TOUR CULTURAL – Por Duda Tawil, da França#
Todos os caminhos levam a Nazaré-BA!
Tradição, cultura e entretenimento: a bicentenária Feira de Caxixis acontece desde esta quinta-feira, 17, e segue até domingo, 20 de abril, no município de Nazaré-BA. Celebrada por sua forte influência afro-indígena, a cerâmica de Maragogipinho é o seu principal atrativo, que acontece no período da Semana Santa e é uma das mais antigas feiras de cerâmica do Brasil e a maior feira de artesanato de rua da América Latina.
Neste ano, o evento reunirá mais de 200 expositores oleiros ou ligados ao artesanato de Maragogipinho, dezenas de artesãos locais e expositores da Economia Solidária do Recôncavo, Feira Afro Bahia, fortalecimento da Agricultura Familiar de Nazaré, além de muitas atrações musicais com nomes nacionais e regionais, entre eles Jorge Vercillo, Xandy Harmonia, Filhos de Jorge, Timbalada, Silvano Salles, Robyssão, Diego Morais, Miriam Nascimento, Rapha Rayner, Jau, Viola de 12, Lauro Niella, Toque Dez, Solange Almeida, Tayrone, e muitos mais.
Nazaré se destaca como um centro comercial do Recôncavo Baiano desde o final do século XIX, servindo como base para a exposição e venda das cerâmicas produzidas na região, além de produtos originários da cidade, como a famosa farinha de copioba, responsável pelo apelido da cidade: Nazaré “das Farinhas”!
Originalmente, a grande feira recebia os artesãos com seus caxixis, que é o nome dado às miniaturas de louças, medindo entre 2cm e 8 cm. Com o tempo, o artesanato foi se sofisticando e ganhando outros contornos, mas o nome da feira foi mantido, consolidando a Feira de Caxixis como a mais antiga feira de cerâmica do País.
Mais informações: @prefnazare e @feiradecaxixisoficial
Memórias da dança negra baiana em Paris
Dentro do 27° Festival do Cinema Brasileiro, que acontece a partir do próximo dia 29 na Cidade Luz, a presença da cultura baiana será vista através do filme “Ijô Dudu: Memória da Dança Negra na Bahia”, do coreógrafo Zebrinha (José Carlos Arandiba). Ele será apresentado de forma bilíngue pela cachoeirana Dimi Ferreira, há mais de 30 anos estabelecida na França, reputada coreógrafa, professora dos conservatórios de artes parisienses e dançarina, ela mesma uma das principais pioneiras da dança afro-contemporânea em Salvador, com mestrado na Universidade Federal da Bahia.
A película será projetada na telona do Cine L´Arlequin na segunda-feira 5 de maio vindouro, véspera do encerramento do festival, às 21h40, numa parceria com a Lavagem da Madeleine, que este ano acontece em 14 de setembro. E toda a programação deste ano está no contexto da Saison/Temporada Brésil-França de 2025.
Mais informações atualizadas sobre toda a programação: www.jangada.org
Dimi vai representar a Bahia no Festival do Filme Brasileiro de Paris (crédito: Duda Tawil – PTT)
Cine-debate: 50 anos da Guerra no Líbano, em Pantin
Dia 13 de abril de 1975. Esta data, que se convencionou ser o ponto de partida para a Guerra do Líbano, foi um dia inteiro de projeções de filmes, debate e um show nos Les Relais Solidaires, em Pantin, cidade da periferia parisiense, no sábado passado.
Entre as muitas indagações a respeito das memórias dessa guerra, uma é se ela de fato terminou em 1990/91, ou se continua até hoje!? O objetivo era um dia de reflexão sobre a apresentação da guerra e seus desdobramentos.
Para debater essa questão e outros aspectos do conflito que já toca duas ou três gerações do chamado País do Cedro, aconteceu no final das quatro projeções uma mesa-redonda “A Memória da Guerra no Cinema”, que teve como moderadora Lola Maupas, jornalista franco-libanesa do jornal L´Orient-Le Jour, doutoranda na França em cinema libanês, e contou com as participações do grande cientista político e professor da Universidade Americana de Paris, Ziad Majed; da realizadora do filme “Le Gang de la Liberté” Leyla Assaf-Tengroth, cuja mãe era brasileira; e do jovem cineasta Anthony Tawil, que logo antes apresentou o seu filme “Maabar”, feito em parceria com Cédric Kayem. Os outros dois filmes apresentados foram “O Líbano na Tormenta”, de Jocelyne Saab, e “Pequenas Guerras”, de Maroun Bagdadi.
No encerramento do encontro, um show com a musicista libanesa Aya El Dika, no alaúde, e a cantora síria Samara Jaad, que interpretaram canções tradicionais árabes, e o DJ Ali Chamas que na sua setlist propôs uma fusão entre a tradição e o contemporâneo. O multitalentoso e eclético artista visual Kabrit (www.kabrit.org) fez o cartaz do encontro, que ainda teve as delícias da divina gastronomia libanesa, tudo em prol do próximo 5° Festival do Filme Libanês da França, marcado para 9 a 16 de outubro de 2025.
