Primavera dos Museus do Ipac na Bahia propõe reencontros com um novo olhar

Indo além da missão de preservar a memória e o patrimônio cultural, diante das perdas sofridas e dos danos causados pela pandemia, os museus tornam-se também um lugar de acolhida e de reflexões que contribuem para a construção de um recomeço. A partir dessa perspectiva e adotando o tema “Museus: reencontros com um novo olhar” que os museus vinculados ao Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac) participam da 15ª edição da Primavera dos Museus, evento nacional realizado pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), até ontem, 26 de setembro. Por conta do contexto de pandemia e de reabertura gradual dos museus, parte das ações são promovidas nas redes sociais. As atividades presenciais foram realizadas seguindo protocolos de segurança.

Para o diretor geral do Ipac, João Carlos de Oliveira, a mobilização promovida pelo Ibram em torno de função social dos museus a partir do tema “Museus: perdas e recomeços” é propícia para fortalecermos a compreensão de que “o museu não é somente um guardião do passado, mas um espaço de construção de futuros melhores”. “Este reencontro com o público, que acontece através de eventos presenciais e on-line, reafirma o museu como lugar de reflexão, de diálogo e aproximação entre a sociedade e seu patrimônio cultural”, complementa o diretor.

O Museu de Arte da Bahia (MAB) promoveu a palestra virtual “Pandemias, Endemias e Recomeços” com o professor doutor em História, Ricardo Batista, no dia 21 de setembro. No dia seguinte (22), em diálogo com a palestra, foi apresentada uma postagem refletindo sobre as novas ações a serem desenvolvidas pelo MAB a partir de agora, possibilitando um recomeço com novo olhar acerca das funções do museu. Ambas as atividades foram realizadas no Instagram do MAB (@museudeartedabahia).

Além das atividades virtuais, o público pode conferir, no auditório do MAB, no dia 24, 16h, a apresentação musical de dois coros da Neojibá. Está em cartaz também a exposição “Revisitando Modos de Ver e de Entender a Arte” que, montada no hall do museu, proporciona ao público a oportunidade de conhecer, ou rever, as obras do acervo representantes dos diversos estilos artísticos através das diferentes linguagens: Alegoria da República, de Manoel Lopes Rodrigues; Alegoria da Paz, de Sebastiano Conca; Alegoria do Novo Mundo, de José da Cunha Couto; A Feira da Água de Meninos (foto), de Mendonça Filho, além de cópias de famosas obras como A Balsa da Medusa e Davi com a Cabeça de Golias. A mostra desenvolve também a percepção do público sobre os conceitos de técnica, estilo e conteúdo, estabelecendo as diferenças entre o olhar e o ver. O MAB fica aberto à visitação de terça a sábado, das 13h às 17h.

O Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM) anuncia novos dias de visitação gratuita para o público baiano e turistas: terça a domingo, das 13h às 17h. Continua em cartaz até 10 de dezembro a exposição ‘O museu de Dona Lina’. No dia 23 de setembro, o MAM foi anunciado o lançamento da Visita Virtual da Exposição. Internautas de qualquer lugar do mundo podem conhecer a exposição que reúne obras do acervo do MAM e da Coleção de Arte Popular, do Centro Cultural Solar Ferrão. Também aconteceu o lançamento da 1ª Editatona (ou maratona de edição) do Wikipédia sobre o MAM. Trata-se de um evento em comunidades virtuais de projetos como Wikipédia e OpenStreetMap, durante o qual editores se reúnem para editar e melhorar um tema ou tipo específico de conteúdo. No domingo, 26 de setembro, o museu lançou o projeto piloto do “Domingo no MAM” com um Pocket Show de Chorinho e atividades de Corpo e Pintura ao longo da tarde.

O MAM também continua a ser um espaço ‘Pet Friendly’, termo em língua inglesa utilizado em todo o mundo e que significa literalmente ‘amigos de animais domésticos’. O Café Saladearte também fica aberto nos mesmos dias da exposição, sendo que com horário também ampliado, das 12h às 19h30. Foto: Eloy Correa/Gov-BA.

No Palacete das Artes, o projeto “Museus: territórios de promoção da saúde e transformação social” apresentou, no dia 25 de setembro, o tema “Meditação, autoconhecimento e neurociências”, sob a coordenação do neurocientista, escritor e professor doutor pela Ufba, Bruno Pitanga (Instituto Bruno Pitanga). A inscrição está disponível no Sympla. Para colorir a agenda da Primavera dos Museus, nos dias 24 e 25 de setembro, os jardins do Palacete das Artes receberam a 12ª Mostra de Orquídeas e Bonsai. No encontro, em parceria com o Círculo Baiano de Orquidofilia e Centro de Excelência em Bonsai, obedecendo a todos os protocolos de segurança de prevenção à Covid-19, foram realizadas oficinas gratuitas sobre cultivo de orquídeas e bonsai, apresentadas pelos mestres João Frigo e Sérgio Bittencourt. Os visitantes que cultivam orquídeas e outras plantas puderam levá-las e compartilhar experiências sobre o cultivo.

