De Curitiba a Morretes: a viagem de trem mais bonita do Brasil

 

Por Zaqueu Rodrigues – Texto e fotos

A viagem de trem de Curitiba a Morretes, no litoral paranaense, encanta viajantes de todas as idades. Serpenteando as montanhas da Serra do Mar, numa das maiores reservas de Mata Atlântica do Brasil, atravessando túneis, pontes e viadutos, o trem turístico da Serra Verde Express proporciona um passeio extraordinário que combina relaxamento, luxo, cenários deslumbrantes e histórias.

                      Trem turístico serpenteia as montanhas encobertas pela Mata Atlântica

O trem turístico é operado pela Serra Verde Express desde 1997. Ele contém 25 vagões personalizados de acordo com as categorias – da econômica ao luxo – e capacidade para transportar 1200 pessoas em viagens com duração média de 4h. No correr da história, mais de 4 milhões de passageiros já realizaram a viagem.

Menos de 71 km separam as duas cidades. O trem se movimenta suavemente, atingindo a velocidade máxima de 30 km/h. Embora o tempo de viagem de Curitiba até Morretes pareça longo, não é – as 4h passam voando. Então, aproveite para fotografar e, principalmente, experienciar a viagem com presença. Cada parte do percurso reserva descobertas, belezas e vestígios que enriquecem a experiência.

A viagem é acompanhada por guias de turismo que contextualizam o percurso. Após deixar a estação rodoferroviária no centro de Curitiba, o trem turístico atravessa a vida urbana até a paisagem ganhar contornos de interior. O trem passa pelas cidades de Pinhais e Piraquara, serpenteia a Serra do Mar e segue até o ponto final, Morretes. Em relação ao nível do mar, o percurso representa uma descida de 945 metros [Curitiba] para 10 metros [Morretes].

O passeio revela uma série de paisagens monumentais. A centenária ferrovia Curitiba-Paranaguá conta com 13 túneis e 41 pontes. Entre os cenários que compõem a viagem estão o Bosque das Araucárias, árvore símbolo do Paraná, o salto de 70 metros da majestosa Cachoeira Véu da Noiva, antigas estações, ruínas, canyon, rios, picos, represas e a diversidade de vida, cores, perfumes e belezas da Mata Atlantica.

O Vagão Copacabana, da categoria luxo, esbanja requinte, ornamentos e serviços personalizados.

O trem turístico dispõe de vagões e serviços para diferentes perfis de viajantes. A categoria não significa necessariamente a melhor localização para experienciar a viagem. Os carros Boutique, por exemplo, estão entre os melhores, pois oferecem, além de janelões com ampla vista, sacadas abertas excelentes para contemplar as atrações durante o percurso, fotografar e sentir o ar puro da floresta.

Os carros da categoria Boutique – Imperial, Guardiões do Marumbi, Barão de Serro Azul e Bove – incluem serviço de bordo com água, refrigerante e cerveja à vontade, lanche e guia bilíngue. A viagem no vagão Bove foi muito boa, pois ele é confortável, tem visão aberta de ambos os lados e varandas amplas. O vagão também é pet.

A ferrovia, considerada uma obra-prima da engenharia, foi criada pelos irmãos Antonio Pereira Rebouças Filho e André Rebouças, primeiros engenheiros negros do Brasil e entre os mais notáveis do século 19. Atendendo ao pedido dos irmãos, o Imperador Dom Pedro II não empregou mão de obra escravizada na construção da ferrovia, que foi inaugurada no dia 2 de fevereiro de 1885.

O Viaduto Carvalho é o cartão-postal do passeio. Sua curva provoca a sensação de que o trem está voando. O projeto inicial previa no local um túnel em curva, mas o teto desabou, deixando como uma única opção derrubar a face da montanha para conseguir manter o traçado original. Assim nasceu o primeiro viaduto em curva do mundo. Ele foi projetado pelo arquiteto português Joaquim Condessa e tem 84 metros de extensão.

A ponte São João, pousada sobre o rio de mesmo nome, é outro cenário cinematográfico que fascina tanto pela beleza quanto pela grandeza do projeto. Ela foi inaugurada em julho de 1884 com 113 metros de comprimento e 70 metros de vão livre. A ponte São João soma 58 metros de altura e pesa 480 toneladas. Ela foi projetada no Brasil e fabricada na Bélgica, de onde veio de navio até o porto de Paranaguá.

Num piscar de olhos estamos chegando na cidade de Morretes. Ao desembarcar na histórica estação notamos que a atmosfera é de interior, que estamos agora em uma cidadezinha histórica que se move num ritmo que permite contemplar a vida sem pressa.

O ponto final do trem turístico é a estação de Morretes, pequena cidade cravada ao pé da Serra do Mar paranaense. Nela os passageiros descem para conhecer as cidades históricas do litoral – Morretes, Antonina e Paranaguá. Há quem desça, almoce, faça um breve passeio, umas compras e retorne à Curitiba no trem das 15h.

As três cidades conservam um precioso conjunto arquitetônico colonial. Em Morretes, a igreja de Nossa Senhora do Porto é de 1798 e abriga a Via Sacra pintada pelo artista morretense Theodoro de Bonna. Em Antonina, as casas históricas do centro exibem uma plaquinha com o nome da música predileta do morador.

Maior das três cidades, Paranaguá tem a cultura portuária como principal atividade econômica. Os patrimônios históricos e naturais, assim como ocorre em Morretes e Antonina, ampliam cada vez mais a importância do segmento de turismo. O centro histórico da cidade é tombado pelo Iphan – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.7

A história e a cultura estão presentes em toda a viagem. Na estação de trem de Morretes, um pequeno museu apresenta a cidade e suas personagens. No Parque Temático Hisgeopar, uma grandiosa maquete em movimento, sob a condução de uma guia, conta a história e a geografia do Paraná.

Essa rota pelas cidades históricas do litoral paranaense é desses destinos que fazem parar o tempo pela hospitalidade de seus moradores, pelas belezas naturais, pelos casarios antigos coloridos, pelas ruas de paralelepípedos, pela pracinha do pôr do sol, pela igreja matriz, pelo barquinho no mar…

A cidade de Morretes é a terra do prato típico do litoral paranaense, o Barreado, que atrai visitantes de todos os cantos somente para apreciá-lo. De acordo com os pesquisadores, o prato resulta de um encontro entre as cozinhas indígena, portuguesa, açoriana. O certo é que ele une gerações e se tornou o grande símbolo da pequena cidade.

Há diferentes pacotes de viagens que vão desde viagem de ida de trem até Morretes apenas até viagem de ida e volta, passeios e vivências nas cidades históricas entre outras modalidades que permitem visitar o litoral paranaense com mobilidade e conectividade.

São Paulo

No interior de São Paulo, a Serra Verde Express opera o trem turístico   Trem Republicano, com viagens entre as cidades de Itu e Salto.

O Trem Republicano também é categorizado e conta com vagões que celebram personagens da política e da cultura, como o cineasta Anselmo Duarte. O passeio inspira uma viagem pela história do Brasil. Fonte: Diário do Turismo.


* O jornalista viajou com seguro Vital Card e ficou hospedado no hotel Grand Mercure Curitiba Rayon, no centro de Curitiba

Para mais informações sobre horários, eventos e valores dos passeios em Curitiba e São Paulo, acesse www.serraverdeexpress.com.br

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