O período de verão costuma movimentar o turismo do Vale do Capão, em Palmeiras, que abrange diversas cachoeiras, trilhas e paisagens deslumbrantes da Chapada Diamantina. No entanto, as condições da estrada, que liga à sede do município chapadeiro, têm impactado na ida de condutores aos atrativos naturais.
Neste trecho, motoristas relatam que há uma grande dificuldade para transitar no local, em razão dos buracos, poças de água e as famosas ‘costelas de vaca’, visto que o solo não pavimentado tem uma baixa resistência mecânica.
São cerca de 28 km entre a sede do município e o Capão, bastante utilizados, diariamente, por visitantes. Neste trecho, motoristas relatam que há uma grande dificuldade para transitar no local, em razão dos buracos, poças de água e as famosas ‘costelas de vaca’, visto que o solo não pavimentado tem uma baixa resistência mecânica.
Impactos à renda local
As más condições da estrada, além de impactarem na ida de turistas aos atrativos, afetam, consequentemente, a renda local, visto que é uma localidade turística, que gera emprego e renda ao município. O Vale do Capão chega a ter uma das maiores rendas per capitas de Palmeiras.
Um dono de camping do local, que não quis se identificar, comentou, ao Jornal da Chapada (JC), que durante os primeiros anos da pandemia, precisou fechar o seu negócio, em razão das medidas sanitárias, seguindo todos os protocolos.
Com o retorno, a baixa da procura por turistas, segundo ele, se deve também ao fato das condições da estrada. “Com a volta do turismo, tenho sentido muita reclamação dos visitantes sobre a deterioração da estrada e dificuldades de acesso aos atrativos do parque”, disse ao JC.
Fim de ano
Nas festas de fim de ano, motoristas enfrentaram a estrada deteriorada e se sentiram abalados, por se tratar de um grande destino turístico da Chapada Diamantina, dentro do Parque Nacional. Condutores ainda notaram que a dificuldade é ainda maior para a passagem de carros de pequeno porte, por conta de pedras e buracos, limitando o acesso das pessoas.
Um desses condutores foi o jornalista Vitor Fernandes, que fez registros da dificuldade de passagem na estrada. Durante viagem ao local, ele percebeu um grande impasse para conseguir passar pela via, em família, em especial se o passeio contar com a presença de crianças. “São 28 quilômetros que se tornam cansativos”, disse ao Jornal da Chapada.
Quem também resolveu desfrutar do destino chapadeiro nas festas de fim de ano, pela primeira vez, foi a comunicóloga Marcele Martorelli. Ao Jornal da Chapada, ela conta que amou os pontos turísticos, atrativos, receptividade, no entanto, a entrada e saída do Capão foram de grandes transtornos.
“A via tem um grande perigo, principalmente no trajeto à noite. A passagem pela estrada foi bem complicada e eu esperava mais, por se tratar de um destino turístico bem conhecido. A passagem está precisando de uma maior atenção do poder público”, afirma.
Apesar de ter existido melhorias na estrada, como no trecho de saída da ladeira do Vale do Capão, que antigamente era intransitável em período de fortes chuvas, e atualmente é calçada, a população reclama da falta de manutenção na via. Tempos atrás, as fortes chuvas causavam enormes buracos no local.
O trecho entre o início da ladeira até a entrada da trilha da ‘Cachoeira da Fumaça’ atualmente também já é calçado. Segundo moradores, há uma máquina patrol, de responsabilidade particular, atuando apenas dentro do Vale do Capão, em algumas ruas.
Discussão sobre pavimentação
No local, sempre houve uma intensa discussão sobre a pavimentação da estrada. No entanto, uma reunião realizada em setembro do ano passado estabeleceu que a estrada terá pavimentação mista. Com isso, serão 22km de pavimentação e 11 km desses, devem ser de concreto.
Os 11km devem ser de concreto em razão do desnível de 600 metros, da saída de Palmeiras, até a chegada em Caeté-Açu, que conta com ladeiras e que precisam ser conservados na totalidade, de acordo com a comissão da estrada, formada pela sociedade civil. Além disso, os 11km são parte de roteiro de empreendimentos comerciais e levam para muitas trilhas e passeios, poços, rios, cachoeiras e mirantes naturais.
Segundo moradores, é de conhecimento de todos o projeto sobre a decisão da estrada mista, contudo, a cobrança é em relação a manutenção da estrada, como a realização de cascalhamento, o uso de patrol, construção de valas para facilitar no escoamento da água e outras ações.
A solicitação já foi feita à prefeitura, administrada por Ricardo Guimarães (PSD). No entanto, os motoristas afirmam, ao Jornal da Chapada, que a gestão responde que a máquina patrol está quebrada e não informa sobre previsão de conserto do equipamento ou sobre possíveis melhorias na estrada.
A comunidade, inclusive, alega que a falta de atenção ao local se deve ao fato de o gestor ter perdido nas urnas na localidade do Capão nas eleições de 2020. O Jornal da Chapada procurou a assessoria de comunicação da gestão, que preferiu se esquivar do assunto e questionar o fato da publicação não favorecer à prefeitura.
* Fonte: Jornal da Chapada