Por Nelson Rocha, de Lisboa
O domingão foi parcialmente nublado na capital portuguesa, mas São Pedro fez também o sol brilhar e alegrar mais ainda a Lavagem da Igreja de Santo Antônio em Lisboa, evento que atraiu milhares de lusitanos e turistas. O que se viu foi uma manifestação do sincretismo religioso da Bahia, com a participação de representantes das religiões de matriz africana, que desembarcaram no coração da capital portuguesa para celebrar essa união histórica, cultural e religiosa entre portugueses e brasileiros.
Presente mais uma vez na lavagem, a produtora cultural baiana Irá Carvalho, que apostou desde o início no sucesso do Festival Cultural Brasileiro Lavagem de Santo Antônio de Lisboa, declarou:
– É uma emoção estar aqui produzindo este evento. Desde o primeiro ano que eu senti a energia do público, a participação popular…A gente está muito feliz de chegar no segundo ano desta manifestação cultural, um evento brasileiro realizado em outro país por brasileiros. A satisfação é completa – afirmou.
Quem também curtiu a Lavagem, pelo segundo ano foi a baiana e publicitária Fayga Keller.
– A comunidade de brasileiros que cá vive aderiu mais esse ano, isso é notável… e também as pessoas da cidade e visitantes. A concentração começou às 11h30, no largo do Rossio, e uma hora e pouca depois a gente saiu dali e aqui estamos na igreja de Santo Antônio, com esse belo dia. Estava previsto muita chuva, mas o sol nos abrilhantou- pontuou-.
Este ano o evento, iniciado com uma conferência sobre o tema Origens e Lusofonia, na quinta-feira, 14, no Museu de Lisboa Santo Antônio, prosseguiu na sexta-feira, 15, com uma Missa de Agradecimemto no início da noite, na Igreja de Santo Antônio e, no domingo, além do cortejo e da lavagem simbólica do templo sagrado, a programação reservou a realização de uma Feijoada no Centro Cultural do tradicional bairro de Alfama, animada por artistas convidados.
Pela primeira vez nos festejos, a também baiana e profissinal de marketing Paula Guimarães Lopes, se manifestou:
–Estou achando ótimo. Fazer uma festa desta em Portugal, ou em qualquer lugar o mundo, misturando religiões, culturas, só a gente mesmo. Muito bom!-
– Estou muito satisifeita, feliz, em ver a Bahia em Lisboa, com todos esses grupos de atabaques, percussivos, de axé…A gente está se sentindo em Salvador, em Lisboa. Até a chuva abençoada logo depois deu passagem para o cortejo com o sol a brilhar – disse a produtora cultural baiana Márcia Damasceno, aqui residente, acrescentando agradecimentos pelo apoio das entidades portuguesas e brasileiras envolvidas com a produção e realização do evento.
O escritor, compositor, jornalista e produtor musical brasileiro Nelson Mota, e a cantora portuguesa Carminho, padrinho e madrinha do evento, não puderam estar presentes. A embaixadora do evento, Lili Caneças, sim, e o grande destaque foi a participação de habitantes e visitantes de Lisboa, que aprovaram e credenciarem os produtores, religiosos e artistas baianos à retornarem em 2024.
A Lavagem de La Madeilene, em Paris, já acontece há mais de duas décadas. Que o Festival Cultural Brasileiro Lavagem de Santo Antônio de Lisboa possa retornar no proximo ano, a fixar o evento como uma das principais atrações brasileiras do verão na Europa. Com fé em Antônio e Axé.