Ao contrário do que muitos imaginam, quando falamos de museu, a palavra ‘acessibilidade’ não é utilizada somente para rampas de cadeirantes. De acordo com a publicação ‘Acessibilidade a Museus’ do Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM), a acessibilidade está prevista em várias legislações do país, em normas, declarações, em recomendações e tratados internacionais, como também no Estatuto de Museus, via Lei n°11.904 (2009).
“É nossa obrigação preparar este espaço e suas exposições para um conceito e uma prática ampla da acessibilidade”, destaca o diretor do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-Ba), o cineasta e produtor cultural Pola Ribeiro. Ele explica que todos devem ter direito aos códigos culturais, aos meios de produção cultural, espaços físicos e a acessibilidade permite essas mudanças no MAM.
As pessoas podem apresentar especificidades relacionadas a mobilidade, mas também auditivas e visuais, dentre outras. “Temos acessibilidade sensorial, cognitiva, informacional, e até econômico-social. Ou seja, qualquer pessoa, seja qual for a sua condição deve ter acesso à cultura e a arte que temos no MAM já que é um espaço público”, propõe Pola. Esta é a primeira vez na história do MAM – criado em 1959 – que está se propondo um olhar mais amplo e contemporâneo para a acessibilidade no museu.
O MAM é vinculado ao Instituto do Patrimônio (Ipac) da Secretaria de Cultura do Estado (SecultBA) e vai abrir a partir de anúncio do Ipac que acontece até final de agosto ou início de setembro (2021). Para viabilizar o projeto o MAM/Ipac propôs um termo de colaboração com a Universidade do Estado (UNEB), com consultoria da especialista e professora doutora Sandra Regina Rosa Farias que está no Solar do Unhão coordenando o processo de diagnósticos e implantação.
ARTE, EDUCAÇÃO, PAISAGEM e AMBIÊNCIA
“Estarei juntamente com toda a equipe do MAM pensando, propondo e criando possibilidades de acessibilidade ao espaço e a todos os produtos culturais, artísticos e educativos que o MAM disponibiliza para o público”, comenta a professora Sandra Rosa (foto-divulgação). Ela desenvolve pesquisas e trabalhos com audiodescrição e acessibilidade artística para cinemas, teatros, museus e outros espaços culturais. Em 2014 Sandra Rosa ganhou o Prêmio de Melhor Roteiro de Audiodescrição no ‘Festival Ver Ouvindo’ que aconteceu em Recife, Pernambuco.
“Já fiz outros trabalhos com Pola e posso dizer que ele prima, nas suas equipes, pelo profissionalismo de cada um, mas também na perspectiva de um trabalho coletivo, mais horizontalizado, onde todas as pessoas são responsáveis por um bem maior que, neste caso é um amplo museu e centro cultural”. Ela diz que vai provocar a equipe para que pense um MAM acessível ao maior número de pessoas. “O MAM é um grande laboratório; não apenas pelas obras de arte que expõe ou pela arquitetura reconhecida como Patrimônio Nacional, mas também pelas ações e projetos que desenvolve, pela paisagem e ambiência que deve buscar acolher a todos”, define a especialista.
CONSULTORIAS e INFORMAÇÕES
A professora Sandra Rosa é coordenadora do Núcleo de Educação Especial (NEDE) e do Grupo de Pesquisa e Extensão em Acessibilidade e Arte (GA&A), além de ter sido membro do primeiro Grupo de Pesquisa em Tradução, Mídia e Audiodescrição (TRAMAD, 2005/2020). Já fez consultoria e aplicou seus conhecimentos em dezenas de exposições, peças de teatro, séries e filmes em Salvador, São Paulo, Curitiba e Recife, atuando ainda em seminários, fóruns, congressos e encontros nacionais e internacionais.
“Tenho uma relação afetiva com o MAM, pois foi o primeiro espaço cultural ao qual fui levada logo que cheguei a Salvador em 1998”, lembra Sandra Rosa. Mais informações sobre o MAM e suas atividades estão disponibilizadas em suas redes sociais (instagram e facebook) ou via telefone (71) 31176132, das 9h às 12h e das 13h às 15h. O MAM foi criado em 1959. Em 1960 a sua criadora e primeira diretora, a ítalo-brasileira Lina Bo Bardi (1914—1992) faz a primeira exposição do museu no foyer do Teatro Castro Alves e em 1963 a primeira exposição já no complexo arquitetônico do Solar do Unhão. O MAM é uma referência nacional e internacional, com cerca de 1,5 mil obras de arte no seu acervo, modernas e contemporâneas.