Turismo cultural: Portugal comemora 50 anos de Liberdade

Em Portugal, celebra-se a liberdade todos os anos no dia 25 de abril, mas também todos os dias em que se pode exprimir a opinião, dizer o que vai na alma, ser o que se quiser, escolher o destino. Mas este ano é especial: faz 50 anos que os portugueses conquistaram a liberdade!

25 de abril de 1974. Neste dia histórico aconteceu a Revolução dos Cravos que acabou uma ditadura de 48 anos em Portugal. Para saber mais sobre o que aconteceu, evocam-se os símbolos, reconhecidos no mundo inteiro, dão-se a conhecer os lugares onde aconteceram os momentos mais importantes e há um programa alargado de eventos por todo o país.

.OS LUGARES

Largo do Carmo

LISBOA

Apesar de terem existido ações em todo o território nacional, foi Lisboa, onde estava o governo, que se tornou o principal cenário de operações da Revolução. Durante a visita ao centro histórico, faça um itinerário pelos lugares onde se passaram os acontecimentos mais importantes do dia 25 de Abril: o Terreiro do Paço, o Largo do Carmo e o Chiado.

Quem quiser, pode repetir o percurso do dia da Revolução passando por 14 locais, como a Ribeira das Naus, o Terreiro do Paço e a Rua do Arsenal, entre outros, que estarão assinalados no chão por pequenas placas, com um QR Code para obter mais informação.

Não deixe de visitar o Museu do Aljube. Instalado numa antiga cadeia política, é dedicado à memória do combate à ditadura e à resistência, em prol da liberdade e da democracia.

Seguir a linha de costa entre Lisboa e Cascais é um passeio cénico obrigatório. Ao passar pelas várias localidades – Algés, Caxias, Paço de Arcos, Oeiras, Carcavelos, Parede, São Pedro do Estoril, São João do Estoril, Estoril, Cascais – irá ver vários fortes que fizeram a defesa do Estuário do Rio Tejo ao longo dos séculos. Em Caxias, é de assinalar a referência a um dos Fortes, o que fica mais afastado da costa, que durante a ditadura serviu de cadeia da Polícia Internacional de Defesa do Estado, a PIDE.

                                        Forte de Peniche ©Shutterstock / JPF

Peniche
Peniche é conhecida por ser palco das grandes competições de surf, pelas suas ondas perfeitas na Praia dos Supertubos. Vale a pena conhecer o património natural e cultural desta região, em que merece referência a Fortaleza de Peniche.

O Forte, construído no séc. XVI, foi uma importante praça militar da costa portuguesa durante séculos e voltou a ter um papel importante durante a ditadura, quando foi transformada em cadeia destinada a opositores políticos do regime. Atualmente é o Museu Nacional Resistência e Liberdade, para manter a memória desse período histórico.

                                        Jardim Portas do Sol, Santarém

Santarém
Miradouro sobre a região fértil do vale do rio Tejo, em Santarém há um património histórico que vale a pena visitar. Como um livro de pedra, na cidade pode ficar a conhecer a história de arte portuguesa através dos monumentos, com particular destaque para os exemplos de arquitetura gótica.

A cidade também irá celebrar de forma especial o aniversário da Revolução dos Cravos, uma vez que foi de Santarém, da Escola Prática de Cavalaria, que partiu a coluna militar comandada pelo Capitão Salgueiro Maia, em direção a Lisboa, iniciando o golpe militar.

                       Forte de Santa Luzia, Elvas ©Christophe Cappelli / Shutterstock

Grândola
A sucessão de praias do litoral alentejano, entre Troia e Melides, pertence ao concelho de Grândola. Além de ter algumas das praias mais apreciadas da costa portuguesa, a localidade ficou para a história por ser o nome da canção de Zeca Afonso,  “Grândola, Vila Morena”.

A música foi escolhida pelo Movimento das Forças Armadas como o segundo sinal transmitido pela rádio, dando a indicação aos militares que se podiam pôr em marcha em direção a Lisboa. Iniciava-se assim a Revolução dos Cravos. A canção tornou-se um hino do acontecimento histórico e relembra os valores conquistados: a liberdade, a igualdade e a solidariedade.

Alcáçovas
No concelho de Viana do Alentejo, Alcáçovas é referência na lista de Património Imaterial classificado pela UNESCO, por ser o centro de fabrico tradicional de chocalhos, um saber transmitido de geração em geração, que obedece a um processo manual muito próprio. No Museu do Chocalho, conta-se essa história através de uma coleção particular com mais de 3.000 peças recolhidas ao longo de 60 anos.

