França: “As Chitas de Alcobaça” no Museu Oberkampf

  • Duda Tawil, texto e fotos, de Paris
Toda a França vive neste 2022 a Temporada França-Portugal, que são inúmeras manifestações culturais entre os dois países. O Museu Oberkampf ou de la Toile de Jouy, que fica no município de Jouy-en-Josas, a meia hora da capital, apresenta até 15 de janeiro de 2023, com curadoria de Joana d’Oliva Monteiro, a bela exposição “As Chitas de Alcobaça”, que é a coleção Pereira de Sampaio, de estampas em tecido de algodão impressos portugueses, iniciada em 1953 por Maria do Céu e Luís Pereira de Sampaio. É uma fantástica coleção particular de mais de 5000 peças do século XIV até hoje. A curadoria honorária é de Madalena Braz Teixeira, ex-diretora do Museu Nacional do Traje de Lisboa.
       A exposição temporária faz parte da Temporada França-Portugal
Vale explicar que “chitas”, no caso, não se refere simplesmente a este tipo de tecido tão popular no Brasil, mas ao conjunto de todo o material, o tecido, e seus produtos derivados, do vestuário à cama e mesa. E não deixa de ser uma coleção histórica: ela mostra a riqueza de um patrimônio e de uma experiência, que contribuem à difusão do seu território e até hoje influenciam a criação contemporânea.  Fabricadas nos séculos XVIII e XIX em Portugal, as chitas têm sua origem em Alcobaça, e mesmo hoje,  quando não mais são provenientes dessa cidade portuguesa, são assim chamadas como uma espécie de marca registrada.
O Museu de la Toile de Jouy foi criado em 1977 em Jouy-en-Josas, na cidade de onde se origina a Toile de Jouy, o tecido. Christophe-Philippe Oberkampf foi um empresário de origem germânica, imigrante na França, que começando do zero construiu um império da indústria têxtil. Ali se instalou para criar sua manufatura de impressão sobre algodão. Mais de 30 mil padronagens foram criadas em 83 anos de funcionamento! Conhecido como um empreendedor de grande humanismo e modesto, preocupado com as questões sociais e qualidade de vida dos operários, aberto para um novo mundo. Várias vezes condecorado. Mas após sua morte a situação política na França levam seus herdeiros ao fechamento da mesma. Funcionou em 1760 e 1843.
         O belo Castelo de Églantine tem o acervo das Toiles de Jouy, em Jouy-en-Josas
Em 1991 o museu se instala no Castelo de Églantine, é renovado e ganha mais espaço. Toda a coleção é constituída com verbas da prefeitura. Por iniciativa do então prefeito Jacques Bellier, de Gabrielle Timbert, e de Étienne Mallet, que é jornalista e produtor de cinema da Cine France, e de teatro, descendente de Oberkampf, foi fundada a Associação dos Amigos do
 Musée de la Toile de Jouy.
Um dos seus objetivos é perpetuar a memória ligada à produção das Toiles de Jouy, ajudar a cidade a promover o museu e contribuir ao seu desenvolvimento. A sua apaixonada diretora é Charlotte du Vivier. O museu participará das Jornadas Europeias do Patrimônio, nos dias 17 e 18 de setembro, na sua 39a edição, e todo um fim de semana de atividades.
                      Uma das salas do museu com as padronagens da manufatura
 
Seu acervo reúne cerca de 10 mil peças do século XVIII aos dias atuais. Vários estilistas e designers têxteis se inspiram das padronagens da Toile de Jouy para conceber suas coleções. São atividades: exposições temporárias como “As Chitas de Alcobaça”, visitas guiadas, palestras, ateliês para crianças e adultos, e a sua espetacular butique.
O museu fecha às segundas. Está situado no Departamento dos Yvelines, na região metropolitana parisiense, chamada Île-de-France. Chega-se ao Museu de la Toile de Jouy/Château de l’Églantine pelo RER C (metrô), descendo na estação Petit Jouy – Les Loges, ou pelo ônibus 264, parada Trois Canards.
Boa visita!
Mais informações: www.museedelatoiledejouy.fr

 

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