Por Arlon Souza –
O Vila Ocupa a Cidade estabelece conexões transatlânticas, ao acolher a companhia teatral portuguesa ArDemente para duas apresentações do espetáculo “O Navio Night”, nos dias 14 e 15 de março, às 19h, no Espaço Cultural da Barroquinha. Da obra homônima da escritora, dramaturga e cineasta francesa Marguerite Duras (1914 – 1996) e encenação de Roberto Terra, a montagem reúne cinco intérpretes que embarcam numa história sobre linguagem, imagens, escuridão e desejo. Sobre a construção da identidade, a identidade do corpo, a identidade da voz, da alteridade. O grupo é sediado na cidade de Viseu, Portugal. Os ingressos podem ser adquiridos através do Sympla (LINK: https://t.ly/KD_oN ) ou na bilheteria do espaço, com valores de R$30 (inteira) e R$15 (meia).
No centro do espetáculo, está uma exploração da alteridade, ou a ideia de que a existência do indivíduo só é permitida mediante o contato com o outro. Nesta procura, os intérpretes compartilham entre si as duas personagens (F. e J.M.) desse enredo, que assumem o eixo principal da dramaturgia de “O Navio Night”, trazendo as suas vivências pessoais para a construção dessas personagens. Vídeo: https://shorturl.at/bdKOS
“Interessa-nos que o público conheça a história que a personagem J.M. conta, explorando questões sobre a construção da nossa própria identidade. Isto é, a história de duas pessoas que se conhecem no anonimato, o que lhes dá a liberdade de criarem as suas próprias narrativas sobre eles próprios. A presença do ator Gonçalo Egito (drag queen Isis Jet) nos dá algumas pistas sobre isso. (…) São identidades, são corpos, alguns corpos queer ou corpos negros, que no século XXI, já não têm que estar presos a papéis específicos”, afirma o encenedor Roberto Terra.
Ambientando o contexto dessa história, descreve um trecho da obra: “Todas as noites, em Paris, centenas de pessoas usam anonimamente linhas telefônicas que remontam à ocupação alemã e que já não estão registradas, para poderem conversar e amar. Essas pessoas estão a morrer de vontade de amar e fugir do abismo da solidão”.
A companhia sediada em Viseu tem na gênese da sua produção teatral a preocupação com a procura de uma estética e linguagem próprias, tentando criar recorrentemente uma ponte entre artistas locais e de outros territórios.
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O Teatro Vila Velha conta com apoio financeiro do Governo do Estado, através do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda e Secretaria de Cultura da Bahia.
SERVIÇO:
Espetáculo “O Navio Night” – Cia. Ardemente
Dias: 14 e 15/03
Horário: às 19h
Local: Espaço Cultural da Barroquinha
Duração: 75 min.
Classificação: 12 anos
Os ingressos podem ser adquiridos através do Sympla (LINK: https://t.ly/KD_oN ) ou na bilheteria do espaço, com valores de R$30 (inteira) e R$15 (meia).
FICHA ARTÍSTICA E TÉCNICA
Criação: Roberto Terra
Apoio à criação: Gabriel Gomes
Interpretação e co-criação: Débora Aguiar, Emanuel Santoz, Gonçalo Egito (aka Isis Jet), Rafaela Jacinto, Ricardo Augusto
Cenografia: Vítor H. Freitas
Figurinos: ArDemente
Desenho de luz: João Rodrigues
Produção: Héloïse Rego
Apoio à produção: Carolina Correia
Vídeo: Tomás Pereira, Pedro Vieira
Fotografia e design: Pedro Vieira
Financiamento: Eixo Cultura – Município de Viseu; Direção-Geral das Artes
SOBRE MARGUERITE DURAS E O ROMANCE O NAVIO NIGHT
Marguerite Duras foi uma escritora, cineasta e dramaturga, que nasceu em 1914 e morreu em 1996, na França. Foi uma das mais relevantes escritoras francesas da segunda metade do século XX. A sua obra, habitada por personagens em busca de amor até aos limites da loucura ou do crime, foi visceralmente marcada pela juventude passada na Indochina. Entre os seus muitos livros, como A Dor, Uma Barragem contra o Pacífico, Moderato Cantabile, para mencionar apenas alguns, o seu romance autobiográfico O Amante foi adaptado ao cinema. Marguerite Duras também assinou o argumento do filme Hiroshima, Meu Amor, levado à tela por Alain Resnais.
Sobre o livro, pode se dizer que é um livro que vive mais no mundo do inconsciente e da memória, uma vez que os acontecimentos são contados como se nós tivéssemos a tentar lembrar de algo que aconteceu há muitos anos e que os pormenores nos escapam. É assim que a autora conta esta história de amor, lembrando-se de alguns acontecimentos e a seguir repetindo esses acontecimentos com mais pormenores. Também não existe uma personagem principal. Deduzimos que é a autora a contar a história – a história de amor entre F e JM. Não se percebe porque é que essa história de amor acontece e dura tanto tempo, nem as motivações de JM e F dentro da relação. Também não se percebe a divisão dos parágrafos/capítulos, já que estão misturados. Por fim é um livro que parece mais uma entrevista contada em discurso indireto.
SOBRE O TEATRO VILA VELHA
Prestes a completar 60 anos, em 31 de julho de 2024, o Teatro Vila Velha é um dos mais importantes e inovadores espaços de difusão artística do Brasil. Foi fundado em 1964 pela Sociedade Teatro dos Novos, e está localizado em Salvador-BA. Tem como missão fomentar a criação artística coletiva e comprometida com a reflexão e o respeito à diversidade. O Vila mantém intensa programação presencial e virtual, tem seu próprio programa de formação artística, a universidade LIVRE, já revelou grandes nomes da arte nacional e recebe espetáculos e artistas do mundo inteiro. Atualmente, o Vila começa a passar por uma reforma financiada pela Prefeitura de Salvador. Por essa razão, deu início ao programa ‘O Vila Ocupa a Cidade’, uma série de ações, criações e colaborações que mantém o Teatro Vila Velha atuante e presente, ao longo de 2024, em diversos outros teatros e espaços culturais. A marca de um espaço sempre em experimentação, formação artística e constante diálogo com a sociedade.Foto: divulgação.