Por Seleucia Fontes
Maior ilha genuinamente fluvial do mundo, com cerca de 20 mil quilômetros quadrados de área, natureza preservada e lar de etnias indígenas, a Ilha do Bananal ainda é um mistério para os brasileiros. Localizada no Estado do Tocantins, faz divisa com Mato Grosso e Goiás e seu nome chama para si a responsabilidade de atrair atenções e investimentos para todos os municípios do seu entorno, que juntos formam a Região Turística da Ilha do Bananal.
Apesar das belezas naturais, da vocação para a pesca indígena e para o turismo de Sol e Praia, além da curiosidade em torno da cultura indígena, a região ainda busca o mesmo reconhecimento de outras regiões cobiçadas, como o Jalapão e as Serras Gerais.
Todo o esforço do trade turístico e gestores públicos para ordenar o turismo na região visa beneficiar o crescente setor da economia criativa dos municípios de Formoso do Araguaia, Gurupi, Lagoa da Confusão, Peixe, Santa Rita, Sandolândia e São Salvador, que compõem esta região turística.
Realidade e potencial
Com a demanda reprimida em função da Covid-19 e a tranquilidade das pequenas cidades em alta, a região Sul do Tocantins tem recebido número crescente de turistas. Em Peixe, distante 286 km de Palmas, o turismo de praia era dominante e aguardado somente na alta temporada, entre junho e agosto. “Este ano o fluxo de visitantes foi contínuo desde fevereiro, agora temos vários perfis de turistas”, comemora Rosilene Pereira (Rosa de Fogo), secretária de Cultura e Turismo de Peixe, empresária e chef de cozinha. Segundo ela, a região da Ilha do Bananal tem grande força e o cenário turístico precisa ser fortalecido para os próximos anos.
Além de praias de água doce e morna, a região é um importante polo de atração para os amantes da pesca esportiva. Se no período da seca o Arquipélago do Tropeço revela centenas de ilhotas – várias delas oferecendo áreas de camping –, durante a cheia o cenário sofre mudanças e a região passa a ser frequentada pelos pescadores.
A mesma situação é verificada em São Salvador (417 km de Palmas), Formoso do Araguaia (297 km da Capital) e Lagoa da Confusão (205 km de Palmas), outros paraísos de pesca do tucunaré azul e de outras espécies cobiçadas pelos esportistas. Os hotéis e ranchos especializados neste público são uma realidade, mas a comercialização raramente passa pelas mãos de operadoras ou agências de viagens.
Um dos desafios é a implantação da pesca esportiva e do etnoturismo na região. A questão envolve não apenas o interesse de etnias como os Javaé, Karajá e Krahô-Kanela, que possuem extensas áreas propícias para a prática, mas também negociações com a Fundação Nacional do Índio (Funai) e o Ministério Público Federal.
Representando a Associação Indígena Javaé da Aldeia Barreira Branca, localizada em Sandolândia (460 km de Palmas), seu presidente e cacique da aldeia, Valdemir Filho Javaé afirma que está aberto a parcerias. “Vamos ter oportunidade de mostrar belezas naturais, cultura, artesanato, comidas típicas”, diz, ao revelar que já possui um plano de etnoturismo para apresentar.
*Fonte: JP Turismo