“Echoes Indigenous”, primeiro festival do filme indígena brasileiro de Paris

 Por Duda Tawil, texto e fotos
 
A Cidade Luz viveu até ontem dois dias de sete filmes, exposição, ateliês, artesanato, animações e debates acerca da arte brasileira indígena no Cinema Publicis, na avenida dos Champs-Élysées: o “Echoes Indigenous Film Festival”. A Associação Amazonie Immersive, cujo presidente é Paul Sepaniak, após uma recente ação junto à UNESCO, acendeu a chama para trazer para Paris este projeto, que foi apresentado em Londres na semana passada, e cuja primeira edição aconteceu em 2021 na capital inglesa.
 
Lá, a iniciativa foi da ONG People´s Palace Project, segundo a jornalista Yula Rocha, gerente da Comunicação e Projetos Climáticos Indígenas do Centro de Arte e Pesquisa para a Justiça Social, uma subsidiária da Queen Mary University of London, e que existe há 25 anos.
Paul Sepaniak com o cacique Tapi e os três realizadores e curadores da mostra cinematográfica Ziel, Graciela e Tukumã
 
Do Brasil vieram três realizadores, de três Estados: Takumã Kuikúro, criador do festival, cineasta do Alto Xingu e também brigadista na floresta, verdadeiro pioneiro, o mais respeitado entre os diretores indígenas do Brasil, conhecido mundialmente; Graciela Guarani, há 20 anos no audiovisual, ativista, produtora e professora; e Ziel Karapotó, jovem pesquisador, curador de festivais e mostras, como a Karapotó Terra Nova. Conjuntamente, assinaram a curadoria dos filmes do evento. 
 
Ontem o festival teve igualmente a honra da presença do cacique do povo Xingu, Tapi Yawalapité. Há 15 dias ele está em missão na Europa junto a Raoni, já tendo se encontrado com o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, e por estes dias eles têm na agenda oficial um encontro com o presidente francês Emmanuel Macron, entre outras altas autoridades do Velho Continente, com o objetivo de salvar a Amazônia de tantas ameaças, como a desflorestação, aumentadas nos últimos quatro terríveis anos do (des)governo do ex-capitão genocida, e a preservação dos seus povos originários.
               Debates com o público após as projeções
                                                      
 O festival na versão parisiense pôde assim acontecer também graças ao apoio do ICA (sigla em inglês) – Instituto de Arte Contemporânea de Londres, e na capital francesa, da Associação Jangada, que há 25 anos promove o Festival do Cinema Brasileiro de Paris, leia-se Kátia Adler na sua direção. 
 
O evento dá voz e destaca o valor desses povos e territórios, através da arte. Na abertura, houve uma palestra de Marine Calmet, presidente da Associação Wild Legal, sobre Direitos do Meio Ambiente; animações da All4trees e pelo ameríndio Kalina com seus tambores e cantos tradicionais; além de um estande com produtos biológicos naturais, da Déco Brésil. As sessões aconteciam à noite, seguidas de interessantes debates com os três cineastas convidados.
 
A batucada da Timbao ecoou nos Champs-Élysées
 
Na noite de encerramento os tambores da Timbao ecoaram na célebre calçada dos Champs-Élysées, em frente ao cinema, com Sylvie Decobecq no comando. Trata-se de uma batucada da vizinha cidade de Clichy, cujo diretor artístico é Mathieu Gaugain (Facebook: Timbao). Fazem parte da equipe da Amazonie Immersive: Théo Roblot, Max Espejo e Anaïs Leduc (Instagram: @amazonieimmersive). 
 
Parabéns a todos pela grande e edificante iniciativa!

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