A qualidade do enoturismo coloca Portugal no pódio das regiões vinícolas mais famosas em todo o mundo, quer pela produção de vinhos, da cultura da vinha e das experiências relacionadas com estes setores. O enoturismo está a crescer a olhos vistos no nosso país e o seu desenvolvimento, em praticamente todas as regiões, permite criar um turismo diferenciador e possível de ser usufruído durante todo o ano.
Por Carolina Morgado
Portugal é o segundo melhor país para os amantes de vinho visitarem nas férias, posição que ocupa pelo segundo ano consecutivo, destronado apenas pela Itália. Um recente estudo da Bounce destaca ainda países como Espanha, França, Nova Zelândia, Grécia, Chile, Argentina, Austrália e a Hungria no ranking dos 10 melhores.
O trabalho, que analisa fatores como o consumo e produção de vinho, a área dos vinhedos face à dimensão do país, as visitas de enoturismo e o custo médio da garrafa de vinho, visa dar a conhecer as melhores localizações para quem gosta de vinho visitar nas suas férias.
A Itália ocupa o primeiro lugar, sendo o maior produtor com 82 milhões de hectolitros por 100.000 pessoas e com cerca de 400 variedades de vinhas nativas no país, seguindo-se Portugal com o maior número de visitas de enoturismo.
Muitas pessoas adoram a experiência de experimentar coisas novas, o que é especialmente verdade com o vinho. De passeios em vinhedos e degustações de vinhos a novas misturas criadas por enólogos inovadores, o mundo do vinho oferece infinitas possibilidades para explorar. Os amantes do vinho levam isso ainda mais longe, viajando pelo mundo para vivenciar novas experiências.
Segundo a análise, Portugal tem duas regiões produtoras de vinho designadas como património mundial da UNESCO, uma das quais produz o vinho mais reconhecido de Portugal, o Porto, em homenagem à cidade do Porto. Esta reputação internacional de produzir vinhos únicos pode ser a razão pela qual este país também tem o maior número de tours de vinho. Esta designação da UNESCO tornou locais como o vale do Douro, berço do Porto, em atrações turísticas populares para os amantes do vinho, levando a um elevado número de passeios e provas de vinho.
O enoturismo representa um excelente veículo para quem quiser descobrir uma região através do vinho e conhecer todos os seus aspetos culturais e turísticos, e neste caso, as rotas do vinho desempenham um papel importante de organização e divulgação deste segmento.
Ao descobrir-se o vinho no seu meio natural, compreende-se que este não é uma bebida qualquer, mas sim um produto tradicional, cheio de história. Portugal é, todo ele, uma mancha vitícola pelo que o enoturismo representa um veículo para que as pessoas que visitam uma região possam descobrir, através do vinho, todos os aspetos culturais da mesma, do artesanato ao património paisagístico, arquitetónico e museológico, passando pela gastronomia.
Vinho é sinónimo de alegria, de amizade, de celebração. Nos últimos tempos, tem sido também sinónimo de crescimento no turismo, sobretudo com o setor a recuperar de um dos piores momentos de sempre, e com as pessoas a procurar cada vez mais destinos rurais.
Produto estruturante
Portugal, mais propriamente o Alentejo (Reguengos de Monsaraz), foi palco, o ano passado, da Conferência Mundial de Enoturismo, sob a égide da OMT – Organização Mundial do Turismo, com o mote “Enoturismo – um motor do desenvolvimento rural”, onde foi destacado o contributo deste segmento para o desenvolvimento regional e o seu potencial para gerar inovação e negócio para os territórios e para as empresas.
A Conferência incluiu apresentações e debates sobre as diversas dimensões do enoturismo, nos quais se incluem os temas relacionados com a inovação, a sustentabilidade, a gestão de destinos turísticos, bem como o cruzamento com a gastronomia e o reforço do conhecimento da procura e das tendências do consumidor.
É nesta perspetiva que a OMT olha para este segmento, como motor do crescimento das economias locais e de mudança social: “Este é um setor que pode liderar uma mudança positiva, especialmente em muitas comunidades rurais, criando empregos e oportunidades nas áreas mais despovoadas, impulsionando o crescimento económico e preservando o ambiente natural e cultural”, conforme testemunhou, no Alentejo, o seu secretário-geral, Zurab Pololikashvili.
Identificado na Estratégia Turismo 2027 (ET27) como um dos ativos qualificadores do destino, o enoturismo, pelas suas caraterísticas e valências, possui uma capacidade de atração e retenção de um público altamente qualificado e com elevado poder de compra, permitindo múltiplas âncoras de atração em todo o território e durante todo o ano, contribuindo assim para a coesão territorial da atividade turística e para a redução da sazonalidade, indica o Turismo de Portugal, que empenhado em manter o destino no topo das preferências dos turistas, lançou um programa de ação para o enoturismo.
Este programa implementa-se na prática através de ações de promoção e formação com o objetivo de potenciar o cross-selling entre ‘vinho’ e ‘turismo’, induzir boas práticas nos agentes do setor, contribuir para a estruturação e valorização de destinos e rotas de enoturismo e valorizar os territórios vinhateiros.
No que se refere à projeção internacional do enoturismo, sob a marca “PortugueseWineTourism”, têm sido desenvolvidas várias ações de promoção de Portugal enquanto destino de enoturismo nos mercados externos.
Este segmento assume centralidade nas iniciativas junto do trade internacional, bem como na captação de eventos internacionais, como foi o caso desta Conferência Mundial de Enoturismo da OMT.
Igualmente, a plataforma digital www.portuguesewinetourism.com que agrega a oferta de enoturismo nacional, conferindo-lhe maior escala e notoriedade nos mercados interno e externo e funcionado também como âncora na vertente de promoção internacional, tem tido um papel importante.
Foi também a Conferência de Reguengos de Monsaraz que deu o pontapé de saída para a criação do Conselho Estratégico Nacional do Enoturismo, com vista a alargar o compromisso deste segmento a outras entidades, públicas e privadas, em todo o território nacional.
O Conselho Estratégico Nacional do Enoturismo, coordenado pelo Turismo de Portugal, assume-se como um grupo de reflexão, debate e concertação sobre o enoturismo nacional, competindo-lhe também a formulação de recomendações com base nas prioridades estratégicas definidas.
Refira-se que 10% daqueles que nos visitaram em 2019, num universo global de 27 milhões de turistas, vieram pelo enoturismo e pelo vinho, mas o Governo acredita que “conseguimos mais”. *Fonte: Publituris/pt; Fotos: divulgação/Arquivo PTT.