Steinlen no Castelo de Auvers, na França, uma exposição para visitar

 

 * Duda Tawil (texto e fotos), de Paris
“Os Jardins Secretos de Théophile Alexandre Steinlen (1859-1923): de Montmartre ao Vale do Oise” é a bela exposição desta primevera/verão, até 18 de setembro, no Château d’Auvers, a 30 km de Paris e no coração da pequena cidade de Auvers-sur-Oise.
É um dos monumentos históricos mais emblemáticos da França, do século XVII e desde 1987 não é mais uma propriedade particular, pois está aberto à visitação pública desde 1993. Ele pertence ao Departamento do Val d’Oise e as atividades culturais são constantes, ao longo do ano. A entusiasta Delphine Travers é a sua diretora.
O busto de Daubigny, pioneiro dos impressionistas no vilarejo, e a Igreja de Auvers, ao fundo, pintada por Van Gogh no final de sua vida
O castelo em si é um museu, com arquitetura de inspiração do Renascimento italiano, possui um acervo permanente de pinturas da segunda metade do século XIX, com cerca de 30 obras de artistas célebres que ali foram se inspirar. As paisagens do vale do rio Oise, que dá o nome ao departamento, são lindíssimas e não à toa deslumbraram pintores impressionistas como Paul Cézanne, Camille Pissarro, Charles-François Daubigny, que foi o pioneiro a ali se instalar, e sobretudo o holandês Vincent van Gogh, onde viveu seus últimos 70 dias em 1890, e pintou 80 telas, entre as mais significativas da conturbada existência desse gênio. Ele está enterrado no cemitério do village, ao lado do seu querido irmão e marchand Théo, que veio a falecer seis meses depois dele, aos 33 anos, e era mais jovem.
          As tumbas dos irmãos Van Gogh, Vincent e Théodore, no cemitério de Auvers
Por esta razão, em 2017 este excepcional espaço cultural criou e apresenta o percurso “Visão Impressionista: Nascimento e Descendência”, no qual o visitante tem uma experiência imersiva, em 600 m², no universo dos artistas que marcaram este movimento, e seus desdobramentos. Acompanhados de belos textos com vozes em off, são projetadas, em telas superpostas, de vários tamanhos e detalhes, várias obras-primas de nomes como Manet, Pissarro, Renoir, Monet, Morisot, Sisley, Cézanne, Caillebotte, Degas, Jongkind, Van Gogh, Turner, Daubigny, Seurat, Signac, Derain, Vlaminck e Gauguin.
O percurso Vision Impressionniste mescla o virtual com telas reais É um lugar único, que mistura patrimônio e experiência impressionista, numa paisagem preservada e autêntica, com um panorama da natureza e da cidade aos seus pés. São oito espaços de visita, que pode ser feita em 1h30, entre o virtual e o real, sem contar os seus jardins à italiana, à francesa e à inglesa, que constituem o seu parque. A montagem perfeita de um ateliê de artista, com telas, cavaletes, tintas, pincéis, e quadros originais; e das janelas, panorama dos jardins em cascata (ou seja, à italiana) e dos telhados das casas do vilarejo.
A Orangerie, local de exposições temporárias, exibe Steinlen até 18 de setembro vindouro
Chega-se, então, à Orangerie, lugar onde antigamente eram estocados durante o inverno frutas cítricas (donde o seu nome, proveniente de laranja) e outros alimentos. É o local de exposições temporárias, que dão mais vida ao castelo e atrai mais visitantes. É ali que acontece a exposição temporária que homenageia Steinlen: pintor, gravador e artista de pôsteres e cartazes, como o seu célebre mundialmente “La Tournée du Chat Noir”, de 1896. Sua obra é marcada também por um forte sentimento de humanismo, pois retratou, além dos famosos gatos, pessoas em situação de rua, trabalhadores, portraits e caricaturas de personalidades de seu tempo, e o seu ateliê em Montmartre, sem falar das paisagens, como de viagens à Noruega, à sua Suíça natal e o vilarejo de Jouy-le-Moutier, onde tinha uma casa, pertinho de Auvers-sur-Oise.
O cartaz/pôster “A Turnê do Gato Preto” é a obra icônica de Steinlen
                                           
A pequena cidade é conhecida também, há 41 anos, pelo seu “Festival de Auvers-sur-Oise”, de música clássica. O castelo recebe até 60 mil visitantes por ano, e o turista vindo de Paris chega ao “village”, como é chamada a cidade, em apenas meia hora, pois Auvers-sur-Oise está dentro da Região Parisiense. Os trens saem de duas estações: Gare du Nord e Gare Saint-Lazare. Da estação de trem local até o castelo caminha-se 15 minutos. O parque com seus jardins são gratuitos, e as entradas do castelo custam entre 12€ e 7€50 (crianças abaixo de 7 anos não pagam). Existem uma bela butique, café e restaurante, este com reserva para grupos de 15 pessoas.
Mais informações:  www.chateau-auvers.fr

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