O violonista virtuose Marcel Powell em turnê europeia

Por Duda Tawil, texto e fotos, de Paris

No La Marbrerie, em Montreuil, nas cercanias de Paris, o talentoso Marcel Powell, 40 anos, filho do grande Baden e também violonista, deu na última quinta início à turnê solo europeia “Só Baden”, título do seu CD homônimo, lançado em 2016. Depois da Cidade Luz, ele seguiu para La Roche-sur-Yon, e neste Domingo de Páscoa, dia 17, se apresenta em Lille. Na sequência, será a vez da Áustria, República Tcheca, Alemanha e Holanda.
Esta é sua primeira turnê europeia em 11 anos, sendo que a última internacional data de 2013, no Japão. Intérprete e compositor, Marcel conta que toda a sua educação foi em língua francesa, inclusive no Rio, cidade onde hoje reside. “Só Baden”, todo com repertório do seu pai, e em homenagem, não é seu trabalho discográfico mais recente, visto que depois lançou mais dois: “Tempo Livre”, em 2018; e em 2020 “Baden Powell Tribute”, gravado ao vivo, ao lado de Armandinho Macêdo, em 2019, no desaparecido Café-Teatro Rubi do Wish Hotel da Bahia. Para este 2022, em breve, um outro, desta feita em parceria com o pianista Gilson Peranzzetta, que se chamará “Pro Tião”, nome de uma faixa em homenagem a Sebastião Tapajós, falecido no ano passado.
Na atual turnê, Marcel mescla ao repertório do “Só Baden” músicas autorais e de outros compositores. “O público é essencialmente de música brasileira, onde quer que ele seja. E sempre coloco coisas novas, dou uma mesclada. O show não fica preso a um repertório, tem a ver com o feedback do público. Presto muita atenção a isso”, afirma.
                                                                        Marcel entre Douglas e Roberto no La Marbrerie
Das cerca de 25 músicas apresentadas, não faltaram Tom, Vinicius, Luís Bonfá, Ernesto Nazareth, Sivuca e Glorinha Gadelha, Chico e Garoto, por exemplo. Teve sucessos antológicos da MPB: “Manhã de Carnaval”, “Garota de Ipanema”, “Chega de Saudade”, “Odeon”, “Gente Humilde” e “Feira de Mangaio”. Na apresentação parisiense, em participações especiais, convidou ao palco dois músicos intalados na França, com quem nunca havia tocado, que foram o acordeonista Douglas Marcolino, de Alagoas, e Roberto de Oliveira, no trombone, do Ceará.
Comunicativo com a plateia, falando perfeitamente francês e às vezes cantando, Marcel cativa desde a primeira música. Em entrevista para o PORTAL TURISMO TOTAL, na véspera do show, ao lado do seu produtor europeu Étienne Clément, num típico café parisiense do 11⁰ distrito, disse ele: “Aqui é a cidade onde nasci e estou com a expectativa lá em cima. É muito emocionante. Meu pai conheceu a minha mãe aqui, Sílvia Eugênia”. A mãe, brasileira, em férias francesas, estava na plateia com a amiga de longa data, Salomé de Bahia, cantora baiana, como seu nome indica, que desde 1977 mora e exerce seu métier na Cidade Luz.
                                                                              O músico com Salomé de Bahia e a mãe Sílvia
Em 2000, ano da morte de Baden, a jornalista Dominique Dreyfus lançou a biografia “O violão vadio de Baden Powell”, reeditada em 2020. Nascido em Paris, em 1982, Marcel é virtuose. Aprendeu a tocar violão com seu mestre e pai, aos nove anos de idade, e é cidadão do mundo: de 82 a 87 morou na Alemanha; de 87 a 95, no Brasil; e de 95 a 97, na França. Tocou anos ao lado do pai, e hoje “sou intérprete de outros compositores e compositor”.
Os aplausos finais, após quase duas horas de pura música, foram de pé!

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