Extraída dos manguezais, a ostra é um dos produtos que formam a base da economia das comunidades remanescentes de quilombos, em Cachoeira, na zona turística Baía de Todos-os-Santos. Para facilitar o escoamento da produção do marisco, o Conselho Quilombola da Bacia e Vale do Iguape promoveu, no último fim de semana, no quilombo Kaonge, o Festival Cultural e Gastronômico da Ostra. O evento teve o apoio do Governo do Estado, por meio das secretarias de Turismo (Setur-BA) e de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi) e da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR).
O festival é um dos atrativos do turismo de base comunitária e recebeu quase 10 mil visitantes de várias regiões da Bahia e do Brasil, além dos Estados Unidos, da Alemanha e África, em três dias de atividades. Foto, crédito Tatiana Azeviche.
“É a minha primeira vez no Brasil e em comunidade quilombola. Tem sido uma bela experiência, porque estou curtindo os diferentes aspectos da cultura”, revelou a norte-americana Angeli Teix. “Estou sendo muito bem recebida. É como se estivesse de volta ao meu lar, em Gana”, completou a africana Grace Owusu.
A programação teve degustação de receitas de ostras, oficinas, debates, comercialização de produtos, desfile de moda e apresentações artísticas. “A festa é transversalidade, dialoga com meio ambiente, sustentabilidade, saneamento básico, produção dos manguezais, educação, cultura e saúde, com o propósito de fortalecer a economia quilombola”, ressaltou o orientador do quilombo Kaonge, Ananias Viana.
Durante o evento, a Setur-BA ressaltou o trabalho do órgão para o incremento da economia solidária, com a capacitação e qualificação dos serviços turísticos oferecidos em quatro quilombos da região e ações conjuntas desenvolvidas pelo Comitê Gestor do Turismo Comunitário. O colegiado é formado por 10 secretarias estaduais, as universidades Uneb e Ufba e entidades da sociedade civil, com o objetivo de criar atividades atrativas em comunidades tradicionais. Foi assim que surgiu a Rota da Liberdade, um roteiro histórico e cultural, abrangendo localidades do Recôncavo que participaram das lutas pela Independência da Bahia.
“Esse é um segmento que tem recebido uma atenção especial do Estado, por envolver comunidades que necessitam de políticas públicas para melhorar a qualidade de vida do seu povo, por meio do turismo e de outros setores da economia, além de ganhar visibilidade com a oferta de experiências únicas, vivenciadas pelos turistas que escolhem esse território quilombola”, pontuou a assessora técnica da Setur-BA, Ilnah Oliveira.