Viagens europeias mantêm bom ritmo, apesar da crescente incerteza global

Dados publicados esta quarta-feira pela ETC (European Travel Commission) mostram que o turismo europeu manteve “um forte impulso no início de 2025”, demonstrando resiliência. No entanto, há preocupações no horizonte, nomeadamente no que se refere às viagens transatlânticas, devido às novas tarifas impostas pelos EUA.

 

 

O mais recente relatório “Turismo Europeu: Tendências e Perspectivas” da Comissão Europeia de Viagens (European Travel Commission -ETC), cujas conclusões foram reveladas esta quarta-feira, 7 de maio, mostra que as chegadas de turistas internacionais à Europa aumentaram 4,9% no primeiro trimestre de 2025 em comparação com o mesmo período do ano passado, com o número de noites a aumentar 2,2%.

Após um robusto ano de 2024 — quando as chegadas ultrapassaram os níveis pré-pandémicos em 6,2% e as noites em 6,4% — o setor continuou a capitalizar as mudanças no comportamento dos viajantes, com a procura por destinos com boa relação qualidade/preço e viagens fora de época a continuar forte, o que traduz a contínua sensibilidade dos viajantes aos preços.

No primeiro trimestre deste ano, a procura continuou forte, mas o relatório da ETC adverte que a perspetiva económica é agora mais incerta, sendo expectável que o aumento dos preços, as tensões geopolíticas persistentes e a introdução de novas tarifas nos EUA influenciem o sentimento dos viajantes e os hábitos de consumo à medida que o ano avança.

Considerando os gastos com viagens, a estimativa mais recente para 2025 sugere que os viajantes deverão gastar cerca de 14% mais em toda a Europa do que em 2024. Com o crescimento dos gastos projetado para superar o aumento das chegadas, isto poderá refletir um gasto médio mais elevado por visita.

Férias de Inverno

Os centros de turismo de inverno tiveram um ótimo desempenho no início de 2025, com aumentos anuais nas chegadas a destinos como a Eslováquia (+14,3%) e a Noruega (+13,2%). A reputação de Itália como um destino de esqui com uma boa relação qualidade/preço também pode ter ajudado a manter o ritmo nos meses de inverno, com um maior aumento das dormidas (+8%) em comparação com alguns outros destinos alpinos, incluindo a Áustria (-3,5%) e a Suíça (+4,5%).

Os destinos da Europa Central e Oriental continuaram a recuperar do desempenho mais lento dos últimos anos, caso da Polónia (+16,2%), Letónia (+27,8%) e Hungria (+18,2%). Já a Roménia (+11,7%) e a Bulgária (+1,4%) beneficiaram da adesão à Área Schengen em Janeiro.

sul da Europa continuou a ser um grande atrativo no 1ºtrimestre, com destaque para Espanha que recebeu mais de 10 milhões de estrangeiros em apenas dois meses — um aumento de quase 2 milhões em relação a 2019.

Atenção ao custo benefício

Como os custos dos serviços relacionados com o turismo continuam muito acima dos níveis pré-pandemia, os viajantes estão a dar mais ênfase ao binómio custo-benefício. Em particular, os pacotes de férias nacionais e internacionais tiveram os maiores aumentos, de 12% e 10% respetivamente, em comparação com o ano passado, o que acarreta estadias mais curtas e maior procura por destinos mais acessíveis.

Da procura pelo preço baixo saem favorecidos destinos como a Roménia, enquanto os considerados mais caros, como a Islândia (-5,7%) e o Mónaco (0,8%), estagnaram ou diminuíram em comparação com o mesmo período de 2024.

Queda do mercado americano

As tarifas comerciais dos EUA aumentaram a incerteza nas viagens transatlânticas, com a Europa a preparar-se para uma possível queda no número de visitantes americanos este ano. “Embora a Europa continue a ser um dos principais destinos de longa distância, as flutuações da taxa de câmbio Euro/Dólar dos EUA e o aumento dos custos de viagem podem enfraquecer a procura dos EUA”, assinala o relatório, frisando que “este declínio é importante porque os EUA eram responsáveis ​​por 9% das viagens globais antes da pandemia e, no ano passado, os americanos representaram mais de um terço das chegadas de longa distância da Europa”.

Ainda assim, as viagens dos EUA para a Europa tiveram um bom desempenho no 1º trimestre, com mais de 80% dos destinos reportados a registarem um crescimento anual. Fonte: turisver.pt

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