bahia”.
*Fonte: Tribuna da Bahia