Por Hieros Vasconcelos Rêgo –
Quem esteve no Carnaval de Salvador, seja nos circuitos Dodô, Osmar e Batatinha, com certeza notou a enorme presença de turistas, tanto brasileiros como estrangeiros. A percepção foi ao encontro da estimativa da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult), de que pelo menos 1 milhão de visitantes vieram para curtir, ou conhecer, a maior festa popular do Brasil que, na capital baiana, se tornou a maior festa popular do planeta, conforme o Guinness World Records.
Nos estrangeiros era notável as diversas expressões faciais: alguns embasbacados, outros assustados com a quantidade de gente e mas a maioria bastante alegre e extasiada: eles estavam por todos os lados.
“Eu sabia que era muito cheia, mas não tinha a dimensão do disso aqui. É contagiante, mas é muito assustador”, contou a argentina Mirta Benítez, 44, natural de Buenos Aires. “Tenho muitos amigos brasileiros em Buenos Aires e todos me3 chamavam para vir para o Carnaval do Brasil. Escolhi Salvador por causa da cultura afro, que sou fascinada. E não imaginava ver tanta gente em uma espécie de transe coletivo”, brincou a ‘hermana’, que é professora de Línguas em seu país, e curtia a passagem do Ilê Aiyê no circuito Dodô (Barra/Ondina).
Nas redes sociais, a grande presença dos estrangeiros virou motivo de diversos memes e brincadeiras. Não por causa da naturalidade deles, mas pelo fato de não saberem como lidar com quase três milhões de pessoas nas ruas. Uma dessas b4rincaideiras associava a desenvoltura nos circuitos dos trios elétricos a bonecos de posto. Claro: tudo de forma respeitosa e sabendo que o turista que se interessa pelo Carnaval de Salvador, tratando o povo com educação e cordialidade, é sempre bem vindo, pois sabe da força e da energia contagiante que a festa tem.
O italiano e designer de moda Giovanni Vicenzzo, 36 anos, já esteve no Brasil quatro vezes, três delas em Salvador e umas no Rio de Janeiro. Mas este ano foi a primeira vez no carnaval e escolheu Salvador como destino por conta do que ele chama de “diversidade de tons,de cores e de formas’. Vicenzzo esteve no Encontro dos Trios que abriu oficialmente o Carnaval na quinta-feira (8) e envolvido pelos amigos, foi acompanhar o Navio Pirata de Baiana System. Ao ser questionado, no domingo, se em algum momento ele se sentiu como o boneco de posto que os humoristas das redes sociais citaram, foi bastante assertivo: “Sem sombra de dúvidas. Mas meus amigos me deram uma dica muito útil: falaram que é para gente se soltar no trio de Baiana igualzinho a um boneco de posto, se deixando levar pelo ritmo das pessoas, pois se a energia é boa e de paz, dá tudo certo. E foi exatamente isso. Foi maravilhoso, a melhor experiência que tive na minha vida. Quando , achei que não ia sobreviver, mas tudo ocorre perfeitamente em sintonia, como uma coreografia, como um balé, como uma onda no mar acompanhando no tempo e na distância certa a outra que está na frente”, disse.
Fonte: Tribuna da Bahia – Foto, crédito Romildo de Jesus.