Os fãs de cachaça – que não são poucos já que é a terceira bebida destilada mais consumida no mundo e a primeira no Brasil – encontram no turismo rural uma forma de unir sabor com lazer. Para estes turistas a viagem acontece em torno da bebida que, cada vez mais exigentes e em busca de experiências, se aprofundam na cultura e na história da “branquinha” e, por consequência, do destino. De acordo com dados de 2022 do Programa Brasileiro de Desenvolvimento da Aguardente de Cana, Caninha ou Cachaça (PBDAC), a produção da bebida é em torno de 1,3 bilhão de litros por ano.
A estimativa é que existam cerca de 40 mil produtores de cachaça artesanal no Brasil. E a Estância Hidromineral de Socorro – cidade turística localizada no Circuito das Águas Paulista e referência em aventura e ecoturismo – representa este cenário. Há a predominância da cachaça artesanal, produzida em pequena escala por pequenos produtores, na maioria com mão de obra familiar. No processo de produção a destilação é feita em alambiques de cobre e a fermentação ocorre de forma natural.
Diferente das cachaças industriais, administradas por empresas, a cana-de-açúcar é cultivada em grandes áreas. E, em larga escala são utilizadas, muitas vezes, colunas de destilação e tonéis de aço-inox, a adição de produtos químicos na fermentação e não se separa a parte nobre do destilado.
“A produção de cachaça preserva a tradição da nossa região. São famílias pequenas, de geração para geração, que dão continuidade à história do município”, diz orgulhosa Wellen Mazzolini de Lima Moraes, filha de João Evangelista, proprietário do Alambique Pioneira. Para conhecer um pouco desta história, vale montar despretensiosamente um roteiro cheio de sabor, aromas, experiências e lindas paisagens para comemorar o Dia Nacional da Cachaça, 13 de setembro. De visitação à plantação até um bom bar para degustá-la, o passeio será inesquecível.
Visitação
A dica é começar pelo tour guiado e gratuito no Alambique Pioneira para entender todo o processo que envolve a produção: área de produção, moagem, caldeira, tachas e alambique. De lá saem a cachaça prata (branquinha), premiada no Festival de Cachaça Jandaia do Sul/ PR; cachaça ouro (envelhecida no tonel de carvalho e amburana) e canelinha. Mas, a “marvada” preferida é a cachaça na cana, com sabor adocicado por conta da planta in natura colocada na garrafa. São 36 anos de uma produção artesanal e familiar, que inclui melado, rapadura e açúcar mascavo, vendidos em uma pequena loja na propriedade. Aliás, quem for lá na semana do dia 13 de setembro ganhará uma minicachaça, nas compras acima de R$ 50.
Outro local para visitação diária monitorada é o Alambique do Campo, localizado dentro do Hotel Fazenda Campo dos Sonhos, aberta ao público, com pagamento de entrada, e gratuita para hóspedes.Os turistas passeiam por todo o processo de produção de cachaça, desde a colheita da cana até o envase, com direito a degustação. A Cachaça Ouro – envelhecida em barris por mais de 15 anos, o que origina uma bebida excepcionalmente suave e rica em sabores -, Destilada, Bi-Destilada e envelhecida estão disponíveis para compra nas lojas dos hotéis fazenda Campo dos Sonhos, Colina dos Sonhos e Parque do Sonhos.
Empórios com cachaças próprias
O Empório Nono Alpi é parada obrigatória para experimentar a tradicional Cachaça Nono Alpi produzida de forma artesanal desde 1941 com uma das melhores águas do país pelo primeiro alambique do Circuito das Águas Paulista, hoje na terceira geração da família proprietária. “A Alpi é uma cachaça única, com fermentação natural e destilação feita em alambique de cobre. Uma pinga especial de excelente aroma e sabor principalmente para caipirinhas”, afirma Michele Alpi, sócia do Alambique. São produzidas outras cachaças que repousam em barris de carvalho, jequitibá rosa, bálsamo ou amburana e entre as mais vendidas está a Gabriela – com mel e canela -, envelhecida no carvalho. E ainda tem as saborizadas com mel, banana, jabuticaba, anis, avelã, catuaba, canelinha e rapadura.
Uma passada no Empório do Lobo garantirá degustação e compra da Cachaça do Lobo, um sonho antigo de seu criador, o engenheiro Maurício Righetto, que desejava produzir uma cachaça diferenciada. Em 2014, foi adquirida a primeira parte da propriedade rural onde hoje se encontra o Sítio Toca do Lobo. Foram comprados equipamentos modernos em fabricante especializado. O controle rigoroso da fermentação e a utilização de produtos selecionados, aliados a água vinda da mina dentro da propriedade e ao cuidado de uma produção quase pessoal, garantem uma cachaça fina, artesanal e de altíssima qualidade.
