Embarco no MSC Grandiosa no Rio de Janeiro e da minha cabine, a 14161, avisto a ponte Rio-Niterói. Essa gigante de concreto e aço vista do Rio não passa de uma gigante de concreto e aço. Mas daqui, da cabine do navio, vejo-a com outros olhos. Ela liga pessoas, sonhos e esperanças, presentes e futuras desde 1974.
Este gigante dos mares chegou em águas nacionais ligando Gênova a Maceió na semana passada e desde 2019 tem ligado não duas, mas centenas de cidades e pessoas, planos e esperanças pelo mundo afora.
Aqui dentro, da popa à proa, das salas de máquinas à cabine do comandante, acontece a união das ciências aplicadas, engenharia, design, matemática, física, tecnologia da informação e inteligência artificial com as artes conhecidas como maiores, a pintura, escultura, música, literatura, arquitetura, dança e cinema. O navio é um gigante com a soma de todos os saberes produzidos ao longo da história e está recheado de espírito humano!
Infinity Atrium
Assim que eu entro no navio, o Infinity Atrium aparece como uma afronta ao cinza do porto. Mas é uma fonte de inspiração. Ali, um artista em seu piano de cauda toca Burt Bacharach remetendo os acima de 50 (anos) a um estado fluido, invisível e impalpável, mas real, como as notas musicais que me entram pelas orelhas e se pulverizam na mente e se espalham no coração.
No Atrium, arte e engenharia, poesia e matemática, sons e matérias se abraçam e se beijam. Uma serpentina prateada, na verdade um genoma metálico, corta de cima a baixo todo o espaço do Atrium e seus espelhos multiplicam o movimento (e o sentimento) de dentro pra fora e de fora prá dentro de cada um que ali está.
Duas escadas sinuosas fazem a moldura de um espetáculo de engenharia que impacta por sua beleza, reluz por sua claridade e atrai por sua grandeza artística.
A Galleria Grandiosa com suas lojas em fachada colonial oferece uma cultura gastronômica ou de compras recheada de autenticidade. Foi aqui que uma ala da Escola de Samba União Imperial batizou o navio em águas brasileiras unindo samba e gingado e quase que dizendo: Aqui é Brasil!
Masters of the Sea
Na primeira noite no MSC Grandiosa, após o doce espetáculo Sweet da Companhia Carousel – que leva ao país da imaginação a mente mais acinzentada, fui para o Masters of the Sea, um barzinho intimista ótimo para um papo e uma, duas, três cervejas. Ali, a surpresa: encontro a amiga Maristela Kalil e seu marido Carlos Campos que embarcaram em Gênova.
“Fizemos toda a travessia Marselha, Barcelona Málaga, Funchal, Maceió, Salvador, Rio de Janeiro, Ilhabela e finalmente Santos, foi ótimo”, elogia Maristela.
Os dois não pouparam adjetivos positivos ao navio o que reforçou minhas observações preliminares e referendou a minha tese: Não basta eu falar bem, frases de marinheiro incidental não valem. É preciso ouvir os viajantes que experimentaram a travessia em sua plenitude. “O navio tem tudo pra justificar o seu nome grandioso, porque realmente é um navio bem cuidado, bem estruturado, possui atendimento espetacular, uma navegação suave e tranquila mesmo em mares algumas vezes pesados, vale a pena, foi muito bom ter feito esse cruzeiro. Eu recomendo a todos”, disse-me Carlos.
*Este texto é a continuação da série DIÁRIO de um cruzeirista confinado, publicada em fevereiro deste ano, quando o autor contraiu covid em um cruzeiro de 7 noites para a Bahia. (confira nas próximas edições a continuidade deste diário)
**Paulo Atzingen é jornalista e fundador do DIÁRIO DO TURISMO.