A companhia aérea Azul traiu Porto Seguro e a Bahia

 

 

Por Marcelo Sacramento*

Se um turista baiano ou nordestino de classe média, com recursos apertados fosse escolher hoje, entre passar o réveillon em Porto Seguro ou Madri, onde você imagina que ele escolheria? Nas condições atuais, sem medo de errar, ele escolheria Madri. No meu caso, amo as duas cidades, vou para Porto Seguro passar meu réveillon como faço há 5 anos, especificamente em Trancoso, mas poderia ser na sede do município, Arraial, Caraíva, Santo André ou Cabrália, paraísos não faltam naquela que é a cidade mais procurada no verão da Bahia pelos turistas e baianos que são nada mais nada menos que 15 milhões de habitantes.

Salvador é normalmente o desembarque inicial daqueles que vem à Bahia, tanto do Brasil quanto do exterior, um estado de dimensões superiores a inúmeros países do mundo, com polos regionais consolidados, como Ilhéus e Itabuna, Juazeiro, Chapada, Oeste, Conquista, Porto Seguro e Teixeira de Freitas, sendo também uma das portas de saída do Nordeste Brasileiro. No entanto, isto está sendo ignorado pela companhia aérea Azul, detentora do maior número de linhas regionais em nosso estado, neste final de ano e durante todo o verão.

O soteropolitano, nordestino ou passante por Salvador, que pensar em ir para o maior polo da estação do verão da Bahia que é Porto Seguro, pensará duas vezes antes de tomar a decisão e caso vá estudar as opções, certamente irá para outro destino e neste artigo tomei por comparação a cidade espanhola de Madri. Por um valor em torno de R$6.000,00 o turista voa de Salvador para Madri “direto”, sem escalas ou conexões, chegando no seu destino há 6.932 km de distância em 8 horas e 32 minutos. Este mesmo cidadão se resolver ir para Porto Seguro, há apenas 600 km em linha reta da nossa capital, terá que passear pelo aeroporto de Belo Horizonte fazendo um percurso de aproximadamente 1900 km ou de Campinas, 2100 km.

A empresa aérea Azul sempre voou direto, com uma duração de voo de 50 minutos e simplesmente retirou o voo, não sabemos sequer a informação correta, ou a certeza do motivo pelo qual retirou o voo direto. Passamos a ser forçados a gastar em torno de 6 a 20 horas entre voos, conexões e esperas em aeroportos para sair de Salvador e chegar à Porto Seguro pelos aviões da Azul.  O passageiro estará obrigado a usar o nariz de palhaço, gastará algo em torno de R$5.000,00 para se submeter a fazer “graça” para os gestores da Companhia Azul Linhas Aéreas submetendo-se a ser transportado nestas condições.

A cidade certamente receberá menos turistas, comerciantes irão vender menos, hotéis e restaurantes terão menos ocupações e toda uma cadeia que desenvolve a atividade turística na região sofrerá redução de clientes. O mais imoral, a falta de respeito ainda maior é com centenas de clientes que compraram e pagaram suas passagens antecipadas tanto de ida quanto de volta, planejaram férias com voos curtos de 50 minutos e os imorais da Azul agora estão entregando completamente diferente do que venderam e trocando compulsoriamente os lugares nos voos diretos por este trajeto absurdo, ficando evidente neste caso, que o cliente não está sendo tratado com respeito e ética, que para os responsáveis por esta prática absurda, muito pouco importa a satisfação de quem comprou e pagou por um produto e está sendo obrigado a receber outro, sem explicações ou alternativas.

No novo voo de ida, perderei um dia das minhas férias tendo que perambular pelos ares 2100 km a mais e no voo de volta, no qual estava planejado chegar em Salvador às 13 horas do dia 05/01, para participar da formatura da minha afilhada que acontecerá às 20:00, nesta nova jornada absurda só chegaremos à Salvador por volta das 19:30, após um passeio pelo aeroporto de Belo Horizonte. Pergunto aos antiéticos dirigentes da Azul linhas Aéreas, como estarei na formatura de medicina da minha sobrinha e afilhada às 20:00 horas? No mercado, quando se vende algo e não se entrega o que se vendeu, estes comerciantes são chamados de embusteiros, enganadores, farsantes, ardilosos, trapaceiros e mentirosos, é assim que a Azul linhas Aéreas está tratando os baianos neste verão.

Conclamo todos a buscar a reparação do direito aviltado na justiça brasileira, imaginando assim inibir estas práticas imorais e abusivas por parte daqueles que acham que podem influenciar negativamente na vida das pessoas, que de boa fé confiaram na oferta de serviços que foram colocados à venda ao público. Uso ainda este espaço para chamar à responsabilidade todas as autoridades que anunciam com pompas e circunstâncias ao povo Baiano a oferta de voos diretos para as nossas cidades do interior, para que cobrem e punam estes que estão a desonrar o que foi oferecido, comprado e pago de boa fé, tendo sido absurdamente oficialmente enganados.

*Marcelo Sacramento de Araújo  é empresário e advogado.

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