A Itália foi um dos países mais atingidos pela COVID-19 no início da pandemia, o que levou a que as autoridades italianas adotassem medidas pesadas de confinamento e apertadas restrições às viagens, que provocaram uma paragem total da atividade turística. Com a evolução da situação pandémica e a redução do número de novos casos diários, o país, que é um dos principais destinos turísticos da Europa, prepara-se para reabrir ao turismo e, em entrevista ao Publituris, Maria Elena Rossi, diretora de Marketing da ENIT – Agência Nacional de Turismo de Itália, explica que essa reabertura vai ser feita de forma gradual, até porque continua a ser “cedo para falar em medidas definitivas”.
“As novas diretrizes preveem a reabertura gradual de todas as atividades a partir de junho, com a obrigatoriedade, porém, de usar máscara nas áreas comuns e de limitar o número de pessoas nas mesas dos restaurantes, por exemplo”, indica a responsável, que se mostra, no entanto, entusiasmada com as previsões para o verão. “As previsões são otimistas e apontam para um verão livre da COVID-19 a partir de julho”, acrescenta.
Para trás ficaram os dias negros do início da pandemia e a consequente paragem da atividade turística, ainda que as autoridades turísticas italianas não considerem que este tenha sido um período perdido, uma vez que, justifica Maria Elena Rossi, a menor atividade turística permitiu realizar “um dos pilares do plano de turismo” italiano e que tem a ver com a sustentabilidade no setor e com a “distribuição da carga antrópica em diferentes períodos do ano”. Além disso, acrescenta a responsável, “foi iniciado um processo de apoio ao potencial digital da oferta turística e, em geral, uma modernização e melhoria do conceito de hospitalidade”. Em suma, explica a responsável da ENIT, “os espaços e a segurança foram revistos e isso torna a viagem numa experiência melhor”.
Recuperação
Com a reabertura gradual que vai ter início em junho, a Itália espera que os mercados doméstico e europeu, especialmente proveniente de países vizinhos, sejam os primeiros a responder e a voltar a procurar os destinos italianos para férias, com Maria Elena Rossi a explicar que, segundo o Gabinete de Estudos da ENIT, está prevista uma recuperação mais rápida nestes mercados do que no internacional, que apenas deverá voltar a níveis pré-pandemia em 2023.
“O Gabinete de Estudos da ENIT estimou que, para voltar aos níveis de 2019 do turismo externo em Itália, será necessário esperar até 2023. Para o turismo interno prevê-se uma recuperação mais rápida”, indica a responsável, revelando que as perspetivas para 2023 apontam, no entanto, para que já seja possível atingir um crescimento de cerca de 3% face ao que tinha sido registado em 2019.
No caso do mercado europeu que, segundo Maria Elena Rossi, é responsável por cerca de 30% dos turistas que anualmente visitam Itália, essa recuperação deverá ser ditada pelos países mais próximos ao território italiano, incluindo Portugal. “Os fluxos domésticos e europeus, especialmente de países vizinhos como Alemanha, França, Espanha e Portugal, serão os primeiros a marcar o reinício. O mercado europeu representa 30% dos turistas em Itália, os países vizinhos são, portanto, o motor do PIB juntamente com o segmento Premium de gastos elevados e longo curso”, explica a diretora de Marketing da ENIT.
Mas, para que a recuperação do mercado doméstico e europeu seja uma realidade, a ENIT espera que o Green Digital Pass (foto), o certificado europeu que promete ajudar ao levantamento das restrições às viagens em território da União Europeia, entre em vigor o mais rapidamente possível, uma vez que, considera Maria Elena Rossi, “qualquer ferramenta útil para sair da crise e relançar o país é bem-vinda”. “O importante é que todos os estados ajam harmoniosamente”, acrescenta a responsável.
Para a diretora de Marketing da ENIT, este documento vai permitir “retomar as viagens através do continente e finalmente dar um alívio ao setor do turismo, após tantos meses de sofrimento”, o que deverá ser visível já durante o próximo verão. “Se o regulamento sobre a sua adoção ainda não foi aprovado no seu projeto final, os primeiros detalhes sobre o acordo da União Europeia sobre este passe, que nos dará um verão diferente do ano passado, já estão a surgir”, destaca Maria Helena Rossi, mostrando-se confiante que esta ferramenta vai permitir “voltar a circular livremente em solo europeu, mesmo por motivos turísticos, sem a necessidade de se submeter a quarentena ou auto-isolamento”.
“Embora não seja uma condição prévia para o exercício do direito à livre circulação, o passe servirá para circular livremente entre os países membros da União Europeia sem a obrigação de estar em quarentena”, explica, mostrando-se também otimista pelo facto deste passe vir a ser aceite em países externos à União Europeia. “O certificado também será aplicado a países não europeus: a proposta, recentemente aprovada, visa reabrir as fronteiras nacionais também para as viagens de longo curso, de forma a dar um novo impulso ao setor do turismo”, frisa ainda a responsável da ENIT.
*Fonte: Publituris/pt; Fotos: Divulgação/Arquivo Turismo Total