Espanha passa a cobrar pelo tempo que cliente fica na mesa dos cafés

Por Lucila Runnacles#

 

 

Beber um café sem pressa ou trabalhar com o laptop em um bar por horas a fio está virando tarefa complicada em cidades espanholas como Madri ou Barcelona.

Alguns estabelecimentos estão limitando o tempo que o cliente pode ocupar uma mesa e o preço de uma xícara de café pode até dobrar de preço, dependendo de quanto tempo a pessoa ficar sentada.

Um bar de Barcelona, que está em uma das áreas mais turísticas da cidade e perto da praia, avisa aos clientes que um cafezinho no terraço custa 1,30 euro mas se o tempo para beber for superior a 30 minutos, o preço sobe para 2,50 euros e se a pessoa quiser passar mais de uma hora no Caffè Perfetto saboreando a mesma bebida e ocupando uma mesa, terá que pagar 4 euros (equivalente a cerca de R$26).

O post que mostrou a foto dessas regras viralizou no país e recebeu até agora quase mil likes e teve mais de 100 comentários. Tem internauta que concorda com a norma que foi imposta pela cafeteria.

“O pagamento baseado no tempo é o mesmo princípio dos estacionamentos aplicados aos restaurantes”, defende um. Enquanto outra usuária acha um absurdo e pergunta se o local não tem vergonha de fazer isso.

O dono do bar se defende e explica por que tomou essa decisão. “Decidi colocar esse aviso nas mesas para conscientizar. Uma pessoa não pode ficar muito tempo sem consumir, se não os negócios não dão lucro”, disse Massimo em uma entrevista ao jornal espanhol Diario.es.

Maria Moreno Albiol, autora do polêmico post, disse à BBC News Brasil que Barcelona está sofrendo um processo de gentrificação e turistificação que tem efeitos como esses. “Somos nós, moradores e trabalhadores do bairro que sofremos as consequências disso.”

A espanhola revela que costumava frequentar essa cafeteria antigamente, quando era um bar normal. “Como agora a maioria dos estabelecimentos da região da Barceloneta viraram vitrines para atender os turistas, não voltarei mais nesse bar. Não só pelo preço do café, mas porque muitos deles não são mais acessíveis aos trabalhadores do bairro. Os preços estão exorbitantes, assim como a moradia na cidade”, lamenta.

A Espanha quebrou o seu recorde de visitantes no ano passado ao receber quase 94 milhões de turistas estrangeiros.

Em 2025, os números seguem em alta, no primeiro trimestre deste ano, o país recebeu 5,7% de viajantes a mais do que nos três primeiros meses de 2024, de acordo com o Instituto Nacional de Estadística espanhol. O país ibérico é o segundo destino mais visitado do planeta e só perde para a França.

Por conta disso, quem entende o comportamento de alguns estabelecimentos de cobrarem mais pelo tempo de uso das mesas é Jorge R. Fernández, proprietário do restaurante Sifo, em Barcelona. “Isso está acontecendo em alguns lugares que sofrem com o turismo massivo, a maior calamidade das grandes cidades hoje em dia. Não vejo isso como um fato isolado. Essa atitude faz parte de um conjunto de decisões que o mercado acabou adotando pelo grande fluxo de turistas”, revela.

Por enquanto, em Madri a situação ainda não chegou tão longe mas em bairros mais turísticos há vários lugares que limitam o tempo de uso das suas mesas aos clientes que usam laptop.

Foto: I Stock

Fonte: Tribuna da Bahia com informações  da BBC News Brasil

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