Por Victor Jorge
As companhias aéreas e a indústria de aviação em geral terão dificuldade em cumprir sozinhas as ambiciosas metas de carbono neutro. Os governos devem agir e investir significativamente após a COP26 para garantir que ações significativas ocorram, afirma a GlobalData, empresa de dados e análises num recente estudo.
Gus Gardner, analista da GlobalData, refere que a COP26 “pressionou a indústria da aviação para reafirmar o seu compromisso com a redução do impacto ambiental”, fazendo referência a uma pesquisa da empresa que indica que 45% dos entrevistados globais afirmaram que o meio ambiente era o mais importante dos fatores ambientais, sociais e de governança (ESG) com relação à materialidade.
“Com as preocupações ambientais a tornarem-se tão importantes para os consumidores, a indústria deve agir. Embora muitos esquemas, grupos de trabalho e anúncios tenham sido declarados antes da conferência COP26, não será suficiente por si só para reduzir as emissões da indústria e criar uma mudança significativa”, salientando Gardner que “a falta de apoio governamental para a aviação é evidente e é necessário investir”.
Os governos apoiaram outros setores na busca para se tornarem ecologicamente mais corretos, dando a GlobalData como exemplo os “fabricantes de automóveis que receberam amplo apoio e incentivos para mudar para a produção de veículos elétricos”. Contudo, a empresa de dados e análises, aponta para o facto da indústria da aviação “não ter recebido a mesma atenção ou investimento”.
Gardner destaca que “os governos em todo o mundo estão pressionando por metas maiores de redução de carbono”. No entanto, é evidente a “falta de planos concretos a indicaram como essas metas serão alcançadas ou sobre o financiamento disponível”.
“Embora um compromisso ao nível de países para reduzir o impacto da aviação no meio ambiente seja um movimento positivo, uma assinatura por si só não resultará em ação a menos que haja investimento”, admite Gardner.
Por isso, explica, “o investimento na produção de combustível de aviação sustentável (SAF), motores alternativos para aeronaves e outros projetos de longo prazo devem ocorrer para que as metas se tornem realizáveis”.
Gardner acrescenta que o SAF desempenhará um “papel crucial na redução do impacto de curto prazo da aviação no meio ambiente, mas o custo e a falta de financiamento para a nova tecnologia de combustível estão a impedir o desenvolvimento”.
Embora os principais intervenientes estejam investindo e criando grupos de trabalho, o SAF ainda não é produzido a um preço economicamente viável. “Para uma indústria que foi severamente afetada pelo COVID-19, os investimentos em SAF podem cair até que o número de passageiros recupere, e isso pode ter consequências ambientais negativas no longo prazo”, acrescenta o analista da GlobalData.
Por isso, conclui que os governos devem “ver o valor geral de investimento nas cadeias de abastecimento do SAF para mudar radicalmente a indústria, atendendo as metas de emissão da aviação e de países individuais”.
*Fonte: Publituris/pt