Por Janine Limas#
Produtores com faturamento até 400% maior, cidades integradas a novas rotas de turismo e comunidades com autoestima renovada. Essas são algumas das transformações proporcionadas pelos produtos com Indicação Geográfica (IG) no Brasil. Em maio o país contabilizou 134 registros, cobrindo todas as regiões com histórias inspiradoras de desenvolvimento territorial, valorização cultural e reconhecimento de saberes tradicionais.
A 8ª edição do Connection – Terroir do Brasil, realizada em Gramado (RS), é o maior evento do país voltado à valorização dos produtos de origem. Este ano, sete produtos catarinenses com IG marcaram presença nesta que é uma grande vitrine para a diversidade territorial brasileira.
Vales da Uva Goethe: identidade e história na taça
Um dos destaques da comitiva catarinense foi a participação dos produtores dos Vales da Uva Goethe, vinhos e espumantes elaborados com a rara variedade de uva Goethe, cultivada unicamente no sul de Santa Catarina. Com aroma tropical e perfil leve e refrescante, esses rótulos carregam identidade própria e vêm ganhando projeção nacional por sua originalidade e vínculo com o território. A presença no evento reforça o potencial do enoturismo da região e o papel transformador da IG na valorização dos produtos, do saber fazer e do terroir local.
Durante o evento, o gerente regional Sul do Sebrae/SC, João Alexandre Guze, destacou a importância da iniciativa:
“Estar aqui com as IGs de Santa Catarina é muito importante, porque esse evento destaca justamente o terroir. É um grande painel onde se discute a importância da Indicação Geográfica como diferencial competitivo para os produtores e como geradora de benefícios para as comunidades.”
O estado possui dez IGs registradas, sendo que o Sebrae/SC esteve diretamente envolvido em oito delas com apoio técnico na formatação e documentação junto ao INPI, e também atua ativamente com consultorias e suporte financeiro às indicações geográficas do estado.
Sebrae, um parceiro estratégico para as IGs no Brasil
O Sebrae tem sido um aliado fundamental no fortalecimento das IGs em todo o país, contribuindo para a estruturação de governanças locais, qualificação de produtores, promoção dos produtos e criação de novos mercados.
Segundo o especialista em agronegócio e doutor em Educação, Luiz Tejon, que palestrou no evento, o Brasil tem um imenso potencial a ser explorado:
“Vamos dobrar o valor do agro no Brasil por meio dos terroirs. Valorizar o território é valorizar a experiência, a história e o diferencial competitivo do nosso país.”
O selo de Indicação Geográfica
O selo de IG, concedido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), agrega valor aos produtos ao reconhecer características únicas ligadas à origem geográfica. Além de permitir maior remuneração, o processo para obtenção da certificação promove a profissionalização dos produtores e a melhoria da qualidade de vida nas comunidades envolvidas.
O Brasil conta atualmente com 134 selos de IG, divididos entre Indicações de Procedência (IP) e Denominações de Origem (DO), com destaque para segmentos como a fruticultura (19 IGs), cafés (17), vinhos e espumantes (12) e queijos (7).
Foto: Fabiano Limas