Museu de Arte Moderna da Bahia implanta gestão articulada e colaborativa

Por Geraldo Muniz

Desde que assumiu o cargo de diretor do Museu de Arte Moderna da Bahia, em janeiro deste ano (2021), o cineasta e produtor cultural baiano, Pola Ribeiro, empreende gestão colaborativa e permeada de articulações institucionais municipais, estaduais e federais, como também com coletivos artísticos, galerias de arte e várias associações representativas. “Para dinamizar as ações e trazer uma gestão mais contemporânea de resultados descentralizamos alguns setores que dialogam entre si e os colaboradores também tomam decisões contando depois com a análise e a contribuição final da diretoria”, explica Pola Ribeiro.

Museu de Arte Moderna – MAM – Localizado na Avenida Contorno em Salvador. Foto: Robson Mendes / Agecom-Ba.

Mestre em Gestão Social pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), onde se graduou em Comunicação, Pola atua no cenário cultural baiano desde final da década de 1970 e dirigiu filmes, séries para televisão aberta e fechada, além de filmes publicitários. Durante dez anos se dedicou à gestão pública como diretor do Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia (IRDEB) e como secretário de Audiovisual do Ministério da Cultura no governo federal. O MAM é vinculado ao Instituto do Patrimônio (IPAC) que reúne os principais museus estaduais (www.ipac.ba.gov.br/museus) em Salvador. Na gestão com articulações, cada instituição procurada pelo diretor do MAM colabora com as suas expertises.

Visão transversal e articulações

“É impossível imaginar uma gestão pública moderna sem visão transversal e articulações municipais, estaduais, nacionais e até internacionais, incluindo comunidades e a sociedade local, utilizando sempre metodologia e processos de monitoramento”, relata Pola Ribeiro. Foto: Divulgação.

O número de parceiras com o MAM cresce cada vez mais. Em apenas seis meses o MAM já recebeu visitas e se articulou com a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação da Bahia, a Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social e o Instituto Anísio Teixeira (IAT) da Secretaria de Educação. Ainda na estrutura estadual o MAM tem parcerias com a Fundação Luís Eduardo Magalhães (Flem), Fundação Cultural do Estado (Funceb), Fundação Pedro Calmon e Companhia de Desenvolvimento Urbano da Bahia (Conder).

Das universidades baianas, o MAM já dialoga com a Universidade Federal da Bahia, via Instituto de Humanidades, Artes e Ciências (IHAC), com o Departamento de Museologia, a Escola de Belas Artes (EBA) e a Faculdade de Educação (Faced). Além da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e a Universidade Federal do Recôncavo (UFRB). Contatos e diálogos também estão sendo feitos com a galeria baiana Paulo Darzé e o projeto Musas (Museu de Street Art de Salvador). No âmbito nacional o MAM já articula parcerias com a Almeida & Dale Galeria de Arte e o Instituto Bardi/Casa de Vidro, ambos de São Paulo.

Os contatos continuam com produtores culturais como Bete Ponte, a Associação dos Moradores da Comunidade de Unhão e artistas visuais baianos, dentre outros. O MAM conta ainda com a parceria da Trevo Produções que há mais de 10 anos detém expertise em ações educativas, gestão e dinamização de espaços culturais. Até as doações de obras de arte para o acervo permanente do MAM estão aumentando com esta nova concepção administrativa e articulada.

MAM e Lina Bo Bardi

O MAM da Bahia foi criado legalmente em 1959 quando o então governador Juracy Magalhães convidou a arquiteta ítalo-brasileira, Lina Bo Bardi (Roma 1914 — São Paulo 1992), para criar o museu. Em 1960 Lina faz a primeira exposição do museu no Foyer do Teatro Castro Alves ainda semidestruído pelo incêndio ocorrido em julho de 1958. Para especialistas em arquitetura, cultura, arte e história, Lina é um marco para a Bahia e a celular-mater do MAM de Salvador. A partir de 1963 o MAM é instalado por Lina no complexo-arquitetônico do Solar do Unhão, às margens da Baía de Todos os Santos.

Em 1943 o complexo foi tombado como Patrimônio Nacional pelo IPHAN. Foto: Lucas Rosário.

 

Integrando essa nova gestão do MAM, o curador de arte baiano e doutorando da ECA/USP, Daniel Rangel, vai resgatar como novo curador do MAM a história e o projeto fundacional do museu concebido por Lina. “Ela foi uma artista revolucionária e uma mulher à frente do seu tempo”, diz Rangel. Ele destaca que em maio deste ano (2021), Lina foi homenageada postumamente com a premiação internacional do Leão do Ouro na 17ª Biennale Architettura de Veneza (Itália).

Nova gestão vai resgatar o projeto fundacional da arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo Bardi – criadora e primeira diretora do MAM – com espaço permanente. Foto: Reprodução.

 

“É a primeira mulher brasileira e a primeira no mundo com obra construída a conquistar um Leão de Ouro, além de terceira profissional brasileira a obter o prêmio, depois dos arquitetos Oscar Niemeyer e Paulo Mendes da Rocha”, detalha Rangel. Ele confirma que o MAM terá uma sala permanente dedicada a Lina, assim como, suas ideias estarão presentes em exposições, ações educativas e outras atividades do museu. “Vamos resgatar a sua memória e a sua prática artística no MAM”, ressalta.

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