A capital são-tomense acolhe durante oito dias “uma poderosa comitiva de personalidades internacionais” entre atletas e ativistas que serão embaixadores do Prosurf que as organizadoras querem oficializar como o primeiro campeonato de surf da CPLP.
A primeira edição do evento desportivo decorre de 1 a 8 de Setembro e faz parte do quinto campeonato nacional de surf de São Tomé e Príncipe que vai acontecer em três praias de São Tomé, com a participação de 27 surfistas, sendo nove iniciantes do sexo feminino e 18 atletas do sexo masculino.
O evento é organizado pelo projeto Start Zero Zero, criado pela brasileira Veridiana Bressane e as portuguesas Francisca Sequeira e Maria Magalhães, com o objetivo de promover uma transformação sustentável na Comunidade de Países dos Língua Portuguesa (CPLP), usando o surf como ferramenta.
“Vai ser o primeiro campeonato nacional que vai ter uma etapa feminina, portanto vai ser histórico”, explicou Maria Magalhães, assegurando que o evento vai “dar oportunidade para que se comece a criar uma linha de surfistas femininas” em São Tomé e Príncipe, que, até Setembro, “não tinha oficialmente mulheres que praticavam esta modalidade”.
Veridiana Bressane realçou que São Tomé e Príncipe “poderia ser uma grande meca do surf”, afirmando ser “uma pena que as pessoas não conheçam tanto” o país, que considera ter “vários sítios para prática desportiva [surf] e uma constância de ondas, direitas perfeitas, diferentes alturas de ondas, quer para iniciantes e até para um profissional”.
Maria Magalhães explicou que “o projeto Prosurf pretende começar em São Tomé e Príncipe e depois replicar esta estrutura noutros países” da CPLP, assegurando que vai “criar novas oportunidades de desenvolvimento, não só dos surfistas, mas também de tudo o que a indústria do surf acaba por trazer” para os países.
“Temos já alguns contatos em Moçambique, Angola e Cabo Verde que estão muito interessados em, não só levar a prática do surf para o lado feminino”, como também “para desenvolver esses mercados do surf” nestes países, referiu Maria Magalhães, que é responsável pela comunicação do campeonato.
Veriviana Dressana adiantou que “o objetivo é sobretudo de promover a “união entre os países da CPLP” e ter “um campeonato de surf inter-comunidade” que possa estar incorporado nos jogos juvenis da CPLP onde participarão os melhores surfistas de cada campeonato nacional.
Em paralelo com o Prosurf, as mentoras da iniciativa criaram o projeto Omali Surf Week que acreditam que “vai mexer com o fluxo do turismo” através de um pacote turístico destinado aos convidados internacionais que se deslocam ao país para assistirem ao evento.
“Estamos a receber cerca de 20 convidados internacionais ligados, de uma forma ou de outra, ao surf, que vêm não só apoiar os atletas e testemunhar este campeonato, como também conhecerem o país e visitar os pontos turísticos e de referências de São Tomé”, explicam.
A técnica da Direção-geral do Turismo de São Tomé e Príncipe Gisela Bouças, que acompanha a organização do campeonato, considera que o Prosurf será “uma mais-valia”, principalmente nesta altura de pandemia de covid-19, quando o “país teve uma baixa no fluxo de entrada de turistas”.
Parte das receitas da realização do campeonato Prosurf reverterão a favor do programa de Surf Therapy, da organização Surfistas Orgulhosas na Mulher d’África (SOMA), fundada por Francisca Sequeira, que forma a primeira geração de surfistas femininas no país.