Por Duda Tawil, texto e fotos, de Juan-les-Pins
Foi uma verdadeira apoteose, na noite de sábado passado, o show Gilberto Gil & family em Juan-les-Pins, na Costa Azul francesa, parte da turnê europeia do grande cantor e compositor baiano, acompanhado de sua família. Único brasileiro deste ano na programação, lotou os 4.000 lugares da famosa Pinède, o campo de pinheiros que desde 1960 vê desfilar no seu palco os maiores nomes da cena musical mundial. Há 61 anos (em 2020 não houve, devido ao auge da pandemia), é o pioneiro dos festivais de jazz em toda a Europa.
Em show caloroso, descontraído e literalmente familiar, visivelmente feliz do alto dos seus 80 anos recentemente completados em pleno vigor do trabalho, em plena turnê europeia, também o profissionalismo que caracteriza sua carreira de gênio permeia todo o espetáculo, de A a Z. De “Barato Total”, de sua autoria, sucesso na voz de Gal no disco “Cantar”, de 1974, a primeira música, até o delírio final no bis com “Aquele Abraço” e sobretudo “Toda Menina Baiana”, que é seu hino na França e com a qual termina todos os seus shows de inúmeros verões, o show emociona, é um encanto.
A gente se embala pela alegria e total entrosamento da banda de várias gerações e do excelente repertório, de bossas, sambas, reggaes, pop e MPB, que retraça várias fases da longa carreira do ex-ministro da Cultura, saudado hoje como uma lenda viva do Festival Jazz à Juan, onde pisa há muitos anos. Não é à toa que o inventor do Tropicalismo, assim como Caetano, são os dois brasileiros que têm suas mãos no tipo uma “Calçada da Fama” que a organização do festival criou para imortalizá-los na Pinède Gould.
Falante como sempre – é perfeitamente francófono como provou no bate-papo com os jornalistas logo após a passagem do som, no calor do sol de verão das 17h -, Gil explica algumas músicas ao público, assim como o grau de parentesco de todos da família em cena, dos filhos aos bisnetos, e suas ramagens, pois todo mundo toca e/ou canta. Narinha e Preta cantam músicas solo, assim como a neta Flor. Com o neto Bento, canta em duo a sua bossa nova “O Pato”, com tamborim e violão. A filha caçula, a cheffe Bela, dança durante uma música. Os outros nos backing vocals ou tocando: são os Gilsons. O arranjo coletivo para “Garota de Ipanema” ficou lindo e agrada ao público, em português e inglês. Quando parte da plateia gritou em coro “Fora, Bolsonaro”, disse: “Eu também quero assim. Estamos cansados”, em francês! Aplausos para o mestre!
Fã do artista, o Príncipe Albert II de Mônaco se deslocou até Juan, em noite antológica para todos. Muitos admiradores e abraços nos bastidores. O diretor-geral do Jazz à Juan, Philippe Baute, todo contente com a sua passagem no festival, umas 15 vezes como Gil lembrou na coletiva, presentou o grande artista com uma garrafa de champanhe. Brindes e tim-tins, após o show magnífico demais.
A turnê segue em frente, e hoje tem apresentação no Festival Jazz à l’Hospitalet, em Narbona, também na França, e depois em Genebra, Barcelona, Bruxelas, Liverpool, Wiltshire e Londres.
Andar com fé e salvar Gilberto Gil por onde ele passar!
Mais informações: www.gilbertogil.com.br
Braaavoooo.amigo reportagem maravilhosa vc e como te chamo de enciclopédia ambulante kkkkkk obrigada pelo seu carinho