Perto da localidade, foi no Monte Sobral que se realizou a primeira reunião entre os Capitães de Abril e onde se começou a delinear a Revolução dos Cravos.

Elvas
Sendo uma cidade perto da fronteira, a importância militar de Elvas é natural e por isso o elaborado complexo de fortificações militares justificou a sua classificação de Património Mundial pela UNESCO. No seu itinerário pela cidade, visite o Museu Militar de Elvas, onde se conservam os chaimites e veículos blindados que participaram na Revolução, e participe nas comemorações dedicadas ao 25 de abril.

               Murais de Liberdade, São João da Madeira © Ruído

Roteiro Artístico “Murais de Liberdade”
A partir de 1974, paredes e muros serviam de tela a mensagens destinadas a mobilizar quem passava na rua para os valores em luta. Atualmente, a arte urbana ocupou esses lugares e continua a ser uma forma de expressão de intervenção muito apreciada, que veio modificar a paisagem das cidades.

Num roteiro de norte a sul do país, em 14 localidades, os “Murais de Liberdade” vão revelar obras de arte urbana da autoria do projeto “Ruído”. Enquanto se passeia pelas cidades onde tiveram lugar os acontecimentos mais importantes da Revolução dos Cravos, poderá relembrar a história em murais onde se destacam temas e acontecimentos significativos, através dos símbolos representativos da liberdade, do humanismo e da democracia.

COMEMORAÇÕES

Por todo o país e durante 2024, há um programa alargado de atividades para assinalar a data e comemorar a Liberdade, com incidência no mês de abril. Destacam-se as exposições de fotografia e de registos documentais da época, que mostram um Portugal diferente dos dias de hoje, e os concertos, que recordam uma das expressões mais importantes e universais de intervenção, a música.

Consulte o programa das Comemorações do Cinquentenário. No dia do 25 de Abril, terá a oportunidade de participar ou assistir a iniciativas nas principais cidades, com destaque para os Desfiles da Avenida da Liberdade, em Lisboa, e da Avenida dos Aliados, no Porto.

SÍMBOLOS

                                                         ©ChayTessari / Unsplash

O Cravo vermelho
O cravo vermelho no cano de uma espingarda ou na mão é uma imagem icónica do 25 de Abril. Sendo uma flor da época, a história desse momento está ligada ao gesto de uma mulher, Celeste Caeiro. Vivia no Chiado e trabalhava num restaurante que no dia 25 de abril de 1974 celebrava o primeiro aniversário e tinha cravos vermelhos para oferecer aos seus clientes. Quando o dono percebeu pela rádio o que estava a acontecer nas ruas da cidade, fechou o restaurante e deu os cravos a Celeste. A caminho de casa, no Rossio, Celeste, ao ver os chaimites passar em direção ao Largo do Carmo perguntou a um soldado o que se passava e ofereceu-lhe um cravo que o colocou na espingarda. Assim foi dando os cravos a outros soldados que os iam colocando nas espingardas e outras floristas da Baixa fizeram o mesmo.
O cravo na espingarda ajudou o povo a identificar as tropas da revolução e ficou para a posteridade nas muitas imagens que se captaram desse dia.

O lápis azul

Durante a ditadura, nada se publicava em Portugal sem o visto prévio da Comissão de Censura do governo. Na imprensa, nos meios de comunicação social e em todo o género de manifestações culturais os censores vigiavam, riscavam os textos a lápis azul e proibiam tudo o que pudesse apresentar alguma ideia que pusesse em dúvida o regime e a ditadura. A liberdade de expressão foi uma das maiores conquistas de Abril.

A música
Ao dia da Revolução dos Cravos ficaram diretamente associadas duas músicas, transmitidas pela rádio, que foram usadas como sinais para dar início ao golpe de Estado que poria fim à ditadura do Estado Novo.

A primeira música foi “E depois do Adeus”, de Paulo de Carvalho, transmitida pelos Emissores Associados de Lisboa às 22h55, na véspera, para que os militares iniciassem os preparativos para a operação militar desencadeada pelo Movimento das Forças Armadas.

Às 00h20, tocaria a canção Grândola Vila Morena”, de José Afonso (ou Zeca Afonso), na Rádio Renascença. Era a senha para a operação militar avançar, com forças vindas de Almada, Aveiro, Estremoz, Figueira da Foz, Mafra, Santa Margarida, Santarém, Serra da Carregueira, Tancos, Vendas Novas e Viseu. Fonte: Visit Portugal.

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