Por Cláudio Magnavita
Hora de trocar a vergonha pela indignação.
A chacina dos três médicos e o quarto internado foi um soco no estômago no setor do turismo. Um congresso internacional, captado com muito custo há alguns anos, acaba sendo maculado por um crime inaceitável. A imagem do Rio e, junto com elas, milhares de empregos foram jogados no lixo. No complexo da Barra está sendo realizado o evento internacional de ortopedia e um com 4 mil fonoaudiólogos. Ambos os eventos estão sendo realizados em estado de choque.
Dias antes, uma reunião em Brasília sacramentou a unidade Governo Federal e Governo do Estado, com uma operação conjunta sendo indicada na Maré. O que deteve o envio das tropas nacionais e uma atuação emergencial no Rio foi a interferência do Ministério Público Federal, coagindo o Ministério da Justiça com ameaças de levar à Corte Interamericana de Direitos Humanos.
Esta proteção inesperada usando os direitos humanos como colete protetor da bandidagem é o que tem turbinado o crescimento da violência, da mesma forma que uma decisão da Suprema Corte, tomada por ministros que são escoltados pelos seus séquitos de seguranças, inibe a atuação de favela e cria bolsões férteis para a criminalidade.
Será que estamos no mesmo país? Enquanto na Bahia, o Ministério Público Federal libera a atuação conjunta entre União e Governo Estadual, no Rio o freio de mão é puxado. De forma premonitória, a edição nacional do Correio da Manhã, de quinta, 05 de outubro, criticava a interferência do MPF no Rio e as ameaças ao ministro Flávio Dino. Por que na Bahia pode e no Rio não? Será que há interferência na cor da legenda partidária que comanda o estado?
Se as tropas tivessem desembarcado e houvesse uma demonstração de força do Governo Federal e Estado nas ruas, a bandidagem teria coragem de promover uma execução em plena Barra da Tijuca? O que o Ministério Público Federal, no seu olhar de Direitos Humanos, vai dizer às famílias dos médicos enlutados?
O que ocorreu nos envergonha. Terá sequelas graves em um segmento no qual a felicidade e segurança são básicos, o turismo. Os tiros não ceifaram só médicos renomados e que teriam muito a contribuir com a sociedade e a medicina, mas sim, a nossa imagem nacional e anos de captação de eventos para o Rio.
Todos que amam o Rio e trabalham com turismo estão envergonhados. Porém, esta vergonha tem que virar indignação. A capacidade de reagir e exigir tolerância zero tem que ser absoluta. As nossas polícias não podem continuar enxugando gelo. O poder judiciário não pode liberar bandido que entra algemado e sai assobiando de uma delegacia.
Cabe ao legislativo federal retomar o projeto que considera crime hediondo o ataque a turistas, que, minutos antes de serem mortos, curtiam com felicidade a nossa cidade.
Está na hora de um sonoro basta.
- Cláudio Magnavita é Diretor de Redação do Correio da Manhã – Foto: arquivo PTT.