Até o dia 16 de outubro, estão disponíveis ao público duas exposições. A mostra “Sobreviver” homenageia os artistas Mario Cravo Jr. e Reinaldo Eckenberger. As obras dispostas no primeiro pavimento do Palacete reúnem pinturas, gravuras, metal e esculturas, de pequenas e grandes dimensões, madeira e pedra sabão, do modernista baiano. No segundo pavimento estão aquarelas, desenhos, gravuras, peças em cerâmica e bonecos de pano, do artista contemporâneo argentino, radicado no Brasil. No casarão, as obras do artista plástico Sergio Amorim, “Águas de Salvador e da Baía de Todos os Santos”, passam por abordagens do cotidiano de Salvador em diálogo entre o mar e as raízes da cidade. A mostra aponta para um olhar sensível pelo cenário soteropolitano e suas relações com o recôncavo e com o sertão baiano.

Entre os dias 21 e 24 de setembro, o Centro Cultural Solar Ferrão apresenta a série de vídeos “Monólogos: um convite ao recomeço”, em que Goreth Dunningham (Brahma Kumaris), Daniel Iberê (Povo Guarani Mbyá), Padre Ronaldo Marques Magalhães (Paróquia de Santo Antônio além do Carmo) e Mãe Ana de Xangô (Terreiro Ilê Axé Opô Afonjá) abordam o momento que vivemos de reconstrução e luta diante das dificuldades provocadas pela Covid-19 e partilham uma mensagem de esperança. Os vídeos serão publicados nas redes sociais da Diretoria de Museus do Ipac (@museusdabahia).

No mesmo endereço de Instagram, o Museu Udo Knoff de Azulejaria e Cerâmica realizou no dia 24 de setembro, às 16h, a live “O colecionismo de azulejos e a destruição do patrimônio cultural”, com a participação da conservadora-restauradora e doutoranda em Arquitetura e Urbanismo pela UFBA, Eliana Mello. Quando deslocados do contexto edificado, azulejos se tornam fragmentos, testemunhos de uma arquitetura. Na live, a pesquisadora tratou do prejuízo à preservação do patrimônio cultural causado pela ação de arrancar os azulejos de seus locais de origem para serem mercantilizados como objetos de valor cultural.

Museus do interior

O Museu do Recolhimento dos Humildes, localizado em Santo Amaro, inaugura duas exposições que podem ser visitadas de terça-feira a sexta-feira, das 9h às 16h. A mostra coletiva de aquarelistas brasileiros “Bahia Água e Cor: do sagrado ao profano” apresenta, a partir de 21 de setembro, composições plásticas diversas que demonstram como a aquarela pode ser explorada para além do que tradicionalmente se atribui à técnica. Por meio de 25 obras, os 18 expositores retratam a importância da religiosidade na Bahia e seus vínculos com a história, cultura, arquitetura e contexto paisagístico do estado. Com aquarelistas da Bahia, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Goiás e Espírito Santo e curadoria do artista plástico baiano Luiz Neto, a exposição fica em cartaz até 22 de outubro.

A partir de 24 de setembro, o museu recebeu a exposição “Resgate de vestígios e manifestações culturais da Bahia” (foto). Ao longo de dez anos, o fotógrafo e produtor cultural Edson Ferreira acompanhou festividades tradicionais do recôncavo baiano que preservam saberes ancestrais e mobilizam as comunidades. São práticas culturais transmitidas por gerações que o público do museu poderá conhecer através de suas fotografias. Com coordenação da produtora Carol Fonsêca, a mostra fotográfica retrata quatro manifestações culturais baianas – Nego fugido do Acupe, Cheganças e Marujadas, Caretas do Acupe e Baianas da Lavagem da Purificação em Santo Amaro – e pode ser visitada até dezembro. O público também tem acesso às mostras que já estavam em cartaz no espaço: “Paisagens imaginárias”, de Luiz Neto, e “Maquinetas do Convento do Recolhimento de Nossa Senhora dos Humildes”.

O Parque Histórico Castro Alves apresenta vídeos dos projetos Sopa de Leituras, que estimula a leitura entre crianças e adolescentes, e Baú de Memórias, que visa fortalecer os laços com o público acima de 60 anos por meio da valorização de suas memórias. No dia 21 de setembro, às 10h, através do conto “Todos juntos com um só objetivo” (Projeto Sopa de Letras), escrito e apresentado por Eliete Teixeira, foram abordadas informações sobre a Covid-19 de uma forma lúdica, ressaltando a importância de cada um fazer sua parte. No dia 22, às 10 horas, a oficina de criação de organizadores (Projeto Baú de Memórias) ensinou a prepará-los com material reciclável com o intuito de estimular a criatividade construindo um produto útil. No dia 24 de setembro, às 10h, foi exibido um vídeo com as ações realizadas nos últimos dois anos para continuar preservando a memória, a história e a cultura e dialogando com o público mesmo com as limitações impostas pela pandemia. Os vídeos estão publicados nas redes sociais da Diretoria de Museus do Ipac (@museusdabahia). No museu, permanecem em exibição as mostras “Uma casa sertaneja”, “Representações dos super-heróis negros nos quadrinhos” e a exposição de longa duração com o acervo próprio.

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