Farol de Itapuã: 150 anos iluminando Salvador

 

Por Albenísio Fonseca

Marco emblemático do bairro, quinto farol a ser erguido na Bahia e o vigésimo segundo no Brasil, o Farol de Itapuã completa 150 anos em 2023.

Tombado pelo patrimônio histórico da Bahia em 1973, quando do centenário do equipamento – erguido sobre a pedra da Piraboca e inaugurado em 7 de setembro de 1873 – o farol precisa estar aberto à visitação pública, para turistas, estudantes e à própria comunidade.

Fim de tarde no Farol de Itapuã, em Salvador. Foto: Flávio Silva – Arquivo Portal Turismo Total.

O farol tem 21 metros de altura e sua luminosidade pode ser vista a uma distância de 14 milhas da costa. Sua importância, como orientador aos navegantes é fundamental para proteger as embarcações do risco de naufrágio, na medida em que o mar de Itapuã – aberto ao Oceano Atlântico – é cercado por recifes e eventuais bancos de areia. Características, contudo, que tornam sua praia uma das mais frequentadas do bairro nos finais de semana, principalmente no Verão.

A praia do Farol de Itapuã é também ponto de desova de tartarugas marinhas, o que faz aumentar sua relevância logística e ambiental. A torre do Farol, inicialmente, foi pintada em roxo-terra. Depois, com faixas branca e laranja. Por volta de 1950, ganhou os tons vermelho e branco, mantidos até à atualidade.

O imprescindível equipamento começou a ser dotado de tecnologias mais modernas, como o eclipsor, dispositivo que acende e apaga automaticamente, em 1923. A partir de 1939 passou a contar com uma válvula solar. Somente em 1986 ganhou energia elétrica.

Hoje, aos 150 anos, o Farol de Itapuã, além do seu caráter funcional e sua consolidação em cartão postal, é mais um importante referencial do patrimônio material e cultural do bairro.

Com torre redonda, lanterna e galeria, o Farol de Itapuã está montado sobre uma base de concreto e é ligado à terra por uma passarela em arcos de concreto.

A responsabilidade pela construção do Farol foi do Engenheiro Zózimo Bráulio Barrozo.

Para tanto, representando o governo imperial, assinou contratos com as empresas P&W MacLellan, de Glasgow, na Escócia, que fabricou as torres de ferro fundido, e com a Barbier & Fenèstre, de Paris, que produziu as lentes.

A encomenda a estas empresas integrava o projeto de expansão da iluminação costeira do Brasil, então com apenas 13 faróis. A iniciativa, promovida durante o Segundo Reinado, sob a égide do imperador Pedro II, envolveu a compra de um lote de equipamentos para nove faróis.

Os kits adquiridos previam a montagem ou desmontagem rápida dos equipamentos. Esse tipo de farol, pré-fabricado – o de Itapuã seria o último daquela leva a ser instalado no país – foi criado pelo inglês Alexandre Gordon. Sua invenção possibilitou a implantação de novos faróis em diversas partes do mundo. O primeiro deles permanece em operação, desde 1842, em Morant Point, na Jamaica.

Localizado na linha de surf da praia, o Farol de Itapuã, está a cerca de 20 km (13 milhas) a leste do nordeste do Farol de Barra. O plano focal é de 24 metros (ou 79 pés). Vale ressaltar que o litoral da Bahia é o maior do Brasil, com 932 quilômetros, o que corresponde a 12,58% de toda a costa do país.

Alem do ‘esplendor fálico’ que ostenta sob o sol, ele é parte inseparável da vida noturna de Salvador. Sob o céu estrelado ou em meio às tempestades, seu facho branco emitido a cada seis segundos, tal qual um flash, permanece aceso – como uma réstia de luz – a iluminar nossa história. Foto: reprodução.

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