Artistas recebem do Ministro da Cultura de Portugal Prêmios no Casino Estoril

Por Luís Paralta 

Em cerimônia solene, o Auditório do Casino Estoril acolheu a entrega do Prémio Vasco Graça Moura – Cidadania Cultural – a Zeferino Coelho, e dos Prémios Literários Fernando Namora e Agustina Bessa-Luis, instituídos pela Estoril Sol, e referentes a 2021, respectivamente, a João Tordo e Catarina Gomes. O Ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, presidiu a este evento, referindo, “quero deixar uma saudação muito especial ao Grupo Estoril Sol pelo seu compromisso com a cultura, com o livro e com a literatura em particular, e fazê-lo em torno de três figuras
singulares, não apenas da nossa literatura, mas da nossa cultura e cidadania”.

O Ministro da Cultura congratulou-se pelos prêmios instituídos pela Estoril Sol, sublinhando, “os prêmios são sempre uma forma de preservar o legado de quem dá o nome ao prêmio e uma sociedade não sobrevive sem as suas referências culturais. É um compromisso que deve ser assumido por todos, naturalmente pelas instituições públicas e pelo Ministério da Cultura, mas diria, também, pela sociedade civil e entidades privadas. É uma complementaridade virtuosa”.

Os Prêmios foram entrregues durante cerimônia realizada no Auditório do Casino Estoril. Na foto Guilherme d`Oliveira Martins, Zeferino Coelho, Catarina Gomes, Pedro Adao e Silva, Joao Tordo e Mario Assis Ferreira. Crédito, divulgação.

 

Com um discurso que contextualizou as obras vencedoras, Guilherme d’Oliveira Martins, Presidente do Júri, recordou que “Felicidade” de João Tordo “é um romance de formação emocional e afetiva de um homem constituído em narrador, embora sem nome que o identifique ao longo do livro. O dramatismo de solidão do narrador e
protagonista de romance assume grande intensidade e poder de envolvência no leitor.

João Tordo é um romancista a atravessar um momento especial de maturidade que exprime a compreensão da complexidade do gênero humano bem evidente na obra agora premiada”.

Em relação a “Terrinhas”, de Catarina Gomes, vencedor do Prêmio Revelação Agustina Bessa Luís, referiu “é um romance a partir do ponto de vista de uma mulher tipicamente citadina, colocando em confronto o mundo rural e o mundo urbano. A memória dos pais, que quase religiosamente vão à terra para trazer batatas, que invadem a cozinha e o imaginário da narradora, com uma visão irónica e, por vezes, mesmo hilariante, que avalia a infância e enfrenta as dores e dramas da idade adulta”.

Já sobre o Prêmio Vasco Graça Moura, o Presidente do Júri disse que Zeferino Coelho foi distinguido, “pela ação desenvolvida ao longo de mais de cinquenta anos como editor e ativo promotor da literatura e da cultura da língua portuguesa no mundo”.

Após o momento solene da entrega dos três prémios da Estoril Sol, foi Catarina Gomes, vencedora do Prêmio Agustina Bessa Luís, que usou da palavra. “Este é um prémio revelação. Revelar é, no dicionário, dar a conhecer determinado facto de que ninguém tem, ainda, conhecimento. Torná-lo público. Neste caso posso dizer que este foi, também, um prémio de revelação para mim mesma, deu-me a conhecer que eu era capaz. Vejo-me, então, com a enorme honra de receber um prémio literário com o nome de Agustina Bessa-Luís, no ano em que se assinala o centenário do seu
nascimento”.

Já João Tordo sublinhou que: “O que me importa nos livros é a ideia de pathos, em grego: sofrimento. O denominador humano não é estarmos em sintonia, mas é estarmos em conflito, sendo que o grande e principal conflito é connosco próprios. Escrever um livro como o “Felicidade” permitiu-me observar a fúria que pathos desencadeia numa personagem quixotesca, mas também a inevitabilidade da mudança nas nossas vidas, sobretudo quando somos novos”.

Por sua vez, Zeferino Coelho distinguido com o Prêmio Vasco Graça Moura, afirmou ter ficado honrado com a distinção. “O prêmio evoca um nome de grande prestígio nas letras portuguesas. Vasco Graça Moura foi um grande escritor. Bom prosador, excelente poeta, brilhante ensaísta. Foi também um editor notável. À frente da Imprensa Nacional durante alguns anos deu a esta editora um dinamismo e uma relevância na vida cultural portuguesa que ela poucas vezes tinha atingido na sua longa e rica história”.

Logo na abertura da cerimónia, Mário Assis Ferreira, referiu: “A promoção da Cultura é um desígnio que nos acompanha desde sempre nesta Casa e ao qual nos queremos manter fiéis, sejam quais forem as vicissitudes. Pois estou certo que, a aposta na Cultura e no Espectáculo continuará a ser um objectivo estruturante da Estoril Sol, a confirmarse, como justamente esperamos, a renovação do contrato de concessão que nos foi atribuído, pela primeira vez, há mais de sessenta anos”.

“É em períodos complexos como este que ainda respiramos − com o turismo em fase incerta de recuperação, e as incógnitas inerentes à hotelaria, à restauração, à indústria de entretenimento e aos Casinos físicos −, que precisamos de responder com energia, criatividade e determinação. Não me canso de repetir, desde há mais de três décadas, que temos um compromisso com a Cultura e com as Artes. E somos “Egoístas” − como o soube ser essa revista de vanguarda, multipremiada no País e no estrangeiro, que, ao longo de 22 anos, se transformou numa publicação de culto. Um milagre de sobrevivência!”, concluiu.

 

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