Etnoturismo: experiências turísticas em aldeias podem mudar realidade indígena

 

Por Seleucia Fontes –

O Dia dos Povos Indígenas, celebrado no Brasil em 19 de Abril, é um momento de comemoração, mas também de reflexão sobre a preservação do modo de vida e dos saberes ancestrais. Neste contexto, o desenvolvimento do turismo tem ganhado maior visibilidade em todo o País, como forma de garantir a sustentabilidade, a cultura e a cidadania.

Indígenas Karajá da Ilha do Bananal durante ritual do Hetohoky, tradição que atrai turistas.  Foto: Mazim Aguia

No Tocantins, o IBGE estima uma população com cerca de 15 mil indígenas, distribuídos entre as etnias Karajá, Xambioá, Javaé (que formam o povo Iny), Xerente, Apinajè, Krahô, Krahô-Kanela, Avá-Canoeiro (Cara Preta) e Pankararu.

“O mundo inteiro conhece a Amazônia, onde está localizada a maior população indígena do Brasil, somos um dos estados da região amazônica, nossa responsabilidade é fazer tudo para valorizar essas expressões culturais e o etnoturismo é um importante ativo”, explica o secretário de Turismo Hercy Filho, ao lembrar a experiência do Rally Sertões em 2022, quando foram montados três acampamentos na Ilha do Bananal.

Experiências

Operador de turismo na região da Ilha do Bananal, o empresário Leonardo Azevedo conta que seu roteiro de visitação inclui um pernoite na floresta, trilhas, observação de pássaros e visitação a aldeias Javaé e Karajá. “O etno se encaixa como complemento, tendo em vista que estamos na maior Ilha fluvial do mundo, que abrange a Terra Indígena Parque do Araguaia, sendo uma necessidade a visita às aldeias para conhecer as características dos povos locais”, revela.

Ainda de acordo com Leonardo Azevedo, este trabalho também inclui uma mudança de percepção do turista em relação aos povos originários. “Assim como nós, eles também querem seus direitos e conforto, cabe a nós levarmos este entendimento, para que os turistas interpretem de forma positiva essa evolução indígena”, completa, ao lembrar que os estereótipos sobre as comunidades ainda é uma realidade.

Jovens da etnia Kraô, que já vivenciou a experiência do etnoturismo. Foto: Flávio Cavalera.

Já o consultor e CEO da empresa Tekoá Brasil, Marcos Luz, acredita que o etnoturismo deve assumir seu protagonismo com projetos desenvolvidos junto aos povos originários. “Há uma demanda por experiências envolvendo o conhecimento da cultura, história e tradições destas comunidades, mas para dar certo, elas precisam ser precisam ser protagonistas, participar das decisões e ter um apoio profissional adequado”, explica, citando projeto realizado com sucesso na aldeia Krahô Manoel Alves, em 2019.

Ainda segundo Marcos Luz, o contato com agências durante a WTM Latin America, em São Paulo, nesta semana, confirma que o interesse pelo etno é crescente.

Fonte: JP Turismo

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