Mais informações: www.fflfofficial.fr e @fflfofficial
Lola, Ziad, Leyla e Tony: mesa-redonda sobre a guerra, vista através do cinema (crédito: Duda Tawil – PTT)
“Artistas do Mundo” na Galeria PIAG, em Paris
No prestigioso Boulevard Saint-Germain, na Cidade Luz, está situada a Galeria PIAG (Passion Infinity Art Gallery), no 5° distrito, e cujo diretor é Towhidi Tabari. No último sábado foi dia de vernissagem, intitulada simplesmente de Artistes du Monde, vindos dos cinco continentes. O ecletismo não está somente nas expressões artísticas delas e deles, mas também nas técnicas utilizadas em pintura, escultura e fotografia, oscilando entre abstratas e figurativas.
Franco-iraniano, nascido em Babol, no Irã, Tabari é também artista visual, e desde 1980 colecionador de arte persa e islâmica, membro da Associação Internacional das Artes Plásticas, da UNESCO, do Centro de Artes Plásticas do Ministério da Cultura do Irã, entre outras instituições de prestígio. Mora e trabalha em Paris desde 2001, e esta é a segunda coletiva de “Artistas do Mundo”.
São elas e eles: Fatima Guemiah, do Marrocos; do Líbano, Céline Hayek e Jean Merhi; Cathérine Jarrett, Maï Miramont, Bruno Retaux e Claude Mollard, da França; Marit Fosse, da Noruega; Oroubah Dieb e Hammoud Chantout, da Síria; Manochehr Ferdosi, do Irã; Hans, da Dinamarca; Reem Al Natsheh, da Palestina; Amal Al Zahrani, da Arábia Saudita; Kazarian, da Armênia; Ramses Marzouk, do Egito; Fikratt Achraf, da Turquia; e Malak Jamil Baban, do Iraque.
Amigo do grande Frans Krajcberg, com quem inclusive esteve na casa do saudoso artista em Nova Viçosa, no sul da Bahia, o francês Claude Mollard apresenta uma fotografia de 20 anos atrás, tirada em 2005 na residência de Frans, defensor ferrenho da natureza: “Penélope Reincarnada” é o título da obra, aliás, obra-prima da natureza, que remete ao busto de uma mulher. Trata-se de um raio de sol que incide no tronco de uma árvore, no caso, um pico de vinagreiro. Lindíssima, à primeira vista, um quadro!
Pela Editora L´Harmattan, ele lançou em coautoria com Krajcberg o livro Le Cri de la Terre (O Grito da Terra – de manifesto em manifesto), com prefácio de Sylvie Depondt, no Espaço Frans Krajcberg, Centro de Arte Contemporânea, Arte e Natureza, que fica no 15° distrito de Paris. A foto exposta na PIAG consta no livro.
A mostra continua até o fim deste mês, e mais informações: www.piag.fr

Manu Le Prince (en)canta na Cidade Luz
Neste 2025 do badalado França-Brésil, ninguém melhor que a grande cantora da cena jazz latina parisiense Manu Le Prince, que vai novamente nos fazer viajar pelos universos musicais de Milton Nascimento, Tom Jobim, Johnny Alf, Wayne Shorter e até mesmo da pioneira, célebre e saudosa dupla brasileira Les Étoiles, leia-se Luiz Antônio e Rolando, que marcou época na Cidade Luz.
Ao seu lado, músicos do sul da França, fissurados pela música brasileira, assim como a diva: Franck Montbaylet, de Alès, no piano, e os niçois Hugo Barré, no baixo, e Fred Sicart, na bateria, que antes participaram, em 2013, do seu álbum e aplaudido projeto “Bossa Jazz Forever”, uma homenagem a Johnny Alf.
Desta feita, o show intitulado Brasil Riviera Connection acontece na próxima quinta, dia 24, no barco Le Marcounet, em pleno Sena, no n° 15 do Quai de l’Hôtel de Ville, na altura da estação de metrô Pont Marie. Vamos embarcar?
Mais informações: www.peniche-marcounet.fr
Claudia Cunha é pássaro cantante do Brasil!
No dia 26 vindouro, o Teatro SESC Casa do Comércio, em Salvador da Bahia, abre suas cortinas para uma noite de pura poesia sonora. No seu novo show, Pássaro do Brasil, a cantora Claudia Cunha, a mais baiana das paraenses, nos convida a escutar com o coração a sua voz — ora brisa, ora vendaval —, onde costura memórias, sonhos e paisagens do Brasil profundo.
Inspirada pela canção de Joyce Moreno, a artista transforma o palco em céu aberto, onde sua interpretação livre e vibrante alça voo sobre repertórios inéditos e releituras sensíveis, tão próprias ao seu estilo.
Um espetáculo que não apenas se ouve, mas se sente, como quem presencia o voo raro de um pássaro encantado. É para quem acredita que a música é também uma forma de liberdade. Imperdível!

Editor: Nelson Rocha, de Portugal