Por Albenísio Fonseca
A praça que homenageia Vinicius de Moraes, em Itapuã, ponto turístico de Salvador, está completamente abandonada pela Municipalidade.
Suponho que o poeta não mais convidaria a passarmos uma tarde nas praias do bairro. Nem Antônio Imbassahy – gestor responsável pela criação do logradouro – acreditaria em tamanho descaso.
O poeta Vinicius de Morais (1913-1980) veio morar em Itapuã, no início dos anos ’70, com sua amada, a atriz baiana Gessy Gesse. Aqui viveu por cerca de seis anos, inicialmente em uma casa alugada, depois em sua casa de Itapuã. Acompanhava o casal, a cozinheira baiana Maria Dolores Scher.
O Monumento da Praça Vinicius de Morais é de autoria do artista plástico baiano Juarez Paraíso e contou com a colaboração de Márcia Magno, Renato Viana e Paula Magno. A Praça foi inaugurada, em evento solene, em 19 de outubro de 2003, ano em que ele faria 90 anos. Está localizada perto do Farol de Itapuã. A escultura de Vinícius, em bronze, tem tamanho natural. Uma cadeira vazia, ao lado, convida os visitantes a tirarem fotos em “diálogo” com o Poeta
Na Praça estão também dez totens de 0,90 x 1,60, onde estão gravadas composições do Poeta. Perto da Praça está a casa que Vinicius construiu e morou, com projeto dos arquitetos baianos e seus amigos Jamison Pedra e Sílvio Robatto (1936 – 2008), professor da Escola de Belas Artes da UFBA.
Hoje a casa abriga o hotel e restaurante Casa de Vina (como era carinhosamente tratado por Gessy Gesse). Vale enfatizar que a Casa de Vina é, também, responsável pela manutenção da praça.
Em 1974, ano de construção da residência, ele fez o poema A Casa, dedicado “A Gesse, minha mulher e minha amiga e aos operários que ergueram a Casa, onde antes só havia chão”, “Uma casa Baiana, feita por baianos para abrigar Tua baianice máxima, sonhada”.
Vinícius compôs, com seu parceiro Toquinho, algumas músicas memoráveis sobre a Bahia. Em 1972, Vinicius, Toquinho e Clara Nunes apresentaram o show O Poeta, a Moça e o Violão, no Teatro Castro Alves.
Em 1974, Vinicius viajou para Londres com o artista baiano Calazans Neto, seu vizinho e amigo. Nesse mesmo ano, publicou, pelas Edições Macunaíma, de Calazans Neto, a História Natural de Pablo Neruda – A elegia que vem de longe.
Na Bahia, também foi montada, pela primeira vez, a tragédia Chacina em Barros Filho, escrita por Vinicius e dirigida por Álvaro Guimarães, adaptada com o título de As feras.