Patrícia Coutinho*
Eu sou suspeita para falar sobre hostels (ou albergues da juventude), pois acho uma hospedagem muito criativa, alegre, divertida, onde os viajantes têm a oportunidade de viajar conhecendo pessoas e de forma acessível. Existem muitos hostels incríveis pelo mundo e de altíssima qualidade, assim como hostels mais simples, para todos os gostos e bolsos.
Na Europa os hostels desempenham um papel importante no ecossistema de viagens nos principais destinos turísticos e fazem parte da cultura de vários países há muitas décadas.
Os hostels foram idealizados no início do século passado na Alemanha para abrigar estudantes com a finalidade de estudo e socialização, e no Brasil chegaram em 1961, no Rio de Janeiro. Existem aproximadamente 20 mil hostels em todo o mundo sendo 37% na Ásia, 30% na Europa, 16% na América do Sul, 9% na América do Norte, 5% na Oceania e 3% na África, de acordo com o site Hostel Helper.
Ocorre que com pandemia vieram as restrições de fronteira, bloqueios, distanciamento social e a ideia de dividir espaços e conversas ficou prejudicada.
Após mais de 18 meses de pandemia e o segundo verão europeu experienciado, verificou-se que, impulsionado pelas vacinas, mochileiros começaram a voltar, mas, muito aquém dos níveis pré-pandêmicos.
Segundo o site global de reservas especializado Hostelworld, as reservas em 2020 diminuíram 79 por cento em comparação com 2019 e, no primeiro semestre de 2021, caíram ainda mais – uma queda de 73 por cento – em comparação com o mesmo período em 2020.
Ainda conforme o Hostelworld, de 2019 para cá, cerca de 19% das 17.700 propriedades apresentadas em seu site foram temporariamente ou permanentemente fechadas. Sim, quase 1/5 dos hostels pararam de funcionar o que, a meu ver, vai encarecer o turismo a curto e médio prazo.
Os proprietários e gerentes tiveram que repensar suas estratégias operacionais, desde aluguel de dormitórios apenas para reservas de grupos, aumento do número dos quartos privativos, ou a criação de escritórios para o novo perfil de hóspede que trabalha remotamente.
A variante Delta não parece ajudar esse segmento, mas, os proprietários acreditam firmemente que o ambiente de um hostel é único e o público cativo, voltando aos números pré-pandemia assim que tudo se normalize. Que assim seja!
*Patrícia Coutinho é advogada, empresária de turismo, ex-presidente da ABIH-Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (MG) e ex-diretora de Relações Internacionais da ABIH Nacional
- Fonte: MG Turismo