Por Seleucia Fontes
Basta uma rápida passada pela página no Instagram da 1ª edição do Festival Gastrô – @festivalgastroaltoparaiso – para encher os olhos e desejar cada um dos pratos inscritos para o evento, que começa no próximo sábado, 3, e só termina no dia 12 de dezembro.
Vá preparado para Alto Paraíso, município distante 230 km de Brasília e o mais conhecido da região da Chapada dos Veadeiros. São mais de 40 produtos inscritos entre comida e bebidas, de produtos artesanais encontrados na Feira Popular a pratos de alta gastronomia criados por chefs premiados, especialmente para o Festival.
O Festival Gastrô foi idealizado por um grupo de empresários da Associação Industrial e Comercial de Alto Paraíso (ACIAP). A proposta é confirmar aos turistas e moradores que a gastronomia local tem vocação para se tornar um dos atrativos da Chapada dos Veadeiros.
Cris Marques, responsável pela criação de identidade e divulgação do Festival, lembra que o mês de dezembro, considerado de baixa temporada, foi escolhido justamente para mostrar aos visitantes que, além dos atrativos naturais, Alto Paraíso conta com uma excelente gastronomia, que contempla os mais variados paladares.
Além disso, a principal regra do Festival é apresentar um produto exclusivo, criado com pelo menos um elemento do cerrado, para valorizar os frutos, óleos, sementes, flores comestíveis e tantas outras riquezas da região. “A proposta não é escolher o melhor e sim mostrar que todos são muito bons”, ressalta a publicitária.
Este é o caso do Risoto Cerratense, criado pelo chef Matheus Cardoso para a Pousada Casa de Shiva e que promete uma explosão de sabores: risoto preparado com arroz kalunga e cachaça acompanhado por filet mignon ao molho reduzido de jabuticaba, crumble salgado de castanha de caju e salada com cajuzinho-do-cerrado e pequi. Os degustadores sortudos decidirão se o prato deverá ou não permanecer no cardápio da casa!
O pequi, uma das estrelas do cerrado, estará presente em outras versões, como a Ciabatta com Frango Veg Crocante e Maionese de Pequi do restaurante vegano Sintropia. Para quem não dispensa doces, também há opções, como uma versão de Mil Folhas de Baru com baunilha do cerrado, uma criação do Café com Graça.
Já o Rústico Premiun Grill, localizado no distrito de São Jorge, promete surpreender com prato à base de polenta cremosa com ragu de cordeiro defumado, saborizado e guisado por 6 horas, finalizado com pesto de baru com hortelã. Uma criação do chef Allisson Frasquetti
A Pousada Alfa & Ômega decidiu apostar em drinks inéditos preparados a partir da combinação de gin tônica e variações como mangaba, xarope de maçã, suco de limão e especiarias; creme de pequi e especiarias; araticum, suco de limão siciliano e especiarias.
Para conferir a lista completa de estabelecimentos, que incluem pousadas que aderiram ao Gastrô e estão oferecendo desconto para estadia no período do Festival, basta acessar a linktree na bio do Instagram.
Outra parceria que promete agregar prazer ao evento é a da Associação dos Terapeutas de Alto Paraíso, que vai conceder desconto de 20% para todos os clientes que consumirem produtos do Festival. O evento tem a parceria da Prefeitura Municipal de Alto Paraíso, por meio da Secretaria de Turismo.
Já ouviu falar?
Se você não mora na extensa área coberta pelo cerrado brasileiro, talvez tenha estranhado alguns desses ingredientes apresentados nos pratos acima. Por isso, vamos falar um pouco mais sobre eles.
O pequi é de Goiás, do Tocantins ou de Minas? A disputa pela origem deste fruto andou acirrada entre os três estados. Seu nome vem do Tupi e significa “pele espinhenta” e quem já roeu seu caroço entende: a semente é cheia de espinhos e a polpa tem sabor forte e adocicado. Nem todos apreciam, mas é um santo remédio, em função dos níveis elevados de ácidos graxos monoinsaturados, que ajudam a diminuir os níveis de colesterol no sangue e a proteger o coração.
O baru é uma castanha ainda pouco conhecida. A oleaginosa é saborosa, tem propriedades antioxidantes, é rica em vitamina E, zinco, ferro, potássio, cálcio, fósforo, magnésio e ácidos graxos. Estudos mostram que o baru também ajuda a diminuir os riscos de Alzheimer, diabetes, obesidade e câncer.
Pequenino e mais doce que o caju do Nordeste, o cajuzinho-do-cerrado frutifica entre os meses de outubro e novembro. É rico em vitamina C, fibras e compostos antioxidantes, uma composição biológica associada à prevenção de doenças crônico-degenerativas, como câncer e diabetes.
Os componentes da castanha do caju ajudam a combater o excesso de radicais livres do organismo, ajudando a prevenir situações como envelhecimento precoce, pressão alta e diabetes, favorecendo o desempenho físico e o ganho de massa muscular.
Outra fruta sazonal do cerrado, o araticum é da mesma família da ata (pinha/fruta-do-conde), tem sabor mais acentuado e traz muitos benefícios à saúde, por ser rica em ferro, potássio, cálcio, vitamina C, vitamina A, vitamina B1 e B2.
A baunilha do cerrado ou baunilha-banana nasce em belas orquídeas amarelas e foi reconhecida internacionalmente pelo movimento Slow Food. Está presente em um catálogo mundial que identifica e divulga sabores que estão ameaçados de extinção, mas que ainda têm grande potencial de produção e comércio. O Instituto Atá, do renomado chef Alex Atála, dá suporte a famílias Kalunga (quilombolas) para alcançar desenvolvimento e qualidade de vida a partir da venda da baunilha do cerrado e outros produtos típicos da região.
*Fotos das atrações gastronômicas do Festival, crédito Anna Clayd/Divulgação