Por Arlon Souza
Morando em Madrid desde fevereiro deste ano, o fotógrafo baiano Robério Braga ocupa neste mês de novembro o espaço Remax Arte, através da Boom! Art Community, uma plataforma de difusão de artistas ibero-americanos contemporâneos. A abertura da exposição “Luz Negra” para convidados dos apoiadores – o Consulado Geral do Brasil e do Museu Africano de Madrid – será esta terça (14) e para o público em geral no dia 15/11, às 19h30.
Com obras no acervo permanente de diversos museus e galerias nacionais e internacionais, a exemplo do Museu Afro Brasil, o Museu da Imagem e do Som (MIS /SP) e a Fundação Dom Luís I (Caiscais-Portugal), Robério Braga expande agora as suas criações para uma das metrópoles referência para as artes visuais no mundo: Madrid.
Na exposição “Luz Negra”, que recebeu menções honrosas em concursos importantes, como o Spider Black & White Award e o Lens Culture, o fotógrafo registra as estratégias de povos nômades da África Oriental (Quênia e Tanzânia) para preservar sua herança cultural e ancestral, que se adapta para sobreviver em um mundo globalizado. Teaser da exposição: https://www.youtube.com/watch?v=izmSMfQPbpY
Braga revela como os povos Pokot, Samburu, Maasai e Turkana não abriram mão da sua identidade, encontrando alternativas para a confecção de indumentárias e adornos que expressam códigos sociais, culturais e políticos de cada uma dessas etnias. Com o tempo, as pedras semipreciosas e sementes foram sendo substituídas por contas de plástico. O couro de animais selvagens por tecidos industrializados.
“Para documentar essa saga de resistência, subverti a relação entre luz e sombra. Entre revelação e ocultamento. Embora as áreas iluminadas estejam repletas de significado, é na zona escura onde concentro minha poética, provocando tensão nos personagens enquanto estimulo a imaginação. Para potencializar a experiência do espectador, apresento um projeto expográfico que exibe adornos autênticos (alguns deles presentes nas imagens da série) bem como trilha sonora composta por cânticos das tribos visitadas, captados por mim durante as pesquisas”, detalha o fotógrafo.
O trabalho de Braga segue a tradição da antropologia visual e estética, evocando a essência de pioneiros como Sebastião Salgado, Zanele Muholi e Pierre Verger, bem como a abordagem distintiva de Edward Curtis no seu icónico trabalho fotográfico de nativos americanos. As fotografias realçam a nobreza e o orgulho dos temas, transformando-os em figuras escultóricas que evocam a majestade de deuses e deusas.
O contraste entre claro e escuro em “Luz Negra” cria uma narrativa visual profundamente evocativa que desafiou as convenções da fotografia etnográfica, documental e vernácula. A exposição, com curadoria de Miriam Montano, é um comovente testemunho da perseverança humana e um tributo à riqueza cultural da África Oriental. Fotos: Robério Braga.
Serviço:
Luz Negra: Uma Exploração Fotográfica da África Oriental por Robério Braga Abertura: 15 de novembro / Horário: 19h30. Até do dia 25 de novembro. Local: REMAX ARTE – C/Colmenar 7. Espacio Ornella De Simone. Informações sobre a exposição: Anamaria González Oxford / Tel.: 672 75 26 31 -à Robério Braga é representado pela Galeria Mário Cohen / Contatos: (11) 99124-1496 (WhatsApp) / +34 663 487 759/ Instagram: @roberiobraga
Sobre Robério Braga
Robério Braga (1971) é fotógrafo, diretor de fotografia e encenador com vasta experiência na área audiovisual. Formou-se em Comunicação Social pela UCSal em 1996 e atualmente reside em Madrid, Espanha. Investiga e fotografa há 30 anos temas relacionados aos rituais e costumes da população afrodescendente da Bahia. Seu trabalho começou a despontar no início dos anos 1990 quando participou da Bienal do Recôncavo, em São Félix (BA) e da Mostra Nacional de Fotografia na Universidade Federal da Bahia. Em 2003, fundou a produtora de audiovisual Maria Bonita Filmes, realizando projetos para a televisão, documentários e longa-metragem. Ao longo dos anos produziu várias séries fotográficas que visam exaltar e dar visibilidade à potência da ancestralidade e dos saberes que perpetuam a cultura negra da Bahia e da África.
Sobre Miriam Montano – Curadora
Miriam Montano de Juan (Madrid, 1999) é conservadora-restauradora e fotógrafa especializada na área da fotografia moderna e contemporânea. Graduado pelo Mestrado Oficial em Fotografia Artística e Novas Narrativas Documentais (TAI- Universidad Rey Juan Carlos) e em Conservação e Restauro do Património Cultural (Universidade Complutense de Madrid).
Prêmios
IPHAN – Evento de premiação do concurso de fotografias Etnográficas do Istituto do Patrimionio Histórico e Artístico Nacional – Menção Honrosa (Brasília, DF, Brasil) 2021 Spider Black & White Award – Mensão Honrosa 2021 Spider Black & White Award – Menção Honrosa 2018 Lens Culture – Finalista 2017 Parati em Foco – 3o lugar 2016 Prêmio Conrad Wessel finalista
EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS E COLETIVAS
2023 Individual # Espaço Cultural Remax (Madrid) 2022 Colectiva # Evento de premiação do concurso de fotografias Etnográficas do Istituto do Patrimionio Histórico e Artístico Nacional, Online – Menção Honrosa (Brasília, DF, Brasil) 2022 Coletiva # Museu De Arte Contemporênea de Sorocaba (São Paulo, acervo) 2021 Coletiva # Prêmio Spider Black &White Award (Beverly Hills , CA) 2020 Coletiva # Museu de Arte Moderna – Acervo (Salvador, Ba) 2019 Coletiva # Aperture Gallery – Prêmio Lens Culture ( New York, NY ) 2018 Individual # Galeria Mário Cohen – Retrospectiva ( São Paulo ) 2018 Coletiva # Parati em Foco – Premiação 2017 Individual # Centro Cultural Solar Ferrão ( Fundação Casa de Jorge Amado – FLIPelô) 2016 Coletiva # Museu de Arte Contemporânea de Sorocaba (mostra acervo) 2016 Individual # Museu Carlos Costa Pinto 2015 Coletiva # Fundação Conrado Wessel – prêmiação 2015 Coletiva # Museu Afro Brasil (Robério Braga e Pierre Verger) 2015 Individual # Museu Dom Luis I (Caiscais, Portugal) Coletiva # Museu de Imagem e Som – São Paulo (Coletiva: Josef Koudelka / Gregory Crewdson / Robério Braga / Valdir Cruz ) 1996 Coletiva # Salão Nacional de Artes Universidade Federal da Bahia 1992 Coletiva # Salão Nacional de Artes Universidade Federal da Bahia
Coletiva # Bienal do Recôncavo