Variedade
Quem gosta de cachaça saborizada de forma artesanal precisa conhecer a do Sabores do Currupira. As cachaças são armazenadas em barris onde são curtidas com frutas e a própria cana, que dão origem à pura, banana, carvalho, café, rapadura e a mais vendida que é a cachaça na cana. Além do quiosque no Horto, os produtos são encontrados no Grínberg´s Village Hotel ou por aplicativo para todo o país.
Apreciadores da bebida vão gostar de conhecer o Empório do Cristo e a Cachaçaria Santo Mé com inúmeras cachaças para venda.
Bares e restaurantes
Na rota, vale incluir experimentar a bebida em drinques nos bares e restaurantes da cidade.
Os turistas que forem curtir o pôr do sol na Pedra Bela Vista vão adorar a cachaça da Pedra, de saborização própria com capim santo, servida em dose ou no drinque Stone Mood, que ainda leva rum Malibu, limão e água com gás.
A cidreira também é a aposta do restaurante do Camping Boaretto – Vale das Pedras, que tem como especialidade a Caipirinha feita com a planta e limão. Cultivada e colhida na própria fazenda, a cidreira está sempre fresca para o preparo do drinque com a cachaça artesanal. Outra opção é saborear as cachaças branquinha, amarelinha envelhecida e na cana.
No Lion Bar e Restaurante, a delícia fica por conta da mistura entre cachaça de jambu com limão, açúcar e fernet, na Macunaíma.
Eventos da cidade
Para Eduardo Bovi, presidente da Associação de Turismo da Estância de Socorro (ASTUR), com mercado aquecido é uma boa hora de investir e atrair os viajantes para a cidade. No primeiro semestre de 2023 foram 22,4 milhões de turistas circulando pelo estado, enquanto no mesmo período de 2022 foram 18,7 milhões, um aumento de 19,7%. Os dados são do balanço do turismo no estado de São Paulo realizado pelo Centro de Inteligência da Economia do Turismo (CIET) da Secretaria de Turismo e Viagens do Estado de São Paulo.
Se depender do calendário cultural dos próximos meses, Socorro terá vários atrativos. Na segunda quinzena de setembro, dia 24, haverá o evento do Cittaslow, com ênfase no que a cidade oferece para o “bem viver”. Em outubro, acontecerá o Festival Gastronômico, com novidades de vários estabelecimentos. E, em novembro, o Luzes de Natal, que encanta adultos e crianças ao decorar os principais pontos da cidade.
Saiba mais no site oficial: www.socorro.tur.br
Descubra Socorro: Estância Hidromineral de Socorro é o portal de entrada do Circuito das Águas Paulista, composto por nove municípios. Já é referência nacional em turismo de aventura e turismo acessível e se dedica para se tornar também um destino sustentável e pet friendly. Para isso, diversas ações de conscientização são criadas e envolvem moradores, empresários e turistas. Gastronomia variada, lazer para toda família e a melhor experiência em atividades culturais e passeios cercados pelas belezas naturais da Serra da Mantiqueira. Visitas guiadas ou autoguiadas em mais de 1300km de caminhos rurais disponíveis ao público. Em 2021, a “cidade aventura” – com mais de 20 atividades de aventura e ecoturismo – recebeu o selo Safe Travels (viagens seguras) concedido pela World Travel & Tourism Council (WTTC). Além de ser finalista nas categorias Aventura e Ecoturismo, foi vencedora no Top Destino Social, no prêmio Top Destinos Turísticos. E ainda, Socorro passou a ser a primeira cidade brasileira qualificada como membro da rede Cittaslow, uma associação internacional de localidades “onde viver é bom”.
ASTUR – A Associação de Turismo da Estância de Socorro – SP, que tem como objetivo a promoção de ações para o desenvolvimento sustentável das empresas associadas e o fomento do turismo de Socorro, sempre em consonância com o COMTUR (Conselho Municipal de Turismo) da cidade. Na “Estância Hidromineral” – status conquistado por cumprir determinados pré-requisitos definidos por Lei Estadual, o que também dá o direito ao município de agregá-lo ao nome -, atualmente, são 80 empresas associadas de diversos setores turísticos como hospedagem, ecoturismo, atividades de aventura, turismo rural, gastronomia e compras. Fotos: divulgação.