Afroturismo em Salvador reforça orgulho e conquista visitantes

Apresentação do Balé Folclórico da Bahia – Foto: Sidney Haack
Apresentação do Balé Folclórico da Bahia – Foto: Sidney Haack

 

“Salvador é uma cidade plural, temos todas as vertentes do turismo, e uma ancestralidade muito forte, é uma cidade muito ligada à África, mais de 80% da população é negra”, pontua Gegê Magalhães, diretor de Turismo na Secretaria Municipal de Cultura e Turismo. Segundo ele, a plataforma Salvador – Capital Afro ( https://www.salvadordabahia.com/capitalafro/) foi criada para mostrar um outro lado da cidade, saindo dos pontos turísticos conhecidos.

Segundo o gestor, o projeto foi formatado a partir de escutas e o resultado é a atração de um público em busca da sua ancestralidade. “Quando o visitante negro conhece a importância que está sendo dada ao tema, ele se encanta”, reflete, ao ressaltar grande número de turistas afro-americanos.

Jamile Machado, coordenadora de Promoção e Cultura da Secult Salvador, explica que o trabalho desenvolvido reflete na atração do turista de alto padrão, como também na geração de emprego, com pessoas pretas alcançando cargos de gestão. “Queremos mostrar que as pessoas pretas também têm acesso ao dinheiro para consumir”, desmistifica.

Referências históricas

“Precisamos extirpar o racismo do turismo”, afirma Tânia Neres – Foto: Sidney Haack
“Precisamos extirpar o racismo do turismo”, afirma Tânia Neres – Foto: Sidney Haack

 

Protagonismo é a palavra de ordem para Tânia Neres, coordenadora de Afroturismo, Diversidade e Povos Indígenas, na Embratur, e uma das palestrantes do I Congresso Febtur de Jornalistas e Comunicadores de Turismo, realizado em Salvador, no início de junho. “Temos 54% da população preta, precisamos extirpar o racismo do turismo”, defendeu, ao ressaltar a importância do protagonismo negro. “O afroturismo é um segmento novo, precisa existir e ter força de mercado.”

Também palestrante do Congresso Febtur, Edson Costa, coordenador da Rede Mundial de Étnico Empreendedorismo (Rede Emunde), pontuou os cenários propícios ao afropreendedorismo e ao afroturismo. “Não dá pra falar de desenvolvimento, de futuro, sem falar das nossas referências históricas”, ressaltou, lembrando que a Bahia é a mãe deste novo segmento turístico.

Para Edson Costa, o futuro depende das nossas referências históricas – Foto: Sidney Haack
Para Edson Costa, o futuro depende das nossas referências históricas – Foto: Sidney Haack

 

Onde ir

Entre atrativos turísticos tradicionais e novas propostas, Salvador tem tudo para agradar quem busca referências afro-brasileiras. De acordo com o site  Salvador – Capital Afro, são pelo menos 98 atrativos, entre locais para visitação e atividades artístico-cultuais anuais.

Percorrer as ruas do Pelourinho, dançar ao som dos percussionistas, negociar com ambulantes, comer pratos típicos continua sendo fundamental, apesar da cidade trazer muitas outras possibilidades.

Vale conferir uma sessão do Balé Folclórico da Bahia, no Teatro Miguel Santana (R. Gregório de Matos, segundas, quartas e sextas, às 19h). Reconhecido internacionalmente, o grupo faz uma empolgante apresentação com cantoras, percussionistas e bailarinos que revelam os principais orixás do Candomblé e empolgam com o dinamismo e agilidade requeridos pelo maculelê e a capoeira.

Sede do Afoxé Filhos de Gandhy, no Pelourinho – Foto: Seleucia Fontes
Sede do Afoxé Filhos de Gandhy, no Pelourinho – Foto: Seleucia Fontes

 

O edifício histórico da Faculdade de Medicina da Bahia, a mais antiga do país, no Largo Terreiro de Jesus, hoje abriga o Museu Afro-Brasileiro (Mafro), com rico acervo de peças africanas e painéis de Carybé.

Seguindo pela Rua Gregório de Matos, nos deparamos com a Casa do Olodum, e na Rua Maciel de Baixo, com a sede do Afoxé Filhos de Gandhy. Ambos os locais estão sempre abertos, contam com lojinhas e com alguma sorte, ou atenção ao calendário, é possível pegar ensaios e atividades do calendário religioso.

Turistas, músicos e ambulantes se misturam pelas ruas do Pelourinho, centro histórico de Salvador. Foto: Sidney Haack.

 

A herança cultural de três países africanos está presente na Casa da Nigéria, no Pelourinho, na Casa do Benin, no Bairro Santo Antônio, e na Casa de Angola, na Baixa do Sapateiro. Peças originais, fotografias, livros ajudam a contar a histórias dos países que tiveram maior número de pessoas traficadas para o Brasil.

O Centro da Capoeira na Bahia fica no Forte Santo Antônio, reunindo documentos e memorial em homenagem aos principais mestres. Há rodas abertas para visitantes de segunda a sábado, às 19h.

Abará, uma das iguarias da gastronomia baiana com referência afro – Foto: Seleucia Fontes
Abará, uma das iguarias da gastronomia baiana com referência afro – Foto: Seleucia Fontes

 

Valorizar a culinária afro-brasileira é a proposta do projeto de etnogastronomia Ajeum da Diáspora, que desde 2013 transporta o conceito de uma cozinha de resistência, através do sabor das raízes africanas, para o paladar dos baianos. Localizado na rua Amparo do Tororó, no bairro do Tororó, o restaurante resgata, em uma variedade de pratos, a cultura alimentar de comunidades negras.

O Memorial da Baianas fica na Praça da Sé – Foto: Lucas Moura
O Memorial da Baianas fica na Praça da Sé – Foto: Lucas Moura

 

No Memorial das Baianas é possível conhecer a história delas que são um verdadeiro legado na preservação da cultura e da gastronomia afro-brasileira, com direito a degustação de acarajé e abará. Na Praça da Cruz Caída, Praça da Sé, Centro Histórico de Salvador. Visitação de segunda a sábado, das 9 às 17h.

A Rota Afrocongo Bahia inclui visita à sede do Afoxé Filhos do Congo e à Pedra de Xangô, considerada sagrada, além de roda de capoeira, momento Griot, vivência musical, percussiva e de dança, exposição afroempreendedora e degustação da gastronomia afro.

Visita à Pedra de Xangô está inserida na Rota Afrocongo Bahia – Foto: Gabriel Silveira
Visita à Pedra de Xangô está inserida na Rota Afrocongo Bahia – Foto: Gabriel Silveira

 

Por fim, visitar um Terreiro de Candomblé pode ser opção para quem busca conexão com cultos de matriz africana. Tombado como patrimônio histórico e artístico nacional, o Ilê Maroiá Láji, conhecido como Alaketu, de tradição nagô, é considerado um dos mais antigos e tradicionais centros religiosos de culto ao candomblé no Brasil. Localizado na Rua Luiz Anselmo, no bairro de Matatu, o terreiro foi fundado por Maria do Rosário Francisca Régis, a princesa africana Otampê Ojarô. Fonte: JPTurismo.

 

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