Por Duda Tawil, texto e fotos
Com a curadoria de Helena de Freitas, arquitetura de José Neves, projeto gráfico do ateliê Pedro Falcão e produção a quatro mãos de Francisca Listopad e Vera Barreto, continua até o dia 18 vindouro, na prestigiosa Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, a exposição “Gris, Vide, Cris” (“Cinza, Vazio, Gritos”, em português) o diálogo entre a obra magistral do escultor suíço, naturalizado francês, Alberto Giacometti, e o talentoso artista visual português Rui Chafes.
É curioso que o ano de nascimento do escultor lusitano seja aquele do passamento de Giacô: 1966. A mostra é coorganizada pelas fundações, a lisboeta e a parisiense. As três palavras que dão título à magnífica exposição unem os dois escultores, e assim eles se encontram fora da História e dos limites do tempo, a ousar, cada qual ao seu modo, os caminhos da noite e do desconhecido.
Terminada a exposição lisboeta, que atravessou parte da primavera, desde 18 de maio, e o atual verão, este diálogo entre ambos deve continuar a partir do próximo 7 de outubro, a 7 de janeiro de 2024, na Cidade Luz: o Instituto Giacometti, no 14° distrito, inaugura em breve a exposição “O Nariz”, com curadoria de Hugo Daniel. Ela será centrada nessa obra icônica de Giacô, inspirada no personagem popular Pinóquio e numa visão paradoxal da morte.
A obra “Le Nez”, em francês, foi concebida e retrabalhada ao longo dos anos pelo imenso artista, e, em torno dela – ou delas, pois será apresentada em cinco versões, do próprio instituto, do Centro Georges Pompidou e da Justin Sun Collection – haverá outras esculturas, desenhos e arquivos, reunidos para melhor elucidar as diferentes faces e interpretações do conjunto de seu legado magistral. O Museu do Quai Branly também participará, com uma obra.
O Instituto Giacometti é sempre fiel ao seu conceito de diálogo constante entre o mestre e artistas de novas gerações, a cada nova exposição. Por este motivo estarão presentes também as obras magistrais de quatro artistas contemporâneos, como o próprio Rui Chafes, ao lado de Annette Messager, Ange Leccia e Hiroshi Sugimoto. Eles darão uma nova luz sobre a arte de Giacô, nos dias atuais.
O acervo da Fundação Alberto e Annette Giacometti é o maior do mundo sobre o artista. Eles se conheceram em Genebra em 1943, e três anos depois ela o seguiu para Paris, onde vivia. Foram 20 anos de vida comum, e o casamento em 1949, até a sua morte em 1966. Ela foi a guardiã de seu legado até o ano de seu falecimento, em 1993.
Desde 2018, o Instituto Giacometti expõe, regularmente, a cada três ou quatro meses, quatro inventivas exposições por ano, testemunho de sua obra inestimável, símbolo da vida artística parisiense do pós-guerra. Ele está instalado no ex-ateliê do decorador Paul Follot (1877-1941), no 14° distrito da capital francesa, em belíssimo prédio que evolui do estilo Art Nouveau para o Art Decô.
Catherine Grenier é a presidente do instituto que tem como diretora artística Françoise Cohen, e Anne-Marie Pereira e Bertille Gauthier na Comunicação. O CAM – Centro de Arte Moderna Gulbenkian tem a direção de Benjamin Wiel, e adjunta Ana Botella, com Elisabete Caramelo, Luís Proença, Leonor Vaz e Ira Pazote na equipe de Comunicação.
Mais informações: www.gulbenkian.pt e www.institut-giacometti.fr