Por Edilson Vieira
Porto de Galinhas, no Litoral Sul de Pernambuco, viveu um dia atípico nesta quinta-feira (31). Com o comércio e serviços fechados em protesto à morte de uma criança, ocorrida nesta-quarta-feira (30), em uma ação policial. Os turistas tiveram que ficar nos hotéis e o assunto segurança virou prioridade num dos principais destinos turísticos do Estado.
Nunca vi isso acontecer aqui, não dessa forma”, disse uma moradora de Nossa Senhora do Ó, distrito de Ipojuca, vizinho a Porto de Galinhas. Sem querer se identificar, a moradora que também atua na área do turismo ficou surpresa com os protestos.
“Fecharam todos os principais acessos para a vila de Porto e Maracaípe. Nada funcionou. De padaria, a restaurante, de lojinha de artesanato aos passeios de jangada e de bugre, ninguém trabalhou hoje. E dizem que pode continuar assim por três dias”, falou a empreendedora. Ela atribui o momento de tensão as ações da Policia na região. “Parece que o pessoal da comunidade não concorda muito com a presença do BOPE. Desde que eles chegaram, há cerca de um mês, existe uma certa tensão”, admitiu.
TURISMO
Para o vice presidente do Porto de Galinhas Convention & Visitors Bureau, Otaviano Maroja esta quinta-feira foi “atípica e ruim”. Otaviano Maroja disse que, sem ter para onde ir, os hóspedes foram obrigados a permanecer nos hotéis. “Não tinha passeios, restaurantes, lojinhas de artesanato, nada para fazer fora do hotel, então eles tiveram que aproveitar a piscina, o SPA, a recreação…. por um dia, tudo bem. Mas, e se continuar?”.
O empresário acredita que Porto de Galinhas vive uma situação delicada em relação à segurança. “Hoje estamos no calor da emoção, da morte dessa criança, que foi uma coisa terrível e lamentável, mas daqui há alguns dias vamos entender melhor o que aconteceu”, acredita Maroja que defende que a discussão sobre um modelo de segurança deve envolver todos, mas a solução deve partir das autoridades. “Claro que a sociedade e os empresários podem contribuir com propostas, mas a solução deve vir de quem entende, do poder público, prefeitura, governos estadual e federal. Nós entendemos de hotel”, pontuou.
O presidente da Associação de Jangadeiros de Porto de Galinhas, Sávio Acioly, disse que o comércio e os serviços fecharam hoje mais em solidariedade a morte da pequena Heloísa, que era filha de um dos jangadeiros da associação. “Mas amanhã [sexta, 1 de abril] está programado para tudo voltar ao normal”, disse Sávio. O jangadeiro afirmou que a segurança feita em Porto de Galinhas ultimamente é muito irregular.
“Uma coisa é o policiamento feito na orla, outro é o policiamento nas comunidades. Na orla é constante, tranquilo, mas nas comunidades…a gente sempre fica ansioso quando tem uma ação [da Polícia] na periferia. O que aconteceu com a menina estava quase que ensaiado para acontecer, uma hora ia acontecer com alguém e, infelizmente, foi com uma criança, filha de um amigo nosso”, afirmou.
Sávio disse que depois dos protestos da população, com ruas fechadas e até a queima de um ônibus há cerca de 15 dias, o turismo em Porto pode ficar prejudicado, com os turistas podendo evitar o local. “O protesto é sempre uma reação feita na base da emoção, é normal, mas a população precisa ter uma reposta rápida. No caso dessa criança é preciso ter o resultado da perícia logo, para saber o que aconteceu, e até agora não saiu nada”, falou o jangadeiro.
A prefeitura de Ipojuca divulgou no início da noite desta quinta (31) uma nota onde comunica que “oficiou o Governo do Estado cobrando providências para que a ordem pública e a segurança dos cidadãos e dos turistas, desestabilizadas pelo fato, sejam restabelecidas”. A prefeitura informou ainda que a secretaria de defesa social do município está “monitorando os pontos de tensão”. Já a secretaria de turismo de Ipojuca está oferecendo um canal de informações para o turista através do aplicativo 153 Digital. *Fonte: Jornal do Commercio.