Por Berna Farias
Que Fernando de Noronha é um pedaço de paraíso na Terra, ninguém duvida. E a maneira mais vibrante de chegar naquele paraíso é velejando com dezenas de outros barcos na Refeno, a Regata Internacional Recife-Fernando de Noronha. Em sua 32ª edição, esta que é considerada a “Regata mais charmosa do Brasil” trouxe de volta aos mares de Recife e de Fernando de Noronha a alegria dos veleiros de diferentes formatos, cores e tamanhos no sábado, dia 25. A expectativa é de que, até a terça-feira 28, todos os veleiros já estejam na ilha.
A 31ª edição da Refeno, em 2019 (foto), foi um verdadeiro espetáculo, com quase 90 embarcações do Brasil e de vários países da América do Sul e Europa. Um evento ainda mais brilhante estava previsto para o ano seguinte, mas 2020 trouxe a ingrata surpresa da pandemia e a 32ª edição só pôde acontecer em 2021, com um número bem menor de participantes por conta da restrição imposta nos protocolos sanitários. Desta vez, apenas 77 barcos, com 700 tripulantes, partiram do Marco Zero do Recife.
A partida foi realizada com as embarcações divididas em quatro grupos. A primeira partida foi do Grupo Verde com os barcos das classes Aço, Alumínio e Turismo. Na sequência, o Grupo Vermelho, com embarcações de RGS e ORC iniciando a competição. O terceiro grupo foi composto por veleiros das classes Aberta e Bico de Proa. Por fim, o Grupo Amarelo com os Multicascos deixou o Recife com destino à Fernando de Noronha. Na categoria Bico de Proa, um dos campeões de 2019, o veleiro baiano Sem Fim, um Bruce Farr 38, comandado por Raimundo Teixeira.
As emoções da Largada, que costuma reunir uma multidão de apreciadores do esporte náutico na área do Marco Zero e adjacências, foram transmitidas através do Canal do YouTube da Refeno (https://bit.ly/3CKdl6j). Além disso, o público pôde acompanhar também do Marco Zero do Recife e do Cais do Sertão, onde estava montado o Camarote Oficial da 32ª Refeno. “A 32ª Refeno iniciou em grande estilo com uma bela partida. O público, seguindo todos os protocolos, acompanhou a saída dos barcos com segurança”, afirmou o comodoro do Cabanga Iate Clube de Pernambuco, que organiza o evento, Paulo Pérez.
Velas ao vento
A Regata Internacional Recife – Fernando de Noronha (Refeno) foi criada em 1986 com apenas 22 participantes, época em que estes contavam apenas com os astros para determinar sua rota de navegação. Em constante evolução, vem atraindo, todos os anos, competidores do Brasil e de várias partes do mundo. E não é difícil entender por que: o mar, o vento e o clima de Pernambuco são ideais para a navegação. E as paisagens, tanto na partida quanto na chegada, são das mais belas do país.
Os barcos partem do Marco Zero, ponto turístico do Recife, e seguem com destino a Fernando de Noronha (foto), ilha oceânica de águas cristalinas, onde é possível encontrar natureza pura, com golfinhos e atobás fazendo a festa dos visitantes. São 300 milhas náuticas de percurso, ou 560 km entre céu e mar. Para turistas com maior espírito aventureiro, desejosos de viver uma experiência diferente dos confortáveis navios de cruzeiro, é uma chance única de chegar ao paraíso natural de Noronha já totalmente ambientado à natureza após dois ou três dias em meio às ondas e aos ventos.
No percurso, as maravilhas ficam por conta do nascer e do pôr do sol, além dos “vagalumes aquáticos”, os plânctons bioluminescentes cujas luzes azuis brincam de aparecer e sumir no espelho dágua, geralmente à noitinha. Claro que o turista, quase sempre sem estar habituado à vida marinha, deve estar preparado também para as chuvas e contra-ventos e para o ritmo do veleiro, mas tudo faz parte do pacote e, ao fim, a experiência de imersão na natureza compensa tudo. Especialmente quando se chega a Noronha: no Mirante do Boldró, ponto de chegada da Refeno, o azul translúcido do mar é quase inacreditável, de tão belo.
O final da Refeno acontece quatro dias após a Largada, com festa de premiação concorrida. E há prêmios para todas as classes competidoras e categorias como o mais jovem e o mais velho tripulante, embarcações tripuladas por mulheres, embarcações de procedência mais distante (em 2019 foi o veleiro Fox, da Bélgica) e até para o penúltimo colocado, que recebe o troféu “Tamar – tartaruga marinha”(foto).
*Fotos: Divulgação