Rute Baião, diretora da Bestravel Odivelas, fez a sua estreia em terras brasileiras ao integrar a famtrip do Viajar Tours à Bahia. O Turisver quis saber a opinião desta agente de viagens sobre o destino e a oferta hoteleira mas quisemos também saber como está o interesse e a procura do mercado português pelo Brasil.
A Rute nunca tinha vindo a Salvador, o destino correspondeu ao que estava à espera?
Nunca tinha vindo a Salvador nem ao Brasil, foi uma estreia. Pelas informações que recolhi tinha esta ideia sobre o que ia vivenciar, embora sou franca espera-se um bocadinho menos de chuva e um bocadinho mais de sol, mas no essencial era isto. Era ser recebida desta forma, com alegria, com animação. Muito verde, muito pé no chão… era exatamente o que me diziam.
O grupo foi direto para a Praia do Forte, para o Vila Galé Marés, e só depois fomos um dia de visita a Salvador. O que é que achou daquilo que vimos em Salvador, sobre a zona do Pelourinho, e a marginal, que foi só o que deu para ver?
Achei que existe realmente uma forma muito diversa de viver, porque o contraste entre a favela e os prédios de luxo, as ruas de luxo, é muito grande mas depois, quando chegámos á zona do Pelourinho, parece que estamos num mundo à parte, numa época que já não existe.
Parece que ali o tempo parou e estamos… não sei bem explicar mas é uma sensação de não se saber em que tempo estamos, mas é algo totalmente diferente dada a preservação do casario e das igrejas ali existentes. Fora daquela zona, temos a modernidade dos dias de hoje, mas também temos a pobreza. Tudo isso faz com que o Pelourinho seja qualquer coisa de extraordinário. Fora de contexto, quer em termos culturais, quer pela arquitetura, pelas igrejas, mas também pelas pessoas, pela musicalidade. Apesar de ter passado pela questão da destruição, parece que está intocável e não está, só depois de se perceber a história é que se sabe que não está.
“Tanto no Caribe – e eu sou uma apaixonada pelo Caribe -, como aqui no Brasil, é preciso sair, dentro dos limites da segurança, claro, mas é preciso conhecer, é preciso conviver, porque só assim é que se conhece um país, é assim que se contacta com a cultura”
Muitos portugueses que vêm para a Bahia vão uma semana para um resort, como se estivessem a ir para um sítio qualquer no Caribe, e prescindem de ir a Salvador. Fazem mal, na sua opinião, não aproveitar Salvador?
Na minha perspectiva e pela minha experiência, qualquer pessoa que viaja para qualquer parte do mundo e que não vive a experiência do local, faz mal.
Tanto no Caribe – e eu sou uma apaixonada pelo Caribe -, como aqui no Brasil, é preciso sair, dentro dos limites da segurança, claro, mas é preciso conhecer, é preciso conviver, porque só assim é que se conhece um país, é assim que se contacta com a cultura. Ficar no hotel é quase sempre ótimo, nós comemos, bebemos, divertimo-nos, mas não é a cultura. Portanto, é preciso sair para conhecer.
Nós ficamos alojados em duas unidades distintas, curiosamente uma portuguesa e uma espanhola em terra brasileira. O que é que achou das unidades e do Tudo Incluído?
Eu achei que são duas unidades muito bem conseguidas. O Vila Galé Marés tem uma estrutura muito boa, eu diria que se assemelha mais com um eco resort, é mais calmo, é mais sossegado, é muito verde, mais ‘selvagem’, se é que posso usar este termo.
Já o Iberostar é mais uma unidade de “massas”, tem mais gente, está mais preparado para a festa, para a animação, no entanto, quem quer festa tem festa, quem quer animação tem animação, mas quem quer privacidade e um pouco de requinte, também consegue ter. Portanto, depende daquilo que cada um de nós vem procurar, e tanto numa como noutra unidade hoteleira consegue-se encontrar.
No caso do Iberostar, por exemplo, não resulta confuso um agente de viagens ter que explicar ao cliente que se trata de dois hotéis com categorias diferentes e com especificações internas, como é o caso do Star Prestige?
Acho que é uma questão mais confusa para fazer contas, para perceber o que é que pode ser mais serviço, mais qualidade ao menor preço, que é o que nós queremos sempre. Mas os clubes, acho que fazem a diferença. Para quem quer estar ainda numa zona mais restrita, com acesso a outro tipo de alimentação, a outro tipo de serviço, o upgrade do Star Prestige faz todo o sentido.
Se é confuso? Penso que nem tanto porque cada um dos hotéis tem o seu Star Prestige: quem está no Iberostar Bahia tem o seu Star Prestige, quem está no Iberostar Selection tem também o seu Star Prestige, mas são clubes distintos, um para cada hotel, e quando se conhece o tipo de serviço que cada um dá, pode fazer a diferença.
Começa a haver muita procura pelo Brasil no meercado português
Há uns bons anos, houve um boom português para o Brasil que desapareceu e deu a sensação de haver um desinteresse do mercado e dos clientes pelo destino do Brasil. Esse interesse parece estar a voltar, não?
Sim, começa a haver muita procura pelo destino do Brasil em especial pelo Nordeste. Claro que também tivemos aquele interregno do Covid-19, que não podemos deixar de falar dele, mas hoje já existe uma grande procura. Os portugueses, pela língua, pela história, pelas novelas, têm um fascínio muito grande pelo Brasil. A procura, de facto, existe, e há quem continue a querer vir conhecer o Brasil.
O grande obstáculo a que mais portugueses viajem para o Brasil, é o preço?
Eu diria que sim, porque o Brasil é substancialmente mais caro do que outras opções que agradam aos clientes, e o português está muito habituado ao Tudo Incluído porque está muito habituado ao Caribe onde é tudo em All Inclusive e o facto de no Brasil não ser tanto assim pode por vezes ser um obstáculo.
No Brasil isso não acontece tanto, embora haja hotéis, como aqueles onde ficámos, que estão afastados das vilas, onde é difícil não ter Tudo Incluído porque depois não há onde fazer todas as refeições. Mas se a escolha for um hotel mais perto da cidade, neste caso para fazer uma, duas noites em Salvador e depois ir para o resort, já é diferente.
Fala-se a torto e a direito, que está a ser um ano excecional em vendas. Está a ser um ano bom ou um ano excecional?
Está a ser um bom ano e esperemos que continue a ser um bom ano, sim.
E a procura? É generalizada, desde os 700 euros para cima, ou é um preço mais baixo e o mais caro não se vende?
Vende-se de tudo. Nós, na nossa agência, temos muita procura desde Saidia, por exemplo, mas ainda há uma semana tivemos alguém que voltou das Seychelles. Portanto, sim, vende-se de tudo. Fonte: turisver.pt