Todo mundo gosta de viajar, seja com a família, amigos ou até mesmo sozinho para relaxar. Mas você sabia que a viagem pode ser mais sustentável? O turismo sustentável, uma maneira diferente de conhecer lugares, respeitando a cultura, as pessoas e, principalmente, o meio ambiente, é uma forma de beneficiar regiões que possuem forte turismo, mas tentando reduzir os impactos negativos que a prática tem aos destinos.
O turismo é essencial para algumas regiões, pois garante emprego e renda para a população local, mas o impacto de receber muitas pessoas pode ser prejudicial para a natureza ao redor. Além da poluição da água e da terra, com o descarte de lixos e dejetos, também é possível observar a poluição sonora e o desmatamento para construção de hotéis e pousadas. Outro fator é a falta de valorização da cultura local e a descaracterização das comunidades existentes.
Por isso, muitos especialistas já alertam sobre a importância de praticar o Turismo Sustentável, para manter a atividade, mas reduzindo o impacto negativo na região. O professor da ESPM e especialista em sustentabilidade, Marcus Nakagawa, em seu livro 101 Dias com Ações Mais Sustentáveis para Mudar o Mundo, ganhador do prêmio Jabuti 2019, dá dicas de ações para você aproveitar seu descanso sem deixar de lado a preocupação com o meio ambiente.
Uma delas é a dica 62: Vá a uma pousada que tenha preocupação ambiental. Eco-resorts ou pousadas ambientalmente corretas podem ser boas opções para suas próximas férias com a família ou com os amigos. Você também pode escolher uma pousada ou um hotel que se engaje em causas relacionadas à sustentabilidade quando viajar a trabalho. “Para chegar a esse lugar, provavelmente você vai utilizar o seu carro, um ônibus ou, ainda, avião ou barco. Pois é, até na hora de viajar deixamos uma pegada ecológica. Então, se você quiser mitigar essa pegada, a escolha do local onde ficará é fundamental“, explica o autor.
Existem alguns certificados internacionais, como o EarthCheck, o do Global Sustainable Tourism Council (GSTC) e o Green Globe, específicos para esses tipos de estabelecimentos, mas se o hotel ou a pousada tiver a certificação ISO 14001 (Certificado Ambiental de Processos), já será um diferencial para as questões de sustentabilidade. Inclusive, sites de reservas já disponibilizam um selo que identifica estadias que são comprometidas com o meio ambiente e implementam práticas de proteção.
Outra dica do livro é a 63: Faça eco-turismo. Além de nos manter vivos, dando-nos comida e abrigo, a natureza colabora com nossa saúde mental e física. A biofilia é uma teoria que defende que fomos programados para amar tudo que é vivo, e não objetos, e por esse motivo a natureza nos faz bem. Alguns cientistas perceberam que, ao entrar em contato com o verde, o corpo responde com pressão mais baixa e maiores níveis de glóbulos brancos (responsáveis pelas defesas do organismo), entre outras mudanças sutis e benéficas.
O eco-turismo também incentiva a conservação do meio ambiente e busca uma maior conscientização ambiental. Segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT), em 2015, 10% dos turistas em todo o mundo buscaram o turismo ecológico. O faturamento anual do eco-turismo, em nível mundial, é estimado em US$ 260 bilhões. O Brasil participa dessa conta com cerca de US$ 70 milhões.
“Mas o eco-turismo precisa também seguir alguns critérios de sustentabilidade, e os empreendedores do ramo devem pensar em seus impactos nas construções, por exemplo, com uma trilha no meio do mato, próxima a uma cachoeira ou no próprio hotel ou pousada. Também é necessário seguir normas e procedimentos de operações de visita e traslados dos turistas, para não sobrecarregar o sistema ambiental, verificar se há justiça no pagamento dos motoristas, guias ambientais e funcionários dos hotéis e pousadas e oferecer o treinamento correto para todos os envolvidos com as atividades do turismo no local. E, quem sabe, conseguir uma das certificações internacionais de turismo sustentável, como o Certificate in Sustainable Tourism”, esclarece Nakagawa.
No Brasil, uma das principais discussões sobre turismo é conseguir transformar a Amazônia em um ponto de turismo sustentável, uma vez que, além de transformá-la em uma fonte econômica, ao promover o turismo na região, o desmatamento e as queimadas cessaram para dar lugar à preservação e atrair visitantes.
Além disso, o turismo sustentável atrai visitantes para lugares pouco frequentados, trazendo um conforto maior para quem deseja desligar da movimentação das grandes cidades e fugir das aglomerações, principalmente em época de pandemia. Então, pesquise passeios de eco-turismo para finais de semana, feriados ou férias. Será uma atividade saudável para fazer com a família ou os amigos e também te ajudará a compreender melhor como viver em equilíbrio com o bem mais precioso que temos: a natureza.
Sobre Marcus Nakagawa
Marcus Nakagawa é professor da ESPM, coordenador do Centro ESPM de Desenvolvimento Socioambiental (CEDS); idealizador, ex-presidente e conselheiro da Abraps (Associação Brasileira dos Profissionais pelo Desenvolvimento Sustentável); e palestrante sobre sustentabilidade, empreendedorismo e estilo de vida.
Criador da plataforma Dias Mais Sustentáveis (https://diasmaissustentaveis.com), é vencedor do Prêmio Jabuti 2019/Economia Criativa com o livro 101 Dias com Ações Mais Sustentáveis para Mudar o Mundo e coautor dos livros “Marketing para Ambientes Disruptivos” e “Administração por Competências”.
Também tem a coluna Ação Ambiental, na Alpha FM (https://alphafm.com.br/ambiental) e foi um dos palestrantes, em 2020, do TEDx Coutdown, iniciativa global para acelerar as soluções dos problemas climáticos do planeta. Site: www.marcusnakagawa.com.
*Foto: Cachoeira em Urubici (Santa Catarina), crédito Nelson Rocha/Portal Turismo Total