Por Luis Fernando Lisboa
Um mergulho na valorização de histórias de vida, a partir de uma das mais significativas expressões culturais do Nordeste: os cordéis. É essa experiência que a exposição “Vidas em Cordel” traz em treze narrativas individuais, apresentadas como obras literárias, ao mesmo tempo épicas e cotidianas. A iniciativa do Museu da Pessoa, um dos primeiros museus digitais do mundo e dedicado à difusão de histórias de vida, estará em cartaz no Museu Afro-Brasileiro da Universidade Federal da Bahia (MAFRO), a partir do dia 19 de outubro.
“Vidas em Cordel” ficará em cartaz até o dia 9 de dezembro, com horário de visitação das 9h às 17h, sempre de segunda a sexta-feira. A entrada para o MAFRO custa R$10 (inteira) e R$5 (meia), e o pagamento só pode ser feito em espécie. A gratuidade é garantida para crianças de até 5 anos (acompanhadas dos pais ou responsáveis) e para estudantes e professores da Rede Pública e Comunidade da UFBA.
A expografia física de “Vidas em Cordel” é composta por trechos das histórias cordelizadas, distribuídos em grandes painéis ilustrados com xilogravuras, minibios das figuras que são retratadas nos cordéis e textos sobre a cultura do cordel. Além disso, o público encontrará QR codes interativos, um espaço instagramável para registrar sua passagem pela exposição e marcar o @museudapessoa e um carrinho com distribuição gratuita dos cordéis impressos.
Os visitantes vão conhecer mais sobre a história de personagens como Dona Dalva Damiana, referência do samba de roda do Recôncavo Baiano; a escritora e poetisa mineira Tula Pilar (1970-2019); Ailton Krenak, ativista ambiental, filósofo e o primeiro escritor indígena imortal da Academia Brasileira de Letras; e Tião Rocha, educador e folclorista brasileiro.
“Vidas em Cordel” é uma homenagem à arte de ouvir e contar histórias. A iniciativa é uma forma de valorizar o legado da cultura popular brasileira através das suas narrativas individuais, como uma herança a ser transmitida e sempre reapropriada.
CURADORIA
A curadoria é assinada pelo poeta e cordelista Jonas Samaúma, o cordelista e pesquisador do folclore brasileiro Marco Haurélio, e a xilogravadora Lucélia Borges. “A exposição Vidas em Cordel traz um cordão de histórias, mostrando um Brasil diverso, caleidoscópico, com suas mazelas e injustiças, mas também com suas belezas e encantos. Um verdadeiro tributo à coragem e à resiliência dessas pessoas”, afirma Marco.
A arte da xilogravura também desempenha um papel essencial na exposição. Cada gravura foi cuidadosamente esculpida pela curadora Lucélia Borges, ao lado de Artur Soares, artista convidado para compor a equipe de construção visual dos cordéis. As criações dão vida aos personagens, cenários e acontecimentos que povoam as histórias selecionadas. Embora não seja a única técnica utilizada para ilustrar as capas dos cordéis, a xilogravura é a mais característica.
ITINERÂNCIA
De caráter itinerante, a exposição chega a Salvador na próxima semana para a sua maior temporada, depois de outras três paradas na Bahia: a IV Festa Literária Internacional do Paiaiá, no povoado de São José do Paiaiá, pela Feira Literária de Mucugê (Fligê) e pelo Festival Literário e Cultural de Feira de Santana (FLIFS). Ela ainda percorrerá outros estados brasileiros ao longo do ano de 2024.
Para Lucas Lara, diretor de museologia do Museu da Pessoa, “Vidas em Cordel” explora o que há de único e coletivo, banal e extraordinário na vida de cada um de nós. “A exposição nos mostra que, assim como a literatura de cordel, nossas histórias também são patrimônios culturais brasileiros”, detalha”.
ONLINE
Além da versão física, “Vidas em Cordel” possui conteúdos exclusivos online que podem ser acessados no endereço https://memo.museudapessoa.org/vidas-em-cordel/. Na exposição digital, também estão reunidas informações complementares e uma experiência diferenciada em relação à itinerante.
Na lista de conteúdos online exclusivos, está o livreto “Vidas em Cordel para Educadores”. O material educativo é gratuito, voltado para auxiliar professores a conhecer e refletir sobre as histórias de vida de brasileiros e brasileiras através da literatura de cordel, colaborando com a preparação dos alunos para a visita à exposição ou para o uso em atividades educativas.
Além disso, no site, é possível conferir os posts no Instagram de quem visitou a exposição física, cordéis animados, a agenda completa da itinerância, conteúdos sobre a cultura do cordel e ainda uma playlist com músicas selecionadas pelos curadores para embalar a visita da exposição digital. Outro produto digital é o podcast com narração de Marcelino Freire e Klévisson Viana. A temporada apresenta, a cada episódio, uma história de vida cordelizada.
Sobre o Museu da Pessoa
O Museu da Pessoa (www.museudapessoa.org) é um museu virtual e colaborativo fundado em São Paulo em 1991, com o objetivo de registrar, preservar e transformar histórias de vida de toda e qualquer pessoa em fonte de conhecimento, compreensão e conexão. O Museu da Pessoa conta com um acervo de mais de 18 mil depoimentos em áudio, vídeo e texto e cerca de 60 mil fotos e documentos digitalizados de brasileiros e brasileiras de todas as regiões, idades, classes e atividades. Desde seu início, sua plataforma virtual contabiliza mais de 2.500.000 acessos únicos.
SERVIÇO
O quê: “Vidas em Cordel” | Museu da Pessoa
Quando: 19 de outubro a 9 de dezembro
Segunda a sexta-feira, das 9h às 17h (exceto feriados)
Onde: MAFRO (Museu Afro-Brasileiro da Universidade Federal da Bahia)
Terreiro de Jesus, s/nº – Centro Histórico (Pelourinho)
Quanto: R$10 (inteira) e R$5 (meia)
Gratuidade para crianças de até 5 anos (acompanhadas dos pais ou responsáveis) e para estudantes e professores da Rede Pública e Comunidade da UFBA.