O emblemático show de uma mulher transgressora

 

# Por Marjorie Moura –

Eu acredito que avaliações sobre a passagem de Madonna no Brasil, relacionadas a materialismo, exploração midiática, valores gastos na estrutura e cachê não levam em conta uma questão essencial: o poder da arte e da música para afetar mentes e corações.

Em 40 anos, Madonna falou de coisas que a sociedade sempre teve preconceito e dificuldade para lidar: sexualidade feminina, mundo gay, gente de comportamento fora do padrão social e o papel da mulher no mundo. E neste tempo todo ela ajudou pessoas com estes “desajustes” a sair do armário, enfrentar suas famílias e o mundo.

As drag queens sempre tiveram a artista como referencial e estavam em peso entre as 1,6 milhão de pessoas que estavam na areia de Copacabana.

Ontem, ao final do show, pensei tristemente que possivelmente seria o último show e/ou turnê dela no Brasil e estava assistindo ao fim de uma era musical e revolucionária do ponto de vista comportamental, porque, apesar do legado, a presença física é essencial para nós, humanos.

Madonna lembrou os mortos pela AIDS, epidemia por vírus anterior a COVID, mas que devastou igualzinho vidas anônimas, personalidades e artistas.

E matou nossa saudade de Michael Jackson que também deveria ter tido o direito de comemorar sua trajetória musical excepcional. Ela tem 65 anos e decidiu fechar esses anos incríveis com uma apoteose na cidade mais bonita e emblemática do mundo (na minha opinião).

E a presença da Pablo Vitar dançando com ela foi para mim uma mensagem poderosa, num país onde a média de vida de pessoas trans é 35 anos. E, emblemático, uma mulher transgressora vestiu num palco, num show assistido por milhões, uma camisa da seleção brasileira, tomando das mãos dos bolsonazi, um símbolo que sempre uniu os brasileiros. Que bom que Madonna veio ao Brasil, sacudiu a poeira e faz parte de minha vida. ❤️

Marjorie Moura é Jornalista – Foto: divulgação – Arquivo Portal Turismo Total.

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