Por Juliana Vieira
Acessibilidade é um dos desafios do turismo e outras atividades econômicas no Brasil, país com mais de 17 milhões de pessoas com deficiência, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com isso em vista, o setor turístico vem se mobilizando para atender melhor esse público, mesmo em destinos mais isolados, como o povoado Atins, na região do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses.
Com ruas de areia e principais passeios envolvendo as dunas que permeiam a região dos Lençóis, o vilarejo pode até parecer um lugar pouco convidativo a pessoas com deficiência, mas a experiência no local costuma ser aprovada por esse público, conta o empresário Jethro Raposo, um dos responsáveis pelo Vila Aty Eco Lodge, em Atins.
Segundo ele, o acesso às lagoas do Parque é mais facilitado a partir do povoado, quando comparado a outros locais de Barreirinhas. Nos passeios do Canto de Atins e da Ponta do Mangue, o transporte faz parada ao lado das lagoas, sem a necessidade do turista percorrer trajeto sem veículo até o local de banho, como ocorre em outras atividades na região.
“Cadeirantes que já ficaram hospedados conosco nos deram um feedback muito positivo sobre o destino e também sobre o hotel. Inclusive, durante a construção do Vila Aty, o atleta paralímpico Fernando Fernandes nos orientou sobre o que era necessário em termos de acessibilidade. Depois, ele voltou para testar o quarto e gostou muito”, afirma Jethro.
Fernando Fernandes, que já esteve várias vezes em Atins, explica quais são os pontos considerados por ele ao organizar uma viagem. “A minha grande preocupação é o que eu vou conseguir fazer, o quanto eu vou conseguir aproveitar, qual a logística para que isso aconteça. Você poder estar em um lugar onde você tem um quarto adaptado, tem meios para conseguir interagir com essa natureza, que cria essa acessibilidade, é conseguir ter uma viagem completa e feliz”, avalia o atleta.
Há leis federais determinando um percentual mínimo de dormitórios acessíveis para meios de hospedagem que operam no território nacional. Essa proporção varia de acordo com o porte da empresa e data de construção. Além disso, as áreas de uso comum também precisam apresentar acessibilidade.
“O quarto acessível do Vila Aty conta com rampa de acesso ao quarto, cadeira adaptada para banho e metragem suficiente para permitir a locomoção de hóspedes cadeirantes, além de barras fixas de apoio no banheiro. Nossa equipe também sempre se coloca à disposição para atender às necessidades desses clientes, inclusive sugerindo atividades dentro e fora do hotel que sejam mais adequadas, levando em conta o tipo de deficiência”, completa o empresário.
A disponibilidade e o cuidado das pessoas em proporcionar uma boa experiência a todos, inclusive ao cadeirante, é outro ponto que faz toda a diferença em lugares como Atins, onde a natureza predomina, destaca Fernando.
“Eu acho que, quando nós chegamos na natureza, temos que ter entendimento que nem tudo é acessível, nem tudo vai estar adaptado para qualquer pessoa. Mas quando você tem pessoas com muita boa intenção, muita boa vontade de ajudar, esse processo acaba sendo mais leve, de passar da lancha para a cadeira, da cadeira para um carro ou para um quadriciclo, e é possível usufruir de toda a natureza que os Lençóis Maranhenses, Atins, pode proporcionar. Eu indico para qualquer cadeirante fazer essa viagem”, recomenda o atleta paralímpico.
*Font. JPTurismo.