Turismo religioso: Festa do Senhor dos Passos de Lençóis é Patrimônio Imaterial da Bahia

Por Reginaldo Marinho

 

Desde 1852, acontece em Lençóis na Bahia a mais importante festa religiosa da Chapada Diamantina, a Festa de Nosso Senhor Bom Jesus dos Passos, o padroeiro dos garimpeiros.

A festa começa a cada 23 de janeiro com a lavagem da escadaria do santuário que abriga a imagem, esculpida em Portugal por encomenda de comerciantes portugueses, e se prolonga até o dia 02 de fevereiro, data que a imagem do padroeiro dos garimpeiros chegou a Lençóis, há 172 anos.

Os garimpeiros que foram buscar a imagem, quando retornavam à cidade, foram recebidos por autoridades e populares às margens do Rio São José – 1.500 metros do centro da cidade –, que levaram a imagem da padroeira de Lençóis Nossa Senhora da Conceição para recepcionar o Senhor Bom Jesus dos Passos, assim surgiu a primeira procissão.

A cidade contagiada pela alegria

No período entre a lavagem da escadaria e a procissão, a cidade é invadida por uma onda de alegria e entusiasmo. Cada dia do novenário é dedicado a um grupo social, que patrocina todos os eventos do dia, que começa com a alvorada festiva e termina com a missa noturna, com o protagonismo da Phylarmônica Lyra Popular de Lençóis, que arrasta multidões pelas ruas estreitas da cidade.

A lavagem da escadaria

Na lavagem da escadaria, o adro da igreja é tomado por baianas vestidas com saias brancas rendadas e colares de contas coloridas, que carregam na cabeça vasos de cerâmica com flores que serão ofertadas. Com balde, vassoura e água de cheiro, elas promovem a cerimônia de lavagem da escadaria do santuário cheias de devoção e fé e asseguram que os caminhos do novo ano sejam abençoados pelo Senhor Bom Jesus dos Passos.

Quando a onça comeu a noite

Os “noiteiros” são responsáveis pela arrecadação de recursos para garantir o brilho dos eventos do dia correspondente ao grupo social escalado, como a decoração da igreja para a missa, os fogos e outras despesas, mas se não houver fundos suficientes para pagar os músicos da filarmônica, ela não sai, e registra-se que “a onça comeu a noite”.

Alvorada dos garimpeiros

O dia mais animado é o último, dedicado aos garimpeiros. O garimpo está proibido há mais de 30 anos, mas o espírito garimpeiro domina a cultura local. A alegria emanada da alvorada dos garimpeiros é contagiante e termina com uma parada diante da Sociedade Unida dos Garimpeiros com discursos e o café com a tradicional farofa de garimpeiro.

Os orgulhosos lençoenses não se contentam com menos: após a obtenção do Registro de Patrimônio Imaterial da Bahia conquistado pela Festa de Bom Jesus Senhor dos Passos, os organizadores do evento já submeteram o pedido de Registro de Patrimônio Imaterial do Brasil, ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan.

Eles já conhecem os passos dessa estrada, pois no último 17 de dezembro, Lençóis comemorou os 50 anos do tombamento como Patrimônio Histórico Nacional, pelo Iphan. A procissão fecha com chave de ouro o evento mais marcante da Chapada Diamantina. Fonte: Diário do Turismo.

*Reginaldo Marinho é jornalista e inventor premiado com medalhas de ouro em salões internacionais de tecnologia, em Genebra e Londres www.construcell.com

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